O Papa Bento XVI fez ontem um pedido para que “as religiões não sejam veículos de ódio”, ao inaugurar o Congresso “Por um Mundo sem Violência” diante da presença de líderes das principais crenças religiosas, entre eles, Rowan Williams (foto), chefe da Igreja Anglicana.

“Que nunca em nome de Deus possam ser justificados o mal e a violência. Ao contrário, que as religiões possam oferecer recursos valiosos para construir uma humanidade pacífica”, disse o Papa em seu discurso aos participantes do congresso, organizado pela Comunidade de São Egídio, em Nápoles, no sul da Itália.

O Papa participou de uma reunião e depois de um almoço no seminário napolitano de Capodimonte com vários representantes ortodoxos, protestantes, judeus, budistas e muçulmanos.

Cerca de 300 líderes religiosos e políticos participaram do encontro, entre eles Bartolomeu I, patriarca ecumênico de Constantinopla; Crisóstomo II, arcebispo de Nova Justiniana e de todo o Chipre, e Rowan Williams, chefe da Igreja Anglicana.

Também estiveram presentes Yona Metzger, grande rabino ashkenazi de Israel, e representantes islâmicos vindos de Arábia Saudita, Irã e Marrocos.

A todos eles, o Papa pediu que “trabalhem para a paz”, se empenhem para “promover a reconciliação dos povos” e “se oponham a qualquer forma de violência e ao abuso das religiões como desculpa para fomentá-la”.

Bento XVI disse aos presentes que “a Igreja Católica continuará seguindo o caminho do diálogo para favorecer a compreensão entre as várias culturas, tradições e religiões”.

E desejou que “este espírito seja transmitido principalmente onde existirem fortes tensões, onde a liberdade e o respeito sejam negados aos homens e eles sofram as conseqüências da intolerância e da incompreensão”.

O Pontífice explicou que este encontro lembra o realizado em 1986, quando João Paulo II se reuniu na cidade de Assis com os representantes religiosos para “rezar pela paz”.

E lembrou que este ato se repetiu em 2002, depois dos dramáticos eventos de 11 de setembro nos Estados Unidos, onde o próprio João Paulo II “pediu a Deus que detenha as graves ameaças que recaem sobre a humanidade, principalmente o terrorismo”.

Durante o Ângelus celebrado na Praça do Plebiscito de Nápoles, o Papa desejou que o congresso, “importante iniciativa cultural e religiosa, contribua para consolidar a paz no mundo”.

O Papa almoçou na companhia de, entre outros, Bartolomeu I, Aram I, da Igreja Apostólica Armênia do Líbano, o israelense Metzner e Ezzedine Ibrahim, conselheiro cultural do presidente dos Emirados Árabes Unidos.

Ontem o Papa visitou Nápoles para inaugurar o encontro inter-religioso mas também para dar uma mensagem de esperança e de apoio aos cidadãos da cidade, que sofrem com a difícil situação econômica e o problema da Camorra, a máfia local, protagonista de crimes violentos e extorsões.

Durante a homilia, o Pontífice lembrou “o triste fenômeno da violência, presente não só nos desprezíveis delitos da Camorra, e que tende a se difundir principalmente entre a juventude, que cresce nos ambientes onde reina a ilegalidade e a cultura da sobrevivência a todo custo”.

E, diante disso, o Pontífice pediu que fossem realizadas “as intervenções políticas adequadas” principalmente através da educação e do trabalho, mas também que aconteça “uma profunda renovação espiritual”.

Nápoles “precisa de fiéis que tenham plena confiança em Deus e que, com sua ajuda, se empenhem em divulgar na sociedade os valores do Evangelho”, disse.

Bento XVI recebeu a saudação de milhares de pessoas em sua passagem pelas ruas napolitanas em um dia frio e chuvoso e celebrou uma missa diante de milhares de pessoas na Praça do Plebiscito, no centro.

A viagem, de pouco menos de 8 horas, também incluiu uma visita à catedral de Nápoles, para admirar as relíquias do padroeiro da cidade, São Genaro.

Fonte: EFE

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