Quatro ministros israelenses do partido ultraortodoxo sefardita Shas boicotaram o encontro que houve nesta segunda-feira entre o presidente de Israel, Shimon Peres, e o papa Bento 16, em seu quarto dia de viagem pelo Oriente Médio.

Roi Lashmanovich, porta-voz do Shas, disse que os ministros “escolheram não participar da reunião por causa da passagem do papa pela Juventude Hitlerista e pelo respeito às vítimas do Holocausto”. O papa –de origem alemã– não esconde sua participação, na juventude, da Juventude Hitlerista, a organização paramilitar mantida pelo nazismo para qual o alistamento, durante a Segunda Guerra, era compulsório.

Mais cedo, dois judeus ultraortodoxos foram detidos, em Jerusalém, com cartazes contra a presença do papa Bento 16 no país. Incidente semelhante já havia ocorrido, neste domingo (10), em Nazaré, culminando na prisão de mais dois homens.

Nesta segunda-feira, ao chegar ao aeroporto internacional de Tel Aviv, papa pediu “honra à memória” dos milhões de judeus mortos no Holocausto. No fim da tarde, ele irá ao memorial das vítimas do Holocausto, Yad Vashem, ao lado do premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Recentemente, Bento 16 se envolveu em uma polêmica com os judeus ao reintegrar à igreja um bispo britânico que nega o Holocausto.

O papa começou a causar polêmica em Israel logo que chegou ao Estado. Em discurso, no aeroporto, ele defendeu que “ambos povos [palestinos e israelenses] possam viver em paz em uma terra natal própria, com seguras e reconhecidas fronteiras”, uma defesa à solução para o conflito na região que envolve a criação de um Estado palestino independente.

“Peço aos responsáveis que explorem todas as vias possíveis na busca de uma solução justa para as dificuldades, para que ambos povos [os palestinos e os israelenses] possam viver em paz em uma terra natal própria, com seguras e reconhecidas fronteiras.” “As esperanças de incontáveis homens, mulheres e crianças em relação a um futuro estável e seguro dependem do resultado das negociações de paz”, disse.

Netanyahu, que presenciou o discurso do papa, ainda não falou na proposta de criação de um Estado independente palestino, em chamados pela paz.

Depois de ouvir o papa, Netanyahu foi ao Egito, onde se encontrou com o ditador Hosni Mubarak. Do balneário egípcio de Sharm el Sheikh, ele disse querer retomar as negociações com os palestinos “nas próximas semanas”. “Queremos que Israel e palestinos vivam com perspectivas de paz, segurança e prosperidade.”

Fonte: Folha Online

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