O pastor Rogério Rocha Xavier, de 50 anos, superintendente da 20ª região da Grande Belo Horizonte da Igreja do Evangelho Quadrangular, responsável pela administração de 14 templos, afirma sofrer ameaças do deputado federal Carlos William (foto), do PTC/MG, depois que assumiu a defesa do também deputado federal Mário de Oliveira, presidente nacional da igreja, depois do rompimento entre os dois parlamentares por questões políticas.

O pastor Rogério Rocha Xavier, é um homem que diz temer por sua vida e da sua família. Ele afirma que atraiu a ira do deputado federal Carlos William (PTC/MG), em 2003, quando assumiu a defesa intransigente do também deputado federal Mário de Oliveira, presidente nacional da igreja, depois do rompimento entre os dois parlamentares por questões políticas. Desde então, o pastor conta que sua igreja foi vítima de assaltos estranhos, denúncias falsas à polícia e uma ameaça explícita de morte.

Para se sentir mais seguro, a queixa do crime de ameaça foi registrada na Delegacia Distrital Noroeste, em 8 de janeiro deste ano, mas a insegurança ainda ronda sua vida. Há 10 dias, uma de suas igrejas em Contagem foi novamente invadida. Os ladrões não levaram nada, mais um vez.

Na ocorrência, o pastor Rogério relata que depois de uma reunião na igreja, em Contagem, um colega o informou de que, naquele dia, seu carro foi cercado na Praça da Cemig por uma blazer preta, na qual estava o deputado Carlos William. Segundo o relato, o parlamentar desceu do carro falando palavrões e foi em direção a ele gritando: “Avisa ao pastor Rogério que eu vou pegar ele. Vou acabar com a raça dele”.

Depois deste incidente, afirma, ele percebeu que sua casa era freqüentemente vigiada por pessoas estranhas, a polícia foi informada da existência de um crime envolvendo seu filho, que era falsa, e a igreja sofreu pelo menos dois roubos, sendo que no primeiro o alvo dos assaltantes era apenas os documentos pessoais de Rogério e de sua mulher.

Gravações de telefonemas, feitas pela Polícia Federal com autorização judicial, também captaram diálogos onde Carlos William diz ao seu assessor parlamentar Charles Santos Sousa, em junho do ano passado, que quer “arrebentar” com o pastor de Contagem. Hoje, o pastor Rogério se sente um homem traído, já que num passado não muito distante acolheu em sua casa Charles e também foi um importante cabo eleitoral de Carlos William em sua primeira campanha política para vereador. Copos e talheres de sua casa foram parar no comitê de William e foi ele quem indicou Charles para trabalhar. “Não conheço Carlos William. Trabalhei para ele a pedido do pastor Mário de Oliveira e, nunca, fiz nenhuma pregação citando o nome dele, o denegrindo”, diz Rogério

Avião

Nos diálogos captados pela PF é justamente Charles quem coloca mais pimenta na já comprometida relação do pastor com Carlos William. Ele conta ao chefe que o pastor Rogério dizia ao fiéis que Carlos William teria recebido de traficantes um avião para tirá-los da cadeia. Não cumpriu a promessa e ficou com a aeronave. O deputado não se contém e diz que quer “meter um ferro no pastor”, para depois perguntar se existem pessoas que ouviram as acusações para depor na Justiça. Com certo constrangimento, Charles informa a William que foi a sua futura sogra, Maria Geralda de Jesus, ex-pastora da igreja de Rogério e funcionária do gabinete do deputado, na Câmara dos Deputados, quem lhe falou. “Pior que foi só ela que ouviu”, diz. As ligações de Charles com a igreja do pastor Rogério são antigas. Ele é noivo da ex-secretária do templo Cláudia Renato de Jesus, filha de Maria Geralda, o que facilita seu acesso a informações privilegiadas dos aliados de Mário de Oliveira.

Resposta

O deputado Carlos William negou que tivesse qualquer intenção de atentar contra a vida do pastor Rogério Xavier. Disse ainda que desconhece a existência de uma ocorrência policial contra ele e vai mais longe para tecer elogios a ele. “É um bom pastor e me ofereceu seu apoio quando fui candidato a vereador.” O parlamentar, entretanto, admite que, de fato, não gostou das acusações de que teve em suacarteira de clientes traficantes, os quais teria roubado. “Ninguém ia gostar de uma coisa dessa”, afirma Carlos William. Ele explicou que ao falar com o assessor que gostaria de “meter um ferro” no pastor estava se referindo a processá-lo, o que fica evidenciado no diálogo, quando demonstra sua preocupação sobre a existência de uma testemunha que possa confirmar as acusações feitos pelo evangélico.

Fonte: UAI

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