O papa Bento 16 precisa ficar sozinho para decidir se encaminha ou não um polêmico papa da era nazista rumo à canonização, afirmou o Vaticano nesta sexta-feira, criticando uma aparente pressão de dentro da Igreja a favor do ex-pontífice.

O papa Pio 12 foi acusado por alguns judeus de fechar os olhos para o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, acusação que seus defensores e o Vaticano rejeitam.

O Vaticano emitiu um comunicado atipicamente forte horas após a mídia italiana citar o reverendo Peter Gumpel, chefe do grupo do Vaticano que trabalhou no processo sobre a santidade de Pio 12, sugerindo que Bento ainda não agiu por medo de prejudicar as relações com os judeus.

O Vaticano, citando matérias da imprensa, expressou que a decisão do Papa sobre a assinatura de decretos de beatificação “é de competência exclusiva do papa, que deve ficar completamente livre em suas avaliações e decisões”.

Alguns dizem que Pio não fez o bastante para salvar os judeus. O Vaticano e seus defensores judeus afirmam que ele trabalhou nos bastidores, porque a intervenção direta teria piorado a situação.

“VIRTUDES HEROICAS”

O departamento de canonização do Vaticano aprovou em 2007 um decreto que reconhecia as “virtudes heroicas” de Pio 12, dando um passo no longo processo por uma possível santificação iniciado em 1967.

Bento 16 ainda não aprovou o decreto, necessário para a beatificação, optando por um período de reflexão, nas palavras do Vaticano. A beatificação é o último passo antes da canonização.

Gumpel, principal defensor da santidade de Pio 12, disse que Bento 16 ficou “travado” por alguns encontros recentes com organizações judaicas.

“(Os grupos judaicos) disseram a ele em alto e bom som que se ele fizesse qualquer coisa a favor do papa (Pio), as relações entre a Igreja Católica e os judeus ficariam permanente e definitivamente comprometidas”, disse Gumpel, segundo a agência Ansa.

Grupos judaicos pediram ao Vaticano para paralisar o processo até que sejam feitos mais estudos sobre os registros do período da guerra.

Fonte: Reuters

Comentários