A Suprema Corte de Justiça mexicana censurou nesta segunda-feira o arcebispo de Guadalajara, cardeal Juan Sandoval Iñiguez, que acusou o tribunal de aceitar subornos do chefe de governo da Cidade do México, Marcelo Ebrard, para aprovar a adoção de crianças por casais gays.

No início da sessão de ontem –na qual nove dos onze juízes avalizaram positivamente a medida em vigor na capital, ao afirmar que esta forma de adoção não se contrapõe à Constituição–, os magistrados reprovaram as declarações do religioso.

“Não se pode impunemente, amparado sob qualquer título, acusar 11 ministros do mais alto tribunal do país de corruptos e dizer que foram pagos para falar em certo sentido neste assunto que nos ocupa”, apontou o jurista Sergio Valls.

Ele criticou “a forma, o fundo com que se expressaram essas opiniões”, e considerou que “em um Estado laico como o nosso, deve haver uma absoluta separação entre a Igreja e o Estado”.

Ontem, Iñiguez disse que os membros da Suprema Corte foram subornados para aprovar a norma, assim como fizeram com o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo –o tribunal considerou válida na semana passada a modificação no Código Civil que autoriza essa forma de união, em vigor na Cidade do México desde março.

“Creio que não chegariam a essas conclusões tão absurdas e tão contra o sentimento do povo do México se não fosse por motivos muito grandes, e o motivo muito grande pode ser o dinheiro que dão a eles”, acusou o religioso neste domingo.

Durante a sessão de hoje, o presidente da Corte, Guillermo Ortíz Mayagoitia, propôs aos colegas que “nos somemos a esse voto de censura unanimemente”.

É a primeira vez em várias décadas que o tribunal formula uma declaração do tipo contra uma autoridade católica.

[b]Fonte: Folha Online[/b]

Comentários