Realizado com orçamento baixo, “Bezerra de Menezes – o diário de um espírito” está desde sua estreia na lista dos dez filmes mais vistos no País, à frente de outras produções nacionais.

O sucesso do filme junto ao público fez com que a distribuidora aumentasse o número de cópias exibidas. Hoje, 60 salas de cinema do Brasil exibem o longa, quatro a mais em relação às semanas anteriores.

O filme conta a história do médico que se tornou ícone da comunidade espírita por dedicar sua vida a causas humanitárias e foi produzido com cerca de R$2 milhões. Há vinte dias em cartaz, já foi visto por mais de 195 mil pessoas – “Os desafinados”, produção brasileira com Rodrigo Santoro e Selton Mello que estreou na mesma semana, teve 119 mil espectadores até agora.

“Já imaginava a vontade do público em assistir a algo que não retratasse a violência, mas essa resposta superou as minhas expectativas”, diz Sidney Girão, presidente da ONG Estação da Luz, que iniciou o projeto.

O diretor do filme, Glauber Filho, conta que imaginava que a produção seria bem-sucedida, mas se diz surpreso com os resultados. Glauber, no entanto, afirma que conhece a dimensão real do filme. “Sei claramente que pode haver a rejeição em relação à temática, porque existem pessoas que confundem religiosidade com religião”, acredita.

A produção

A iniciativa de rodar um filme relacionado ao espiritismo surgiu da ONG Estação da Luz, de Fortaleza. A entidade, que já realiza festivais de teatro com a temática espírita há alguns anos, decidiu investir em cinema para atingir mais pessoas. “Queríamos um projeto maior para divulgar mensagens de paz”, explica Sidney Girão.

Carlos Vereza foi convidado para interpretar Bezerra e, em março de 2007, as filmagens foram iniciadas. De acordo com o diretor, o trabalho foi um constante aprendizado. “Ninguém estava acostumado com uma produção desse tipo, o planejamento foi sendo mudado conforme as coisas aconteciam”, conta Glauber Filho. O filme foi rodado em dois meses e toda a produção foi realizada no Ceará, com equipe local.

A proposta inicial era que fosse feito um documentário sobre a vida do espiritualista, com algumas cenas ficcionais. No entanto, o projeto evoluiu até chegar ao formato que tomou as telas: uma ficção baseada em fatos reais. “O filme foi crescendo durante o processo, o que aumentou seu valor”, acredita Glauber.

Mesmo assim, a estrutura documental do longa não foi abandonada. “Fizemos o filme como se fosse um diário de Bezerra, de forma fragmentada, como se ele relatasse o que foi importante para ele”, afirma o diretor.

O filme resultou em uma produção simples, mas que conseguiu cativar muitos espectadores. “A obra não pretende revolucionar o cinema, quer apenas contar uma boa história”, finaliza.

Público fiel

Glauber Filho afirma que sabia do potencial do público espírita, especialmente pelo sucesso dos livros com esse tema. “Mas tem muita gente que foi assistir e que não é da religião”, observa.

O diretor acredita que a média de idade dos espectadores de “Bezerra” deixa claro que uma parte do público que viu o filme é formada por pessoas que tinham perdido o hábito de ir ao cinema.

Apesar do sucesso, Glauber não sabe prever até quando o filme estará em cartaz. “Mas tem gente do mercado dizendo que ainda pode ficar mais algumas semanas”, diz.

Fonte: Último Segundo

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