A reportagem publicada em 15 de janeiro de 2008 pela revista semanal CartaCapital, que falava sobre a convocação do jogador Ricardo Izecson Santos Leite, o Kaká, para prestar esclarecimentos sobre suas relações com Estevam Hernandes Filho e Sonia Haddad Moraes Hernandes, líderes da Igreja Renascer em Cristo, pode ter sido baseada em documentos falsos.

A Justiça paulista confirmou oficialmente que os documentos não existem depois que o advogado do casal, Luiz Flávio Borges D´Urso, pediu esclarecimentos sobre a reportagem. Com o título de “Fé, Família e Dinheiro”, CartaCapital afirmava que o promotor paulista Marcelo Mendroni, em ofício enviado à Justiça de Milão, na Itália, queria que Kaká esclarecesse quais eram suas relações com os líderes da igreja Renascer. À Justiça, o promotor Mendroni disse que “o que não está nos autos, não está no mundo”, afirmando que não fez o pedido que a revista publicou.

A semanal publicou cópia fotográfica do documento que teria sido enviado à Justiça italiana. O texto descrevia que o apoio pessoal do jogador Kaká à família Hernandes tinha despertado o interesse da Justiça brasileira, e que, por isso, Mendroni teria mandado um ofício à Itália, pedindo que Kaká prestasse depoimento como testemunha e esclarecesse o grau de amizade e relação com Estevam e Sônia Hernandes.

O texto ainda especulava que a opção religiosa de Kaká não era bem vista pela mãe de Caroline, sua esposa, Rosangela Lyra, e que Rosangela nunca teria aceitado completamente a conversão de Caroline à Renascer.

A reportagem repercutiu amplamente dentro e fora do país. A Igreja Renascer e a assessoria de imprensa do jogador Kaká desmentiram as informações e disseram que não foram procurados pela revista para comentar o ocorrido. CartaCapital disse que todas as informações da reportagem foram checadas e apuradas com outras fontes. “Se você tivesse um documento importante e oficial como a petição de um promotor para investigar as relações de Kaká com a Renascer, você o entrevistaria antes?”, justificou o autor do texto, o jornalista Paolo Manzo.

Em entrevista ao site Consultor Jurídico, Manzo disse que “o promotor Mendroni confirmou a existência do ofício e disse que ele seria encaminhado pela segunda vez à Justiça italiana, porque da primeira vez o documento voltou por um erro formal”. Ele garante que esteve com o promotor, que confirmou a autenticidade do documento. E que Mendroni assinou o pedido de esclarecimento.

A revista afirmou que usou informações do promotor Marcelo Mendroni e outras de domínio público, apuradas pela Folha de S.Paulo e pelo jornal italiano La Gazetta dello Sport. No site da CartaCapital, o repórter disse que seu único engano foi atribuir o cargo de juiz ao promotor Marcelo Mendroni. “Tudo que escrevi é autêntico”, disse.

Em seu site, a revista também publicou: “CartaCapital faz questão de acentuar que o promotor, embora não desminta a autenticidade do documento publicado há duas semanas, não foi fonte da revista, não procurou a imprensa e não deu entrevistas sobre o assunto a quem quer que seja.”

Em entrevista ao Portal IMPRENSA, Sergio Lirio, redator-chefe da CartaCapital, declarou que em setembro do ano passado, as perguntas foram enviadas ao Ministério Público de São Paulo, que as repassou ao Ministério da Justiça brasileiro. Este recebeu a solicitação em português, mas como iria para a Itália, deveria estar em italiano. Após as mudanças necessárias, o Ministério da Justiça afirmou que não havia nenhum problema na solicitação.

“O documento não é falso, ele existe e está no Ministério da Justiça. Tivemos uma respostas do Ministério Público afirmando que o documento foi enviado à Promotoria em Milão. E nossa matéria nunca acusou Kaká, apenas sugerimos que o jogador esclarecesse os fatos”, explicou Lirio.

D´Urso diz que está tomando todas as providências jurídicas cabíveis. Ele já pediu que os fatos sejam investigados. “Tudo o que foi noticiado não tem qualquer fundamento. Simplesmente não existe. Por conta disso, vamos tomar todas as providências cabíveis contra quem de direito, já que foi causado enorme constrangimento para o casal Hernandes e obviamente para o próprio Kaká”, disse o advogado à reportagem da revista ConJur.

Líderes da igreja Renascer em Cristo, que tem 2 milhões de seguidores e 1,2 mil templos, Sônia e Estevam Hernandes cumprem pena de dez meses de prisão nos Estados Unidos por entrarem irregularmente com US$ 56 mil no país. No Brasil, os dois são processados por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato. O promotor Mendroni é acusado de perseguir sistematicamente o casal.

Fonte: Midiacon News

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