Uma declaração feita pelo vereador Zenildo Nunes, de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, causou polêmica. Durante uma sessão na Câmara de Vereadores da cidade, o parlamentar atribuiu a falta de chuva e a seca do Rio São Francisco a uma estátua, construída e colocada sobre pedras do Velho Chico, entre as cidade pernambucana de Petrolina e Juazeiro, na Bahia. Depois da repercussão, o vereador voltou atrás e procurou minimizar os efeitos das frases ditas na tribuna.

[img align=left width=400]http://s2.glbimg.com/JXlDln3qMhCUGwNwS9NzkHQuLDc=/620×465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/10/13/dsc_4608.jpg[/img]“Depois que colocaram a estátua, nunca mais choveu em Petrolina”, disse o vereador, destacando que a estátua de Iemanjá, ou Mãe d’água, é responsável pela estiagem prolongada na região. Ele foi além e disse que o rio continuava secando e que a situação só iria melhorar quando tirasse a estátua. Depois da repercussão, Zenildo disse que foi mal interpretado. Segundo ele, o problema está na forma como a estátua foi construída dentro do rio.

“Não tenho nada contra a imagem e nada contra Iemanjá ou a Mãe D’água, tenho carinho e respeito pelos devotos. Eu sou contra, da forma como foi construída, como foi levada para o rio, porque ali foi barro, foi cimento, areia. Pode ter um material que não se dá bem junto com água. Acho que a imagem poderia ter sido construída em outro local, próximo ao rio, mais não ali. Estamos em campanha de preservação do Rio e o que eles levam para lá?”, argumentou Zenildo.

Depois do pronunciamento de pessoas que foram contrárias as palavras do parlamentar, Zenildo disse que já procurou reverter a situação. “Conheço pessoas que são devotas e que votam em mim. Eu acho que as pessoas devem escolher o tipo de religião que querem. Durante um evento público, realizado no fim de semana tive a oportunidade de me desculpar perante as pessoas que entenderam de forma errada o que eu falei. Eu tive essa humildade”, explicou o vereador. O parlamentar disse ainda que pretende fazer um pronunciamento durante uma sessão ordinária, na Câmara de Vereadores.

Sobre a forma como a estátua foi construída e sobre as críticas do vereador, o autor da obra, Lêdo Ivo, foi categórico. “Achei engraçado. Francamente não dá para interpretar de outro jeito, a não ser como uma piada. Eu nem queria comentar, porque é irrisório. Não é uma crítica de arte, não é uma crítica social. Sobre a forma como foi construída, levei ela pronta para as pedras, que antes eram insignificantes, que ninguém prestava atenção, mas hoje, as pessoas param para ver. Então, não teve essa questão de degradação do rio”, explicou Lêdo Ivo. O autor da obra disse ainda que a imagem foi construída por ele, em parceria com um empresário da região e teve autorização do prefeito para colocar a estátua no local.

Já o babalorixá, Adeilson Ty Logun Edé, representante do candomblé, destacou que o comentário veio de uma pessoa que não entende nada sobre a religião. “Particularmente acho que é uma pessoa ignorante. Aquela imagem não tem nada a ver com o que ele se pronunciou. Até onde eu vi, o que ele disse é de alguém mal informado”, disse.

Adeilson classificou ainda como uma forma de preconceito e disse que algumas pessoas que seguem a religião, sentiram-se incomodadas. “Não deixa de ser preconceito com a nossa religião. É uma imagem que existe em muitos outros lugares, como em Salvador, e nem por isso falta chuva na região. Ele não pode atribuir a seca, a imagem que foi colocada do rio. Acho que antes de falar, as pessoas precisam se informar um pouco mais, para depois não repercutir uma polêmica tão grande, que atingiu uma grande multidão, um número maior de pessoas, que se revoltam e que se sentiram-se atingidos com essas palavras”, destacou.

[b]Fonte: G1[/b]

Comentários