Intolerância religiosa
Intolerância religiosa

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) convidou lideranças das diversas religiões para um encontro nesta quarta-feira (31). O objetivo, diz o procurador Olympio de Sá Sotto Maior Neto, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Direitos Humanos (Caop), é armar uma “contra-ofensiva” contra os frequentes casos de intolerância religiosa que vêm ocorrendo no estado.

“Têm registros de situações concretas, seja de invasão dos terreiros, destruição de símbolos e até de homicídios”, diz Olympio.

Ele também alerta para o acirramento de ânimos visto em redes sociais. “Há uma utilização das redes que acaba estimulando outras pessoas pela intolerância. Isso também é crime. Tem que haver uma contra-ofensiva pelo direito de opção religiosa”, diz.

Os dados do Disque 100, voltado à proteção dos direitos humanos, do governo federal, apontam que, em 2016 (último ano com números fechados), foram 14 denúncias por discriminação religiosa no Paraná. No país todo, foram 759. No entanto, o sistema não registra, na maior parte dos casos (62%), a religião das vítimas.

Nos casos em que as informações foram demonstradas, 63% das denúncias vieram de praticantes da Umbanda, Candomblé ou Matrizes Africanas. Maycon Kopp, líder do grupo Tambores do Paraná, que agrega simpatizantes das religiões afro-brasileiras, conta que os praticantes estão cada vez menos aceitando os atos discriminatórios. “Eu acho que o pessoal está ficando um pouco cansado de não poder ter o direito de ter a sua religião”, diz.

Em outubro do ano passado, o grupo realizou uma passeata contra a intolerância religiosa, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores.

Maycon lembra que nos últimos anos dois terreiros foram incendiados na Região Metropolitana de Curitiba. O último caso ocorreu em 25 de dezembro, em São José dos Pinhais. Já em julho de 2011, outro terreiro pegou fogo em Fazenda Rio Grande.

“A gente sabe que nada pega fogo sozinho”, diz. Tentativas de constrangimento ou violência também são comuns. “Eu mesmo já fui apedrejado. Outra vez, enquanto estávamos tocando, colocaram uma caixa de som em frente para começarem um sermão”, lembra.

“O Estado Brasileiro é imparcial, mas acaba deixando pessoas comprarem espaço para falar mal da nossa religião”, se queixa.

Desde outubro de 2016, funciona, dentro da Delegacia de Homicídios, o Setor de Atendimento a Vulneráveis. Para lá são enviados os casos, por exemplo, de crimes que envolvam questões raciais, de gênero, sexo, etnias e religiosas. O responsável é o delegado Fábio Amaro. “Ele já nos falou para procurar mesmo o setor, que os casos serão levados a sério”, diz Kopp.

Fonte: Portal Paraná

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