O governo da Guiné-Bissau decidiu banir no país o uso de véu preto, com o qual algumas mulheres muçulmanas cobrem o rosto, uma iniciativa já aplaudida por líderes islâmicos locais.

A medida inédita no país foi tomada pelo novo ministro guineense da Administração Interna, Cipriano Cassamá, em cumprimento das orientações do presidente João Bernardo “Nino” Vieira, que pretende ver restabelecida a ordem na Guiné-Bissau.

Para que a proibição do uso do adereço seja entendida pela comunidade islâmica guineense, o ministro se reuniu no domingo com líderes religiosos para explicar o que se pretende.

“O governo quer que toda gente ande sem cara tapada, para que se saiba quem é quem e nós concordamos com a medida”, disse Alanso Faty, membro da direção do Conselho Superior dos Assuntos Islâmicos, quando comentava numa rádio de Bissau a reunião com o governante.

Na Guiné-Bissau, sobretudo nos últimos cinco anos, é comum encontrar nas ruas de Bissau, Gabu ou Bafatá, as três principais cidades do país, mulheres muçulmanas com o rosto coberto por um véu preto.

Líderes da comunidade islâmica do país têm afirmado que a prática é reproduzida por mulheres provenientes do país vizinho Guiné-Conacri, embora sejam também comum em indivíduos da etnia fula, que vivem nos dois países.

A sociedade de Guiné tem criticado a prática do uso do véu no país, sob a alegação da laicidade do Estado. Várias organizações dos Direitos Humanos já requisitaram ao governo a tomada de medidas contra o uso do véu.

De acordo com Cabiro Djaló, do Conselho Nacional Islâmico (CNI), que também assistiu ao encontro com o ministro da Administração Interna, a prática do uso do véu para cobrir o rosto deve ser abolida em nome da segurança.

“Às vezes, alguém pode ser um criminoso, mas se vai com a cara tapada ninguém pode saber quem ele é. Estamos de acordo com a medida anunciada pelo governo e apelamos a que seja respeitada”, declarou Cabiro Djaló.

A proibição do uso do véu preto nas ruas das cidades do país e a luta contra carros com vidros escuros, sem placas ou com registro estrangeiro são, dentre outras, algumas das medidas do novo governo de Bissau com objetivo de combater a criminalidade, como pediu o presidente “Nino” Vieira.

Fonte: Lusa

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