Milhares de monges budistas desafiaram hoje mais uma vez a Junta Militar de Mianmar e a sua ameaça de reprimir as manifestações a favor da democratização do país.

Os religiosos se concentraram no grande pagode de Shwedagon, na parte antiga de Yangun, com a intenção aparente de sair em passeata, como vem acontecendo há nove dias.

Os soldados postados nas ruas próximas usaram megafones para avisar ao público que reagiriam em caso de protestos. Vários caminhões militares estacionaram nas imediações de Shwedagon, segundo a imprensa birmanesa.

Ontem, cerca de 100 mil pessoas, entre elas muitos bonzos, participaram da maior manifestação contra o regime militar em 19 anos, em Yangun. Mobilizações semelhantes agitaram outras cidades do país.

Os protestos começaram em agosto, em conseqüência de um aumento dos preços dos combustíveis, decretado pelas autoridades. A medida fez disparar o custo de alguns produtos básicos.

As primeiras manifestações políticas foram organizadas pela Liga Nacional pela Democracia (LND), o único partido que enfrenta a Junta Militar, e a Geração de Estudantes de 88. Mas em setembro as passeatas passaram a ser de monges budistas, protestando contra os maus-tratos da Polícia a um grupo de religiosos que participou de um protesto.

Membros da LND, liderada por Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz e sob prisão domiciliar desde 2003, pediram ontem que funcionários e soldados se unam aos manifestantes para democratizar o país e derrubar o jugo dos militares.

Os generais birmaneses não permitem a realização de eleições legislativas desde 1990, quando Suu Kyi e a LND conseguiram uma vitória arrasadora. A Junta Militar se recusou a aceitar o resultado das urnas.

Fonte: EFE

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