Na contramão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – que veda a candidatura de padres a cargos eletivos e ameaça suspender aqueles que optarem pela vida política –, as evangélicas apóiam a filiação de pastores e fiéis a partidos e a participação deles na disputa eleitoral.

Em algumas delas os responsáveis atuam efetivamente na campanha para garantir a vitória nas urnas. Atualmente, evangélicos ocupam cinco cadeiras na Assembléia Legislativa, seis na Câmara dos Deputados e quatro na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Maior representante do segmento religioso no estado, a Quadrangular, que tem cerca de 520 mil adeptos em Minas Gerais, já contabiliza pelo menos 70 candidatos a vereador e três a vice-prefeito nas eleições de outubro. “A igreja passa a orientação que, a exemplo dos outros profissionais, os pastores também devem concorrer a cargos públicos se entenderem que têm a vocação política. Não é por ser um pastor que alguém não poderá disputar as eleições”, alegou o secretário de Cidadania e Missões da Igreja Quadrangular, pastor Antônio Carlos de Morais.

Segundo ele, a igreja elegeu 28 parlamentares nas eleições de 2004, sendo dois deles em Belo Horizonte. Para garantir que sejam mantidas as atuais e conquistadas novas vagas, os representantes da Quadrangular farão campanha pelos candidatos junto aos seus fiéis. Uma posição diferente será adotada pela Igreja Universal do Reino de Deus. Ao contrário das eleições anteriores, este ano a igreja não vai entrar nas campanhas eleitorais, embora incentive seus pastores e fiéis a disputar cargos eletivos.

“A igreja estimula seus membros a fazer uma escolha com consciência, que vote naqueles que tenham comprometimento com a cidade, com as pessoas, a família e a vida. Mas a nova política interna é dar mais liberdade aos fiéis”, contou o pastor Carlos Henrique, que é vereador na capital. A Universal tem hoje cerca de 200 mil fiéis em Minas Gerais, dos quais 50 mil somente em Belo Horizonte. Em todo o estado, são cerca de 20 vereadores.

Espiritual

Embora não proíba os pastores de disputar as eleições, a Convenção Batista Mineira, que agrega 665 igrejas em todo o estado, prefere não estimular seus líderes a concorrerem a cargos políticos. “A função deles (dos pastores) é mais espiritual. E sendo político, ele ainda pode ter conflitos na igreja por causa de divergências partidárias. Mas não proibimos aqueles pastores que querem ser candidatos”, explica o diretor-executivo da convenção, pastor José René Toledo.

A Convenção Batista agrega cerca de 72 mil fiéis em todo o estado, e atualmente tem entre sues fiéis 10 prefeitos, 6 vices-prefeitos e 40 vereadores. Institucionalmente, o grupo não vai fazer campanha explícita para nenhum candidato nestas eleições. Mas cada igreja, que funciona como um órgão autônomo, poderá definir como vai ser o tratamento a seu candidato, e inclusive permitir que as eleições sejam tema dos cultos evangélicos.

Fonte: UAI

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