Os pobres estão entre os que provavelmente mais sofrerão em virtude das mudanças climáticas, afirmou um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em uma versão preliminar, segundo a qual o mundo precisa agir com rapidez para impedir elevações ainda mais danosas das temperaturas.

Líderes mundiais se reúnem na segunda-feira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, a fim de discutir formas de combater o aquecimento, tendo em vista também relatórios da entidade divulgados no começo deste ano afirmando que as atividades humanas eram, quase certamente, a causa do inegável aquecimento da Terra.

Um novo esboço do documento “Sumário para Líderes Políticos”, obtido pela Reuters, torna mais específicos os alertas sobre as mudanças climáticas e adiciona um toque humano ao tentar identificar as pessoas mais expostas ao fenômeno.

“Em todas as regiões, há certos setores da sociedade e certas comunidades que se vêem sob um risco particularmente grande, entre os quais os pobres, as crianças pequenas, os idosos e os doentes”, afirmou o documento, preparado por 40 especialistas e que, no total, contará com cerca de 3.000 páginas.

Os pobres, por exemplo, dependem muito da agricultura, uma atividade sujeita a grandes riscos devido às mudanças no padrão de chuvas e devido à desertificação na África, por exemplo. Na Ásia, os milhões de moradores de deltas de rio podem ser atingidos pela elevação dos oceanos ou por tempestades.

O projeto do relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com data de 31 de agosto, será revisto e aprovado por representantes de governo em Valencia, Espanha, no mês de novembro. Esse documento atualiza um projeto de 15 de maio obtido pela Reuters no mês passado.

O relatório diz que as emissões de gases do efeito estufa teriam de cair, até 2050, para algo entre 50 e 80 por cento dos níveis registrados em 2000, limitando o aumento da temperatura, assim, a algo entre 2 e 2,4 graus Celsius em relação à era pré-industrial.

Esses cortes são muito mais profundos do que os que devem ser discutidos pelos países reunidos em Nova York.

Custos moderados

Mesmo assim, os custos envolvidos no processo de desaceleração das mudanças climáticas seriam moderados. Segundo o projeto de relatório, a depender da profundidade dos cortes, as medidas provocariam uma queda anual do Produto Interno Bruto (PIB) global de não mais de 0,12 por cento.

O novo documento acrescenta a informação de que o dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa emitido na queima de combustíveis fósseis, apresenta atualmente o maior índice de concentração dos últimos 650 mil anos.

E repete que o “aquecimento do sistema climático é algo inegável”, notando que 11 dos últimos 12 anos contam-se entre os mais quentes desde que registros começaram a ser feitos a esse respeito, nos anos de 1850.

Fonte: Reuters

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