O conceito bíblico de prosperidade é muito diferente daquele difundido por igrejas evangélicas através da Teologia da Prosperidade. O alerta consta em carta pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista do Brasil sobre a Teologia da Prosperidade.

O estudo desse conceito deve levar em conta o conjunto dos textos da Bíblia e não apenas alguns em particular, como teólogos dessa corrente costumam fazer para sustentar suas idéias.

“Vivemos numa sociedade que busca a prosperidade a qualquer custo, renunciando a solidariedade, a justiça, o bem-estar dos outros, atitudes essas compatíveis à cidadania do Reino de Deus”, definem os bispos.

No Antigo Testamento, anuncia a carta, existem pelo menos dez palavras hebraicas diferentes que pertencem ao mesmo campo de significado: prosperar, ter êxito e sucesso, sair-se bem, fazer crescer, fortalecer, pacificar, ser frutífero, fartar-se e riqueza. “Portanto, a Bíblia tem seu próprio conceito de prosperidade”, diferente dos atuais.

Prioritariamente, avaliam os bispos metodistas, prosperidade não é obter vantagens pessoais ou ganhar dinheiro. Prosperidade, segundo a Bíblia, pode significar ser forte e corajoso, como Moisés o foi. Na oração de Neemias, prosperidade equivale a praticar a misericórdia. O povo de Deus entendia que fazer o bem e agir de modo correto era ser próspero.

Muitos textos bíblicos associam o êxito e o sucesso na vida com a conduta sábia, o discernimento e a perspicácia no trato com a instrução de Deus. Trazer a paz ao mundo também pode ser considerada uma atitude de sucesso. Uma definição bíblica que resume todas as demais diz que o próspero é uma pessoa que imita o agir de Deus. “O Salmo 1 mostra essa pessoa. É o justo”, aponta a Carta do Colégio Episcopal.

Para os bispos metodistas, “a idéia de prosperidade, espúria à Bíblia, é a mesma oferecida a Jesus por satanás. É uma prosperidade relacionada a dinheiro, lucro, êxito na vida e sucesso nos empreendimentos pessoais”. Na carta pastoral eles acrescentam: “O sistema de vida que a teoria da prosperidade defende está cheio de competições: patrão/empregado, nação rica/nação pobre. Quem é mais forte elimina o mais fraco”.

A carta pastoral, que traz a visão bíblica-teológica e a orientação dos bispos sobre o tema, destaca que o salmista e o profeta Jeremias denunciam a forma de prosperidade que é perigosa para a estabilidade e o bem-estar da vida humana, pois é uma prosperidade que tem no dinheiro, na promoção pessoal e no êxito empresarial o valor maior.

Fonte: ALC

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