Um terço da população de sete dos países mais ricos do mundo admite saber “nada ou muito pouco” sobre a aids e o vírus HIV, revela uma enquete divulgada ontem na sede das Nações Unidas, às vésperas do Dia Mundial contra a aids, 1º de dezembro.

A pesquisa, feita pela empresa Ipsos por encomenda da organização beneficente cristã World Vision, dos Estados Unidos, reflete o conhecimento da doença e suas conseqüências em França, Reino Unido, EUA, Itália, Japão, Canadá e Alemanha, países do G7.

Apesar de haver cerca de 33 milhões de soropositivos no mundo, 25º parte dos 3.500 entrevistados nesses sete países considera que os problemas associados à epidemia da aids “foram exagerados” pela mídia.

Japão foi o país no qual os pesquisadores encontraram menor preocupação com a epidemia. Já o Canadá foi onde mais se manifestou empatia com os infectados.

Entre os dois extremos, por ordem de maior para menor conscientização, aparecem França, Alemanha, EUA, Itália e Reino Unido.

Embora a pesquisa não tenha perguntado as razões das atitudes, a World Vision considera que a persistência da ignorância se deve à idéia de que a doença é um problema distante, apesar da grande atenção recebida.

“A resposta é muito simples: a doença não é para eles algo próximo, não tem um rosto e é algo que acontece em lugares remotos”, disse o presidente de World Vision, Richard Stearns.

A pesquisa mostrou que só um terço dos entrevistados conhecia uma pessoa afetada pela aids ou pelo HIV.

Os avanços conseguidos no combate à doença e a assistência recebida nos países desenvolvidos contribuíram para tirar a aids do primeiro plano, acrescentou Stearns.

Ironicamente, aponta o estudo, 80% dos entrevistados acham que os Governos devem fazer mais para ajudar os milhões de órfãos causados pela aids, especialmente na África, e 44% estão dispostos a pagar mais impostos para isso.

Além disso, 90% consideram que o mundo tem a “obrigação moral” de tentar prevenir a transmissão do vírus.

O diretor em Nova York do Programa das Nações Unidas sobre HIV-aids (Unaids), Bunmi Makinawa, advertiu que a recente revisão das estatísticas de infectados não deve alimentar o desinteresse no combate à doença.

O programa recentemente reduziu em 6 milhões o número de infectados estimados, dos 39 milhões utilizados como base no ano passado, o que foi atribuído a uma mudança de metodologia.

“O fato é que o número continua sendo muito alto e é a pior epidemia enfrentada pela humanidade”, ressaltou Makinawa durante a apresentação da enquete.

Para Stearns, o resultado do estudo aponta para a necessidade de identificar perante a opinião pública casos concretos das conseqüências devastadoras da aids e do aumento da pressão sobre os governantes para ampliar a assistência aos infectados.

Fonte: EFE

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