Apesar de normalmente discordarem das políticas mais liberais do presidente dos EUA, Barack Obama, os evangélicos norte-americanos têm manifestado apoio público à reforma migratória, que pretende alterar importantes aspectos das leis de imigração do país e legalizar muitos estrangeiros hoje clandestinos.

De acordo com reportagem do jornal “New York Times”, líderes evangélicos estão pregando seu apoio à nova legislação durante missas, fazendo conferências com pastores sobre o tema e dando testemunhos em Washington, como na semana passada.

“Eu sou um cristão, conservador e republicano, nessa ordem. Concordo em poucas coisas com o presidente Barack Obama. Por outro lado, não vou permitir que uma retórica politiqueira ou afiliação política atrapalhem meus valores, e se ele está certo neste assunto, eu vou apoiá-lo neste assunto”, disse Matthew D. Staver, fundador e líder do Conselho da Liberdade, um escritório de advocacia de orientação religiosa conservadora.

Um termômetro deste apoio pôde ser sentido no começo do mês quando Obama foi apresentado ao público pelo reverendo Bill Hybels da igreja Willow Creek, no Estado de Illinnois.

A voz quase uníssona dos pastores no evento ao defender a reforma tem sido interpretada como um “lobby” bem sucedido das igrejas e pastores evangélicos de origem hispânica, que nos últimos meses têm se esforçado para convencer os colegas locais de que o assunto da imigração é algo “moral” e “cristão”, e como tal, deve ser analisado separadamente de orientações políticas.

“Os hispânicos são religiosos, prezam a família, são proativos, empreendedores”, disse o reverendo Richard D. Land, presidente de uma comissão de direitos civis da Convenção da Igreja Batista sulista.

A posição dos próprios hispânicos é ainda mais incisiva. “Minha mensagem aos líderes republicanos é: se você é anti-reforma migratória, você é anti-latino, se você é anti-latino, é anti-Igreja cristã na América, e você é anti-evangélico”, disse ao “NYT” o reverendo Samuel Rodriguez, presidente da Conferência Nacional de Liderança Cristã Hispânica.

Cerca de 70% dos hispânicos nos EUA são católicos, mas ao menos 15% são evangélicos.

[b]VALENTIA[/b]

Ainda no início do mês Obama deu um discurso em Washington defendendo a reforma migratória e caracterizando o assunto como uma questão de “valentia política”.

Para o presidente o principal obstáculo que impede a adoção das novas leis é exatamente o excesso de “capitalização política” que o tema recebe entre os parlamentares americanos, sobretudo entre os republicanos.

Em duras críticas aos políticos americanos, o presidente disse a cerca de 300 pessoas na sede da Universidade Americana, em Washington, que o texto ainda não foi aprovado devido às “posturas políticas”, “jogos de interesses” e “demagogia” presentes na Câmara.

Em seu discurso Obama disse ainda que o problema não pode ser resolvido apenas com “cercas e patrulhas de fronteira”, mas que cabe ao governo manter a segurança das fronteiras dos EUA.

Em clara alusão aos estrangeiros sem documentos de permanência, o presidente afirmou que os empresários que empregam imigrantes ilegais e aqueles que entram no país ilegalmente devem estar cientes de que sofrerão punições e que precisam admitir suas responsabilidades antes de dar ao início ao processo de se tornarem cidadãos.

“A questão agora é se teremos a coragem e a vontade política para passar esta lei pelo Congresso, para finalmente conseguir aprová-la”, disse o presidente.

“Eu estou pronto para ir adiante, a maioria dos democratas estão prontos para ir adiante, e eu acredito que a maioria dos americanos estão prontos para seguir adiante. Mas o fato é que sem o apoio dos dois partidos (…) não conseguiremos resolver este problema”, disse.

Obama concluiu seu discurso dizendo que uma “reforma que traga transparência para o nosso sistema imigratório não pode ser aprovadas sem os votos dos republicanos”.

Fonte: Folha Online

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