O Papa Bento XVI escreveu em 12 de fevereiro uma carta a Stanislaw Wielgus na qual demonstrava sua “proximidade” e “compreensão”, após este ter renunciado ao cargo de arcebispo da Varsóvia por causa das acusações de ter sido informante da Polícia comunista.

A carta do Pontífice foi divulgada nesta quarta-feira, 21, pela assessoria de imprensa do Vaticano. No entanto, na terça-feira, o conteúdo do documento já havia sido revelado pelo cardeal Jozef Glemp, nomeado temporariamente para o cargo ocupado por Wielgus.

Bento XVI respondeu à carta enviada pelo arcebispo em 8 de janeiro. A mensagem explicava ao Papa os motivos pelos quais neste mesmo dia o religioso decidiu renunciar ao cargo, decisão aceita pelo Pontífice.

Na carta, o Papa afirma que “tem plena consciência das circunstâncias excepcionais” nas quais Wielgus realizou seu serviço sacerdotal, “quando o regime comunista da Polônia usava todos os meios para sufocar a liberdade dos cidadãos e, particularmente, do clero”.

Wielgus sempre negou ter colaborado com o regime comunista, e justificou que suas reuniões com os serviços secretos tinham apenas o objetivo de obter passaporte e poder viajar.

Após ter acesso a um relatório do Instituto da Memória Nacional, onde estavam os arquivos da Polícia durante este período, a Conferência Episcopal polonesa afirmou não ter dúvidas de que a colaboração do arcebispo com o regime “foi consciente e voluntária”.

Em sua carta, o Pontífice afirma que viu a renúncia de Wielgus como “um ato de profunda sensibilidade para o bem da Igreja da Varsóvia e da Polônia” e de “humildade”.

Bento XVI também encoraja o arcebispo polonês a voltar sua atividade “a serviço de Cristo, colocando seu vasto conhecimento e piedade sacerdotal a serviço do bem de sua amada Igreja polonesa”.

“A missão episcopal, agora, como no passado, é marcada pelo sofrimento”, acrescenta o Papa na mensagem, aconselhando Wielgus a buscar ajuda na amizade dos irmãos bispos e das pessoas que o conhecem e o estimam.

O caso Wielgus criou uma situação de mal-estar no Vaticano, que não conseguiu explicar como foi possível que o Papa não tivesse sido totalmente informado sobre o passado do arcebispo, que tinha sido nomeado para a diocese mais importante da Polônia em 6 de dezembro.

Fonte: EFE

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