Não se sabe se o motivo é a sua boa aparência ou o seu trabalho no sempre tão sério Vaticano, mas o fato é que o monsenhor Georg Gaenswein, o secretário do papa Bento 16, se viu subitamente transformado em alvo de piadas da mídia italiana.

Em um programa de rádio, Rosario Fiorello, um comediante, imitou Gaenswein jantando em um novo restaurante chamado “A Última Ceia”, no qual “uma porção de peixe era dividida entre 20 pessoas”. Ele usou um telefone celular cujo som de chamada era o coral da “Aleluia” de Handel.

E o próprio papa também é alvo de gozações. Na noite da última terça-feira, em um show na TV, o comediante Maurizio Crozza incorporou um papa Bento 16 ressentido com as comparações entre ele e o seu predecessor tão querido da mídia, o papa João Paulo 2º, que passou muitos anos adoentado antes de morrer. “O papa Wojtyla era capaz de fazer isso?”, gritou ele com dois criados, fazendo uma apresentação de sapateado. “Ou isso?”, acrescentou, fazendo malabarismo com três laranjas.

A popularidade das sátiras parecem ter enervado Gaenswein, que teria dito à agência de notícias italiana “Adnkronos” que esperava que as imitações “cessassem em breve”. Ele disse que não se opõe a sátiras, mas frisou que as atuais gozações “ofendem homens da igreja”.

O fato também gerou uma reação do “L’Avvenire”, um jornal da Conferência dos Bispos Italianos, que acusou os comediantes de praticarem um “fundamentalismo satírico”.

Em um editorial de primeira página na sexta-feira, o jornal reclamou de que as piadas são injustificadas. “Talvez a intenção secreta seja esperar que a igreja responda como alguns muçulmanos responderam a cartuns satíricos ou a artigo que criticavam o islamismo, para depois fazer um escândalo”, escreveu Carlo Cardia, especialista em direito. O jornal católico afirmou que não quer se engajar em discussões quanto à aceitabilidade das piadas sobre o papa.

“A sátira tem como alvos pessoas que fazem parte do topo do sistema eclesiástico”, disse em uma entrevista Gianluca Nicoletti, crítico da Radio 24. “A idéia é atingir os pontos mais fracos.”

O último papa foi alvo de algum humor, embora não a este ponto. E à medida que as piadas aumentaram, os principais jornais se apressaram a defender o direito de se fazer piadas sobre religião. “É difícil resistir à vontade de fazer uma gozação com um papa que parece ter sido criado em bibliotecas, e não no meio do povo”, opina Francesco Merlo, colunista do jornal “La Repubblica”.

Fonte: The New York Times

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