Na última semana, os esforços para proibir os pais de submeterem seus filhos e filhas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) a “terapia de conversão” tiveram um impulso com a divulgação de um relatório do governo dos Estados Unidos que afirma que a prática é perigosa e deve ser extinta.

A administração de Barack Obama apoiou uma petição em abril para proibir a prática em todo o país e este relatório do Departamento de Abuso de Substâncias e Serviços de Saúde Mental (SAMHSA, do inglês Substance Abuse and Mental Health Services Administration) dá ainda mais respaldo científico para a causa.

“Acreditamos que a terapia de conversão para os jovens não está em seu melhor interesse e os fatos e as evidências [científicas] apoiam isso”, declarou em coletiva de impresa a conselheira sênior da Casa Branca, Valerie Jarrett, segundo reporta a agência de notícias Reuters. “Gostaríamos de apoiar, e temos apoiado [esta posição], tornando a prática ilegal para os jovens”, disse aos repórteres, observando que, no caso de adultos, eles podem “tomar suas próprias decisões” quando se trata de sua saúde.

Quatro estados americanos e Washington proibiram a prática entre menores e adultos vulneráveis desde agosto deste ano e mais 21 estados e Congresso têm considerado ou estão considerando a proibição. Um grupo de defesa LGBT, Human Rights Campaign, elogiou o relatório, dizendo que ele deve levar a uma proibição em todos os 50 estados.

Segundo especialistas, a terapia, que visa alterar a orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero, é muitas vezes realizada por profissionais sem licença e que têm treinamento religioso, não médico. A diretora de relações governamentais da Associação Psicológica Americana, Judith Glassgold, explica que tal terapia pode desencadear depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, ferir a autoestima e levar ao abuso de drogas e comportamentos sexuais de risco.

“Terapias de conversão ou outros esforços para mudar a orientação sexual, identidade ou expressão de gênero não são eficazes, reforçam estereótipos de gênero nocivos e não são tratamentos de saúde mental adequados”, afirma a Especialista Especial de Assuntos LGBT do SAMHSA, Elliot Kennedy.

[b]Cura gay[/b]

No Brasil, a prática foi batizada de “cura gay” e é informalmente realizada em diversas igrejas que pregam que orientações sexuais, identidades de gênero e expressões de gênero não-hetenormativas são anormalidades e uma forma de pecado.

O termo foi popularizado em 2013, quando a bancada evangélica da Câmara dos Deputados e o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), à época presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, aprovou a proposta do deputado Anderson Ferreira (PR-PE) anulando trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que proíbe os profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento para a homossexualidade e que também veda manifestações que reforcem preconceitos sociais em relação aos homossexuais.

À época, a medida foi condenada pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo próprio CFP que proíbia, desde 1999, que o profissional da área trate a homossexualidade como doença ou desordem psíquica.

[b]Fonte: hypescience[/b]

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