Uma delegação do governo chinês foi recebida em sigilo na terça-feira por autoridades do Vaticano para discutir as manifestações no Tibete violentamente reprimidas pela China, informou a agência de notícias católica I.Media.

A notícia não foi confirmada nem desmentida pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, procurado pela AFP.

Segundo a I.Media, o encontro havia sido marcado com antecedência e foi decidido após as reuniões realizadas em novembro de 2007 em Pequim pelo monsenhor Pietro Parolin, subsecretário de Relações com os Estados (vice-chanceler) da Santa Sé.

Na semana passada, especialistas do Vaticano e representantes chineses participaram de um seminário em Roma sobre a vida da Igreja na China.

A Santa Sé, que rompeu relações diplomáticas com a China em 1951, trabalha há alguns anos para se reaproximar de Pequim, com o objetivo de reunificar a Igreja Católica do país, atualmente dividida entre a “oficial”, reconhecida pelo governo, e a clandestina, fiel ao Papa.

Segundo dados do Vaticano, existem entre 8 e 12 milhões de católicos na China. As estimativas do governo chinês calculam 5 milhões de católicos e 70 bispos.

A Igreja Católica voltou a manifestar, no dia 13 de março, em um comunicado, sua vontade de manter um “diálogo construtivo e respeitoso com as autoridades civis” da China.

Bento XVI rompeu o silêncio na quarta-feira sobre os últimos acontecimentos no Tibete, e convidou as partes ao “diálogo” e à “tolerância”.

“A violência não resolve os problemas, só os agrava”, afirmou o pontífice, que reconheceu acompanhar “com grande ansiedade as informações que chegam até nós nestes últimos dias sobre o Tibete”.

O Papa tinha evitado até então se referir à situação no Tibete e à repressão violenta sobre as manifestações que acontecem desde o dia 10 de março, o que foi considerado um gesto prudente para não irritar o governo chinês, com quem o Vaticano mantém relações delicadas.

Fonte: AFP

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