O ministro reconheceu a impotência do Estado no combate ao tráfico e defendeu a abertura de um amplo debate sobre o tema. No dia anterior, FHC defendeu a descriminalização do consumo da erva.

Um dia após o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso opinar pela descriminalização do consumo da maconha, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu ontem a abertura de um amplo debate sobre o tema. “Se analisarmos a luta dos países em relação ao tráfico de drogas e o consumo de drogas ilícitas, ela é um retumbante fracasso. O consumo não diminuiu e as prisões estão abarrotadas”, afirmou o ministro. Indagado se era contra ou a favor da descriminalização, o ministro respondeu: “Sou a favor do debate”.

Na última quarta-feira, por ocasião da 3ª Reunião da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, Fernando Henrique defendeu a descriminalização do consumo da erva. A proposta faz parte do documento que será apresentado aos governos da região e à Organização das Nações Unidas.

Temporão disse que está agendando uma reunião com o ministro da Justiça, Tarso Genro, o secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para discutir possíveis alterações na legislação de combate às drogas e como a saúde pode se preparar para uma eventual descriminalização.

“Mas tudo tem que ser feito com muita prudência”, ponderou Temporão, citando o caso da Inglaterra que liberou o uso da maconha em 2004, mas teve que recuar no ano passado, devido ao cenário de descontrole que se instalou no país.

“Há vários estudos que mostram o uso da maconha relacionado a câncer e desenvolvimento de distúrbio psíquico. Mas há estudos que mostram que a maconha causaria menos efeitos danosos do ponto de vista da violência do que o álcool e outras drogas como a cocaína”, disse Temporão, na inauguração de um laboratório na Zona Oeste do Rio.

Fonte: JC Online

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