O processo de beatificação de irmã Dulce deu um importante passo nesta terça-feira (20), quando a Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano anunciou a concessão, à freira baiana, do título de “venerável”.

Com o isso, irmã Dulce está mais perto de integrar o altar dos santos católicos. O título de beata pode ser concedido ao Anjo Bom da Bahia, como ficou conhecida a freira baiana, até o início de 2010. O processo começou a correr no Vaticano em 2000. A freira faleceu em 13 de março de 1992, em Salvador, aos 77 anos.

Segundo o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, a Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano, colégio de cardeais e bispos que analisa os processos de beatificação, decidiu por unanimidade, em reunião realizada na semana passada, pelo reconhecimento da religiosa.

Embora a freira já possa ser considerada “venerável”, ainda falta a formalização do processo por parte do Papa Bento 16, o que deve ser anunciado até junho. Entretanto, não há relatos de que um papa tenha contrariado uma decisão unânime do colegiado.

“Com o título de venerável, a religiosa é oficialmente reconhecida pela Santa Sé como serva de Deus, que teve a vida pautada por realizações em benefício do próximo. A condecoração prova que irmã Dulce merece ser beatificada e futuramente tornar-se santa, com a canonização”, defendeu o padre Manuel de Oliveira, da Arquidiocese de Salvador.

Para que irmã Dulce seja considerada beata é necessário a confirmação de um milagre ocorrido por intercessão da religiosa, o que já está sendo analisado por uma equipe de médicos e cientistas no Vaticano.

Uma mulher em Sergipe foi desenganada pelos médicos durante o parto. Desesperados, os familiares entregaram a ela uma relíquia de irmã Dulce e por meio de orações pediram a intervenção da religiosa no caso. O quadro foi revertido, sem que os médicos conseguissem explicar.

A partir da beatificação, a freira já poderá ser cultuada na Bahia. Para torna-se santa, porém, será necessário a comprovação de mais um milagre. Outros relatos também já foram encaminhados à Santa Sé, que, no entanto não dá informações a respeito.

Conforme Maria Rita Lopes Pontes, sobrinha de irmã Dulce e presidente das Obras Assistências deixadas pela freira, existem no Memorial Irmã Dulce, construído em Salvador, relatos de mais de 5.000 graças alcançadas por intercessão do Anjo Bom da Bahia.

Outra baiana em busca da santidade

O desenrolar do processo burocrático pela beatificação de irmã Dulce tem transcorrido de forma mais lenta que o de outra baiana, a irmã Lindalva Justo de Oliveira, beatificada em novembro de 2007.

Segundo o cardeal Geraldo Majjela, essa rapidez no caso de irmã Lindalva deve-se ao fato de ela ter sido considerada “mártir religiosa”. “Nessa condição, não há necessidade de comprovação de milagre”, explica.

Irmã Lindalva foi assassinada com 44 facadas, aos 39 anos, por um interno do abrigo Dom Pedro II, Augusto Peixoto, à época com 46 anos, quando servia o café, no dia 9 de abril de 1993. O motivo teria sido uma paixão obsessiva que ele nutria pela religiosa. Por essa razão, o processo, iniciado em janeiro de 2000, queimou etapas.

Maria Rita Pontes, nome de batismo de irmã Dulce, era devota de Santo Antônio e iniciou-se no trabalho em prol dos mais pobres e excluídos da sociedade aos 13 anos, ajudando mendigos pelas ruas da capital baiana. Aos 18 anos, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição e se entregou à vida celibatária.

Posteriormente, na fase adulta, criou as Obras Assistências Irmã Dulce, entre as quais destaca-se o Hospital Santo Antônio, um dos mais procurados pela população de baixa renda na Bahia.

Fonte: UOL

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