O principal órgão europeu de defesa dos direitos humanos votará na próxima semana uma proposta para defender as aulas sobre evolução e manter fora das escolas públicas de seus 47 países-membros as lições sobre o criacionismo e o design inteligente.

A manobra incomum mostra que a onda norte-americana de ataques contra a teoria da evolução com base em opiniões religiosas vem preocupando também os políticos europeus, que se deparam com argumentos do tipo sendo levantados em seus países por grupos cristãos e islâmicos.

Um relatório do Conselho da Assembléia Parlamentar da Europa diz que a campanha contra a evolução possui raízes “em modalidades de extremismo religioso” e que representa um perigoso ataque contra o conhecimento científico.

“Hoje, criacionistas de todos os credos tentam fazer suas idéias serem aceitas na Europa”, afirma o documento. “Se não tivermos cuidado, o criacionismo pode se transformar em uma ameaça aos direitos humanos.”

O Conselho, com sede na cidade francesa de Estrasburgo, supervisiona o respeito aos direitos humanos em seus países-membros e zela pelo cumprimento das decisões da Corte Européia de Direitos Humanos.

O criacionismo defende que Deus criou o mundo e todos os seres presentes nele, conforme ensina a Bíblia. Pesquisas feitas nos EUA mostram que cerca de metade dos norte-americanos concordam com isso. Já entre os europeus a maioria é favorável à teoria da evolução.

A Suprema Corte dos EUA decidiu que ensinar o criacionismo nas aulas de ciência em escolas públicas viola o princípio da separação entre a religião e o Estado.

Os partidários do “design inteligente”, segundo os quais algumas formas de vida são complexas demais para terem evoluído, consideram-na uma teoria científica que deveria ser ensinada nas escolas.

Mas uma corte norte-americana já rechaçou essa posição, e o relatório do Conselho a descreve como “neocriacionismo”.

Fonte: Reuters

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