Em entrevista a ESPN, o jogador Elano, que é católico, fala sobre os encontros religiosos que causaram polêmica na seleção brasileira durante a Copa do Mundo.

Deixado de fora da primeira lista de Mano, Elano ainda sonha com 2014. Ele tem 29 anos e a certeza de ter feito o seu papel na África do Sul. Foram apenas dois jogos, mas o suficiente para deixar uma boa imagem com a Seleção. Um dos destaques do grupo, o meia não sabe quando e em que circunstâncias voltará ao time. Em um possível retorno, pode ser que não se depare mais na concentração com os encontros religiosos que tanta polêmica causaram. O jogador não vê problema nas reuniões. Católico, afirma à revista ESPN que o que se discutia ali era a vida, os problemas cotidianos e não a fé de cada um.

Por que só tinha um pastor, não tinha um padre?

Não precisa ter duas pessoas, se uma pessoa está falando. Por exemplo, o Kaká é evangélico, eu sou católico. A gente se reunia com o pastor, mas a gente não fala de religião, sentamos para conversar, não falamos da religião de um ou de outro, o pastor passa para a gente o que está escrito na bíblia. Nós não vamos lá para discutir se a minha religião é melhor ou a outra. Nós sentamos e o pastor fala da bíblia, tipo assim, exemplos que se tem na bíblia que a gente pode seguir na vida e dentro do nosso trabalho com força, falamos de união de família, união de amigos, a gente não vai lá para ficar brigando com essas coisas, por isso que eu falo às vezes que a imagem que passa não é real.“Ah o pastor está lá, mas o pastor está fazendo o que lá?” É desse tipo de coisa, de falar na união de amigos, de como você criar o seu filho…

O pastor ficava junto, no hotel?

Não, não. Como eu disse, ele ia visitar a gente, tinha essa conversa, mas era coisa rápida, coisa de meia hora, 40 minutos.

Qual era a frequência?

Não tem como ser direto.

Quem escolheu foi o Jorginho ou…

São amigos nossos. O pastor é amigo nosso.

E nessa seleção de vocês, teria lugar para um jogador ateu como…

Teria, por que não? Tá louco.

Era tudo livre?

Sim.

Ninguém era obrigado a falar com o pastor.

Não, não.

É bom saber, por que tem muita gente pensando que era rezação (sic) o dia inteiro.

Não, não iam todos os jogadores. Vai quem tem vontade. Quem quer participar vai, quem não quer… Às vezes ficavam três, quatro jogadores, às vezes iam dez, às vezes iam cinco. Ele estava lá para a gente bater um papo, como estamos fazendo aqui. Às vezes um ou outro a família está passando algum tipo de dificuldade, a família liga para dizer que está acontecendo isso. Ali é o momento de sentar e conversar, de pai, uma pessoa que às vezes fala uma palavra que irá te ajudar. É isso.

Se tivesse alguém ali que falasse “Dunga eu preciso ir em alguma igreja porque eu sou católico, eu quero ir em uma igreja…”

Lá não teria como ir. Tem coisas absurdas que não teria como fazer. Eu tenho vontade de ir na igreja, mas não dá para eu sair da concentração e ir na igreja. Por que aquele momento é nosso.

Eu lembro que você saiu uma vez com a camisa da Nossa Senhora Aparecida.

É.

Você é devoto?

Sou.

Você vai sempre pra…

Para Aparecida, agora não deu tempo de eu ir, cara. Mas eu tenho que voltar lá.

Você fez, você já tem promessas sua lá, seus votos.

Tem, tem. Eu sempre levo alguma coisa.

Fonte: ESPN

Comentários