Várias ordens religiosas da Irlanda disseram nesta quarta-feira que vão avaliar as exigências do governo para que elas paguem maiores indenizações às pessoas violentadas e espancadas durante o período em que frequentaram escolas dirigidas pelos católicos.

O primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, havia dito que as ordens tinham “responsabilidade moral” de conceder mais dinheiro a milhares de vítimas, após um relatório angustiante que revelou abuso endêmico na antiga rede de escolas industriais e reformatórios.

“Reconhecemos a necessidade vital de encontrar formas de lidar com a dor extrema sentida por tantas pessoas e faremos o nosso máximo para esse objetivo”, disse a ordem das Irmãs de Nossa Senhora da Caridade em um comunicado. Outras ordens também concordaram em responder.

Em um acordo de 2002, a contribuição total das ordens religiosas da Irlanda para as vítimas foi limitada em 127 milhões de euros (177,1 milhões de dólares). Espera-se que a conta geral agora ultrapasse 1 bilhão de euros.

As 18 ordens inicialmente recusaram os pedidos para renegociar o acordo, mas houve pressão da população, de políticos e de líderes religiosos, incluindo o líder da Igreja Católica da Irlanda, o cardeal Sean Brady.

A descrição contida no relatório sobre o abuso nas instituições dirigidas pelas ordens entre as décadas de 1930 e de 1970 abalou a Irlanda.

As revelações, incluindo uma série de escândalos envolvendo padres que molestaram meninos, prejudicaram a autoridade moral da Igreja na Irlanda, que já foi um dos países mais devotos do mundo.

Os Oblatos de Maria Imaculada também disseram que responderão de forma positiva às propostas de Cowen.

Os Oblatos dirigiram o Reformatório Daingean, na região central da Irlanda, descrito pelo relatório da semana passada como uma instituição anárquica, onde eram impostos “espancamentos ritualizados”.

Escândalos de abuso sexual têm abalado a Igreja Católica ao redor do mundo. Em 2007, a arquidiocese de Los Angeles concordou em pagar 660 milhões de dólares a 500 vítimas, na maior compensação do tipo.

A congregação Irmãos Cristãos da Irlanda foi uma das primeiras a tomar uma atitude esta semana, dizendo na terça-feira que estudaria o quanto a mais poderia pagar.

Outras duas ordens, as Irmãs de Misericórdia e as Irmãs de Nossa Senhora da Caridade, concordaram na quarta-feira em conversar sobre o relatório, que não mencionou o nome de nenhum dos agressores após uma ação judicial bem-sucedida movida pelos Irmãos Cristãos.

Fonte: O Globo Online

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