O Vaticano pediu nesta sexta-feira que os governos de todo o mundo descriminalizem a homossexualidade, mas ressaltou que não defende o casamento gay e que a resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o assunto foi longe demais.

“A Santa Sé continua a defender que todo sinal de discriminação injusta contra as pessoas homossexuais deve ser evitado, e pede aos Estados que retirem as penalidades legais contra elas”, afirma o Vaticano, em texto divulgado em seu site nesta sexta-feira.

O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, ressaltou, contudo, que a resolução da ONU sobre o tema “vão muito além” da descriminalização.

O Vaticano apontou para as categorias de “orientação sexual” e “identidade de gênero” no texto, dizendo que isso criará uma séria incerteza na lei –uma referência à conhecida preocupação do Vaticano com o casamento gay.

O observador permanente do Vaticano na ONU, o arcebispo Celestino Migliore, já havia alertado que o texto defendido pela Europa poderia levar a uma discriminação inversa contra o casamento heterossexual.

“Se for adotado, podem ser criadas novas e implacáveis discriminações”, disse Migliore a uma agência católica de notícias da França. “Por exemplo, Estados que não reconheçam as uniões do mesmo sexo como um matrimônio serão expostos ao ridículo e sofrerão pressões.”

A Igreja Católica prega que os atos homossexuais são pecado, ainda que a homossexualidade em si não o seja. Ela se opõe ao casamento gay e, em outubro, um alto membro do Vaticano chamou a homossexualidade de “um desvio, uma irregularidade e uma ferida.”

Os defensores do texto europeu destacam que a homossexualidade ainda é motivo para punição legal em 77 países, sendo um crime passível de pena capital em sete deles. A lista inclui Irã, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen.

Um comunicado em oposição, defendido por países árabes e lido na ONU nesta quinta-feira (18) pela Síria, afirma que o texto europeu poderia levar à “normalização social, e possivelmente à legitimação, de muitos atos deploráveis como a pedofilia”.

“Nós notamos com preocupação a tentativa de criar “novos direitos” ou “novos padrões” pela má interpretação da Declaração Universal [dos Direitos Humanos] e tratados internacionais”, diz o texto dos países.

Fonte: AFP

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