A Cúria Romana, o governo central da Igreja, foi renovado depois dos escândalos que atingiram o Vaticano com o vazamento de documentos secretos do pontífice.

O papa Bento XVI renovou nesta terça-feira parte da Cúria Romana, o governo central da Igreja, com uma série de nomeações decididas em meio aos escândalos que atingiram o Vaticano, provocados pelo vazamento de documentos secretos do pontífice.

Como primeira medida, o Papa designou o arcebispo italiano Vincenzo Paglia, de 67 anos, um dos fundadores da Comunidade de Santo Egídio, como presidente do Conselho para a Família, o ministério que cuida da família, um cargo-chave, geralmente ocupado por um cardeal.

Com esta nomeação, o Papa reconhece o papel ativo da Comunidade de Santo Egídio, cuja sede está localizada no bairro romano de Trastevere, como mediador internacional em vários conflitos na África e na América Latina.

Esta é a primeira vez que um membro de St. Egídio faz parte da Cúria.

“A família é uma questão que afeta a todos, um ponto de referência. Tem que ser estável, inoxidável, de aço inoxidável”, comentou animado Paglia, que até agora ocupava o cargo de bispo de Terni-Narni-Amelia.

O frade dominicano americano Joseph Augustine Di Noia foi nomeado vice-presidente da comissão “Ecclesia Dei”, criada em 1988 para coordenar a reintegração do movimento tradicionalista lefebvrista.

“O respeito desfrutado pelo arcebispo Di Noia na comunidade judaica vai ajudar a resolver alguns problemas que surgiram no campo das relações católico-judaicas durante o caminho para a reconciliação das comunidades tradicionais”, ressalta o comunicado do Vaticano.

A comunidade judaica tem manifestado sua preocupação sobre a reintegração dos lefebvrianos, que incluem vários anti-semitas.

O arcebispo francês Jean-Louis Bruguès, até agora secretário da Congregação para a Educação Católica, foi apontado como o arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana.

Embora não esteja na lista de nomeações oficiais do papa, já que depende da Secretaria de Estado, o Vaticano terá um “consultor de comunicação”, um cargo inédito.

Trata-se do jornalista americano Greg Burke, até agora correspondente da rede de notícias Fox News em Roma, que assumirá em julho.

Segundo a imprensa italiana, o Papa prepara a saída em outubro de seu número dois, o cardeal Tarcisio Bertone, atual secretário de Estado, que faz 68 anos em dezembro.

Questionado por seus erros de gestão e comunicação, o que se explica por não ter tido uma carreira diplomática, Bertone aparece, segundo os vazamentos de documentos confidenciais para a imprensa, como uma pessoa autoritária que se opõe às operações de renovação interna.

De acordo com quase todos os jornais italianos, o papa decidiu que o novo Secretário de Estado será um estrangeiro da escola diplomática do Vaticano.

Na lista de candidatos aparecem Dominique Mamberti, francês e atual responsável pelos assuntos exteriores, o argentino Leonardo Sandri e o suíço Jean Claude Perisset, núncio em Berlim.

[b]Fonte: AFP[/b]

Comentários