O senador e bispo Marcelo Crivella (PRB-RJ) divulgou nota na qual contesta reportagem veiculada pela TV Globo dizendo que seus assessores haviam negociado com o tráfico uma espécie de pacto de não-agressão entre militares e traficantes do morro da Providência, região central do Rio de Janeiro.
“É falsa a informação de que um assessor do meu gabinete tenha negociado qualquer acordo com o tráfico do morro da Providência”, diz.
“O Comando do Exército nega a existência de qualquer relatório oficial que comprove tais afirmações, decidindo, inclusive, instaurar imediatamente inquérito administrativo para apurar vazamentos de informações sobre fatos não comprovados. Até porque, caso houvesse tais comprovações, o Exército seria obrigado a comunicar o ocorrido, imediatamente às autoridades policiais do Estado”, diz.
Crivella insinua que a reportagem visa a prejudicar a “boa aceitação pelo eleitorado do Rio de Janeiro”, nas pesquisas de intenção de voto para prefeito. O pré-candidato do PRB também repudia “qualquer tentativa de associar essa infâmia aos trágicos acontecimentos da última sexta-feira no morro da Providência, onde três jovens foram barbaramente assassinados”.
O parlamentar ainda afirmou que sua participação no projeto Cimento Social – desenvolvido no morro da Providência com a colaboração do Exército Brasileiro – faz parte de sua atividade parlamentar. “O que fiz foi unicamente apresentar e defender a importância do projeto para o resgate social de ampla parcela de nossa população mais humilde e garantir os recursos orçamentários necessários à realização da obra”, afirma.
Jovens entregues a rivais
Marcos Paulo da Silva Correia, 17 anos, David Wilson Florêncio, 24 anos, e Wellington Gonzaga da Costa, 19 anos, voltavam de um baile funk, na manhã do dia 14 de junho. Segundo testemunhas, eles foram detidos no morro da Providência e teriam sido entregues por militares do Exército a um grupo de traficantes do morro da Mineira, no Estácio, zona norte.
Os três foram torturados e mortos. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), Wellington teve as mãos amarradas e corpo perfurado por vários tiros. David teve um dos braços quase decepado e também foi baleado. Marcos morreu com um tiro no peito e foi arrastado pela favela com as pernas amarradas. Os corpos foram encontrados no dia 15, no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Leia a íntegra da nota:
“A propósito da reportagem exibida ontem no Jornal Nacional e no Jornal das 10 da Rede Globo de Televisão, sob o título “Assessores de Crivella Negociam com o Tráfico” venho a público esclarecer que:
1. É falsa a informação de que um assessor do meu gabinete tenha negociado qualquer acordo com o tráfico do morro da Providência. O Comando do Exército nega a existência de qualquer relatório oficial que comprove tais afirmações, decidindo, inclusive, instaurar imediatamente inquérito administrativo para apurar vazamentos de informações sobre fatos não comprovados. Até porque, caso houvesse tais comprovações, o Exército seria obrigado a comunicar o ocorrido, imediatamente às autoridades policiais do Estado.
2. É falsa também a afirmação de que o senhor Gilmar de tal seja assessor do meu gabinete. Não é e nunca foi.
3. Se em algum momento qualquer assessor praticar um ato ilícito será afastado.
Reitero que minha participação no projeto do Cimento Social é, na essência, o exercício da atividade parlamentar que me foi confiado pelo povo do Rio de Janeiro. O que fiz foi unicamente apresentar e defender a importância do projeto para o resgate social de ampla parcela de nossa população mais humilde e garantir os recursos orçamentários necessários à realização da obra.
Por fim, lamento, e acho estranho, que essa matéria anteriormente publicada pelo Jornal Extra, volte a ser veiculada às vésperas do início da disputa eleitoral, e exatamente quando o meu nome aparece com boa aceitação pelo eleitorado do Rio de Janeiro nas pesquisas de intenção de voto.
Repudio qualquer tentativa de associar essa infâmia aos trágicos acontecimentos da última sexta-feira no morro da Providência, onde três jovens foram barbaramente assassinados.”
Fonte: O Dia