Dirigentes palestinos reagiram com indignação e desapontamento na quarta-feira à declaração do candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, de que Jerusalém deveria ser a capital indivisa de Israel.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeitou a promessa feita recentemente pelo democrata a líderes judeus dos EUA e repetiu sua exigência de que um Estado palestino tenha Jerusalém Oriental, a parte árabe da cidade, como sua capital.

“A declaração dele deve ser totalmente rejeitada”, afirmou Abbas a repórteres, dentro do centro administrativo da Cisjordânia, em Ramallah.

“O mundo todo sabe que Jerusalém Oriental, a Jerusalém sagrada, foi ocupada em 1967, e o mundo não aceitará um Estado palestino sem ter Jerusalém como a capital desse Estado palestino”, afirmou o dirigente.

Saeb Erekat, assessor de Abbas, disse que os negociadores palestinos envolvidos no processo de negociação de paz patrocinado pelos EUA continuariam a insistir sobre a necessidade de Jerusalém Oriental ser a capital dos palestinos.

Segundo Erekat, Obama “fechou as portas à paz”.

O democrata, que acaba de garantir a vaga de seu partido nas eleições presidenciais de novembro, disse em um discurso proferido em Washington: “Jerusalém continuará a ser a capital de Israel e ela precisa continuar a ser uma cidade indivisa”.

Os EUA e outras potências internacionais não consideram Jerusalém a capital de Israel — a embaixada norte-americana, por exemplo, fica em Tel Aviv — e não reconhecem a anexação de Jerusalém Oriental ocorrida depois da Guerra dos Seis Dias (1967).

O presidente dos EUA, George W. Bush, em final de mandato, vem incentivando a realização de negociações de paz entre Israel e os palestinos na esperança de que um acordo sobre a criação de um Estado palestino seja selado antes de ele deixar seu cargo, em janeiro.

Uma das questões mais polêmicas a ser resolvida nesse processo diz respeito ao futuro de Jerusalém.

DESAPONTADO

Erekat, um dos negociadores de paz, disse que o governo de Abbas estava desapontado com o apoio dado por Obama às pretensões dos israelenses: “Nós estamos muito desapontados. Ele não conseguiu compreender que, se Jerusalém não for a capital de um Estado palestino, não haverá paz com Israel”.

Bush, cujo partido, o Republicano, escolheu John McCain para concorrer à Presidência norte-americana, também deixou desapontados muitos palestinos ao visitar Israel, no mês passado.

Em declarações contundentes, o líder norte-americano garantiu ao Estado judaico o apoio permanente dos EUA — apesar de não ter corroborado a exigência do governo israelense de manter o controle sobre toda Jerusalém.

Na Faixa de Gaza, território controlado há dois anos pelo grupo islâmico Hamas, adversário de Abbas, as declarações de Obama também foram condenadas.

Um porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri, disse: “Os comentários de Obama confirmam que não haverá mudança na política do governo norte-americano em relação ao conflito árabe-israelense”.

“Para o Hamas, os dois candidatos à Presidência (dos EUA), Obama e McCain, são iguais porque as políticas deles relativas ao conflito árabe-israelense não diferem entre si e revelam-se hostis a nós.”

Fonte: AFP

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