O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou ontem a liderança da Igreja Católica de atuar como nos tempos da Inquisição por sua rejeição à educação laica no país, que é impulsionada por seu Governo.

“Estou muito preocupado com o comportamento de alguns hierarcas da Igreja Católica; atuam como nos tempos da Inquisição”, afirmou Morales a jornalistas ao sair do Palácio do Governo.

O governante pediu à hierarquia eclesiástica que respeite a liberdade de religião e as crenças nas escolas do país, como propõe um projeto de lei aprovado em um recente congresso educacional e que é impulsionado pelo Governo.

“Somos católicos, o catolicismo será respeitado, a religião como uma disciplina escolar será respeitada, mas também não é para que possam buscar certa ostentação de poder”, acrescentou Morales.

Esta é a primeira vez que o governante socialista lança duras críticas contra a Igreja Católica, com a qual seu ministro da Educação, Félix Patzi, mantém há várias semanas um confronto por impulsionar uma reforma educacional que elimina a supremacia do ensino católico nas escolas.

Com sua declaração, Morales apoiou as críticas que Patzi fez na véspera contra a hierarquia católica, a qual acusou de mentirosa e de propagar a versão de que a educação laica destruirá a Igreja.

Em um ato na cidade sulina de Tarija, onde entregou diplomas a pessoas alfabetizadas durante sua gestão, Patzi pediu ao clero que não minta sobre a reforma educacional e o acusou de estar ao lado da oligarquia e dos ricos “há 514 anos”, em alusão à conquista da América.

“Estão dizendo que vamos destruir a Igreja, suas crenças. Que mentira! Monsenhores, não mintam para o povo, dêem toda a verdade”, disse Patzi em seu discurso em Tarija.

No domingo passado, o cardeal boliviano Julio Terrazas chamou os fiéis católicos a defenderem sua religião e os criticou por terem uma atitude passiva frente ao projeto governamental.

A convocação ecoou nas associações de pais de família e nas escolas privadas da cidade de Santa Cruz, onde nas próximas horas será realizada uma marcha para defender o ensino da religião nas escolas.

Segundo o último censo de população, elaborado em 2001, 56% dos bolivianos professam habitualmente a fé católica; 36,4%, a religião protestante evangélica; e 6,83%, outro tipo de culto também de origem cristã.

No entanto, o estudo assinala que 77% dos cidadãos também declararam seguir a fé católica e 90% disseram que a professavam desde criança.

Fonte: EFE

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