O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) recebeu nesta semana o psicanalista canadense Gilles Michel Ouimet. Na bagagem, ele trouxe a sua experiência de cinco anos como consultor da polícia de Quebec (Canadá) no combate a crimes pela Internet, mais especificamente os casos de pedofilia na rede.

Segundo ele, não há diferenças significativas entre os praticantes desse tipo de crime no mundo. Michel afirma que o uso da “internet” globalizou a prática.

De acordo com o consultor, em 2002 o governo canadense reconheceu o problema da pedofilia no país e investiu 60 milhões de dólares canadenses (cerca de R$ 100 milhões) na criação de uma equipe de combate a este tipo de crime.

O seu trabalho consiste em ensinar aos policiais noções de psicanálise para que entendam como funciona a mente do criminoso e obtenham sua confissão ou colaboração.

Com este conhecimento, os policiais canadenses aprendem em quais pontos tocar para sensibilizar o interrogado. Segundo ele, entre os pedófilos com carência afetiva, o ideal, durante o interrogatório, é ganhar sua confiança.

“Se falar com ele como uma criança, eles se sentem seguros e acabam se dando conta do que fizeram, se arrependendo e colaborando”, afirma.

Com outros, os de tipo narcisista, o melhor é um interrogatório nos moldes tradicionais, com a imposição da força. “Os narcísios são auto-centrados e acham que todos os outros são lixo. É preciso se impor, algumas vezes pela força”, diz.

Ouimet não diagnostica diferenças no perfil dos praticantes deste tipo de crime que tenham relação com seus países de origem. “Com a internet, todos os pedófilos tendem a manter um modo de atuação semelhante, pois trocam informações via rede”, explica.

Segundo Adriana Scordamaglia, procuradora da República e organizadora do evento, a conversa serviu para que os membros do MPF-SP aprendessem a lidar melhor e a entender esse tipo de criminoso.

“Essa é apenas uma das iniciativas que estamos tomando aqui. Temos dentro do MPF um grupo de combate a crimes cibernéticos. estamos observando o crescimento assustador desse tipo de crime, e tomando mediadas para combatê-lo.”

Segundo ela, detectado o delito, a maior dificuldade hoje é a materialização do crime. “Ainda temos problemas, principalmente junto aos provedores de acesso em colher as provas materiais. Mas também é preciso dizer que hoje há um avanço bastante grande nesse sentido. Aos poucos todos estão se conscientizando que é preciso agir. E rápido”, diz.

De acordo com Adriana, no segundo semestre o MPF-SP deve trazer outra autoridade no assunto para a atualização dos conhecimentos de grupo de trabalho. “Ainda estamos em negociações nesse sentido”, diz.

Fonte: Terra

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