Uma passeata com a tônica da diversidade marcou o início oficial da 10ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) em Porto Alegre. Milhares de pessoas começaram a se concentrar na região mais central da capital gaúcha no início da tarde desta segunda-feira (25) com faixas e cartazes de tom crítico ao modelo econômico neoliberal. A marcha, entretanto, só deixou o local no final da tarde.

O trânsito ficou complicado nas ruas do centro. Cerca de 60 agentes de trânsito tentaram disciplinar a afluência de pessoas, que aumentava a cada hora. Sindicalistas, grupos religiosos, ecologistas, políticos, militantes de partidos e outras tribos, incluindo anarquistas e artistas de teatro, participaram da marcha, tradicional no FSM. Segundo a Brigada Militar, cerca de 5.000 pessoas fizeram parte da marcha.

Os sindicalistas eram a maioria dos participantes. Com discurso articulado e organização rígida, eles vieram de várias partes do país para participar de uma plenária sobre condições de trabalho na sede da Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul.

O presidente da Força Sindical em São Paulo, Danilo Pereira da Silva, disse que 90 delegados da central de trabalhadores vieram de São Paulo para o encontro. Segundo ele, a participação no Fórum vinha sendo articulada desde julho de 2009. “Estamos aqui porque queremos uma audiência com o presidente Lula”, disse o líder sindical.

As seis centrais sindicais que atuam no país estão se articulando para entregar um documento do presidente, que participa do encontro dos chefes de Estado nesta terça-feira (26) em Porto Alegre. A presença de Lula está confirmada, mas ele permanece na capital gaúcha por apenas duas horas.

“Se não for uma reunião formal, será uma conversa de pé de ouvido mesmo”, garantiu Danilo. O FSM, segundo ele, conseguiu a proeza de unir as centrais sindicais numa mesma pauta de reivindicações pós-crise financeira mundial. “Os efeitos da crise só foram minimizados por causa dos trabalhadores”, disse.

A poucos metros do ponto de encontro dos militantes da Força Sindical, um grupo de pessoas fazia um ritual simbólico em frente à Prefeitura de Porto Alegre. O happening, batizado de celebração ritualística, misturou teatro com palavras de ordem para propor uma nova forma de política.

“Unimos política e espiritualismo”, definiu um dos líderes do grupo, Thomas Enlazador. Segundo ele, é necessário “reencantar o processo político” através de manifestações coloridas, com música e dança. “Isso é nosso simbolismo ecumênico”, disse Enlazador.

Em busca de liberdade religiosa também estava um grupo de entidades que adotam a umbanda como crença. O grupo aderiu ao FSM para dar mais visibilidade à Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa. Vários terreiros de Porto Alegre mandaram representantes à passeata.

“Aqui no espaço do Fórum somos bem recebidos. Mas a sociedade ainda não aceita a nossa opção religiosa”, criticou Lamudoyê – Jorge Cruz pelo nome de batismo, um dos organizadores da marcha.

Em meio aos discursos, palavras de ordem e rituais, o vendedor Antônio Francisco de Mattos encontrou espaço para montar um palanque solitário. Com um megafone e um cartaz e sem a ajuda de nenhum cabo eleitoral, ele passou a tarde tentando convencer quem passava da importância das propostas políticas do Partido Municipalista Nacional (PMN). Com tantas atrações diferentes em volta, foi uma missão sem muito sucesso.

Fonte: UOL

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