Explosões na esplanada das Mesquitas levantam nuvens de fumaça que se elevam no ceú de Jerusalém. Policiais israelenses correm para o recinto para dispersar manifestantes que protestavam contra obras controvertidas no local.

Mohammed Manasra, 67 anos, sua mulher, Fátima, e sua filha conseguem, depois de mais de uma hora de tumulto a sair da esplanada, completamente cercada por centenas de membros armados das forças israelenses protegidos com escudos e capacetes.

“Nem tínhamos terminado de rezar quando os policiais e as forças especiais entraram na esplanada”, comenta o idoso, mostrando sua jaqueta rasgada durante a confusão.

“Eles entraram na mesquita Al-Aqsa e atiraram bombas de efeito moral. Nós nos deitamos imediatamente no chão”, prossegue Fátima. “Eles bateram nas pessoas, o imane fazia apelos à calma e pedia aos gritos que os policiais se retirassem”, continua, ainda sem fôlego.

Nas ruas da parte antiga da cidade, os jovens palestinos, que não têm o direito de entrar na esplanada desde terça-feira, acompanham os acontecimentos pela rádio ou a televisão nos bares vizinhos.

As imponentes portas de madeira em volta da esplanada são fortemente vigiadas. As ruas que levam à parte antiga de Jerusalém estão fechadas.

“Eles correram para cima da gente quando estávamos rezando. Onde está a liberdade de culto?”, pergunta, chocado, Abu Ahmed, reabrindo sua loja de roupas.

A alguma centenas de metros, o muro das Lamentações, o principal lugar santo dos judeus, está deserto, com exceção dos policiais e dos soldados.

No entanto, alguns grupos de turistas americanos e japoneses continuam suas visitas guiadas e pedem explicações sobre os motivos dos protestos muçulmanos, em meio ao barulho das explosões.

Israel iniciou terça-feira pesquisas arqueológicas antes de colocar pilares para sustentar uma rampa levando à porta dos magrebinos, um dos acessos à esplanada.

De acordo com os responsáveis pela proteção dos bens religiosos muçulmanos, as obras ameaçam as fundações da esplanada, o terceiro lugar santo do Islã depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita.

Na porta de Damasco, do outro lado da parte antiga de Jerusalém, a situação fica mais tensa. Jovens muçulmanos, que a polícia proibiu de entrar na esplanada, prosseguem sua oração.

Um homem se dirige à multidão: “Hoje vocês rezaram aqui porque a ocupação sionista proíbe vocês de ir à mesquita de Al-Aqsa. Temos que defender a mesquita!”. Policiais o detêm com brutalidade enquanto outros dispersam a multidão com granadas de gás lacrimogêneo.

Um homem ferido na cabeça é transportado na direção de enfermeiros.

“Eles nos provocam. As obras na porta dos Magrebinos são uma provocação, a proibição de ir rezar em Al-Aqsa imposta a todos os que têm menos de 45 anos é outra”, denuncia Maher Ruzmi, 33 anos.

“Rezamos na rua, e eles vêm para bater na gente. Tudo isso só aumenta a ira dos muçulmanos contra os judeus”, conclui.

Fonte: AFP

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