Membros da organização Front de Defensores do Islamismo (FPI), em Tangerang, na província de Banten, enfrentaram e ameaçaram matar o líder cristão Bedali Hulu quando o homem fazia uma visita à sua sogra, que mora em uma casa alugada e que servia como local de culto para a sua congregação.
Nos últimos 18 meses, a igreja de Bedali, que é a Igreja Cristã Batista de Jacarta (GKJB), luta pelo direito de promover cultos na vila de Pisangan. Em breve, os membros levarão o caso até a justiça na esperança de conseguir uma solução definitiva para a disputa.
O ataque do último dia 4 de junho, por muçulmanos membros da organização FPI, foi o último de uma série. Na semana passada, durante uma pequena reunião na casa de um dos membros da igreja – apenas uma refeição e alguns cânticos – integrantes do FPI apareceram e repetiram as ameaças que tinham feito em novembro do ano passado, de atacar as casas dos cristãos se as reuniões continuassem.
Até janeiro de 2007 a congregação se reunia na casa alugada por Bedali. Entretanto, depois de seguidas ameaças, a igreja começou a alternar suas reuniões em casas de vários membros.
Bedali começou a igreja em junho de 1995 e realizou os cultos em sua casa até dezembro de 2006, sem que nenhum vizinho reclamasse. Ele obteve uma permissão por escrito para realizar os cultos de uma autoridade local e a igreja foi registrada pelas autoridades de Assuntos Religiosos.
Campanha de intimidação
Entretanto, enquanto a igreja planejava uma celebração de Natal em dezembro de 2006, membros da FPI começaram uma campanha de intimidação com o objetivo expresso de acabar com a atividade cristã “ilegal” na vila.
De início, a FPI enviou uma carta à igreja avisando que não continuassem com o programa de Natal. Bedali imediatamente avisou à polícia, que providenciou segurança durante a celebração – mas depois, tomou partido da FPI.
Em novembro de 2007, Bedali prestou queixa contra a FPI pelas ameaças as casas dos membros da igreja. A polícia, entretanto, perdeu o documento, o que forçou Bedali a prestar uma segunda queixa em janeiro.
O advogado Djawadin Saragih aconselhou Bedali a prestar uma terceira queixa no dia 21 de maio, citando as contínuas ameaças dos membros da FPI.
Desde então, Bedali Hulu se mudou para outra residência alugada, deixando sua sogra na casa onde eram realizadas as reuniões.
No dia 4 de novembro, enquanto as crianças estavam na escola dominical na igreja, um grupo de aproximadamente 10 integrantes da FPI invadiu a reunião. Bedali imediatamente relatou o incidente à polícia.
Bedali encontrou com líderes da FPI e autoridades locais em 8 de novembro, mas não houve nenhum acordo.
Caça aos cristãos
No dia 19 de novembro, vários integrantes do FPI enviaram uma carta a Hulu intimando-o e à sua família a deixar a vila em seis dias ou então, os extremistas o caçariam. A polícia aconselhou Bedali a deixar a vila por algum tempo, mas sua esposa e sogra puderam permanecer.
Quando Bedali Hulu prestou uma nova queixa, a polícia o chamou para uma reunião na casa de um dos líderes da FPI, Habib Muhammad Assegaf. Durante a reunião, Hulu e sua esposa receberam uma mensagem de um dos membros de sua igreja dizendo que uma pequena quadrilha tinha atacado a igreja, quebrado janelas e roubado algumas coisas, incluindo a cruz. A quadrilha também teria obrigado a sogra do líder cristão a deixar a propriedade.
No dia 22 de novembro, Bedali informou mais uma vez à polícia de Tangerang sobre o incidente. A polícia deu a ele duas opções: voltar para Pisangan e parar com toda sua atividade religiosa ou buscar os meios legais. Cansado da constante pressão, Bedali Hulu prestou queixa oficialmente.
O líder da FPI de Pisangan, conhecido apenas por Ocit, disse que se Bedali não retirasse as queixas, os integrantes da organização destruiriam as casas dos membros da igreja.
Hostilidade, intimidação
As ameaças de novembro fizeram parte de uma série de tentativas de fechar a igreja. No dia 4 de janeiro de2007, poucas semanas depois da celebração de Natal, uma quadrilha incitou membros locais da FPI a cercarem a igreja durante um culto de domingo e exigirem que os cultos parassem uma vez que a igreja não possuía uma licença permanente para culto.
Um decreto sobre Organização Ministerial promulgado em 1969 e revisto em 2006 requer que uma congregação de 90 membros tenha a aprovação de 60 vizinhos e das autoridades locais para poder estabelecer um local de culto. Os líderes da igreja dizem que é praticamente impossível conseguir uma licença.
Em janeiro 2007, a Igreja Cristã Batista de Jacarta tinha aproximadamente 12 membros adultos e pouca esperança de chegar aos 90. Entretanto, Bedali conseguiu de uma autoridade local, uma permissão escrita para dirigir cultos em sua casa.
Ele conta que levou o incidente de janeiro de 2007 ao conhecimento da polícia, que pediu que parasse com os cultos. Quando se negou a fazer isso, alguns membros da FPI trancaram a casa e ficaram com as chaves.
Enquanto ia para a reunião com Habib Muhammad Assegaf, a polícia entregou um papel a Bedali que continha as exigências da FPI: que os cultos domésticos terminassem e a igreja entrasse com um pedido de licença permanente.
Sob pressão, Bedali assinou o acordo e a igreja começou com os cultos em uma casa diferente por semana. Eles continuaram com essa estratégia até outubro, quando Ocit, líder da FPI, e seu associado Atang Kosasih mais uma vez ameaçaram Bedali e disseram que não tolerariam nenhuma atividade religiosa ilegal na vila.
Em novembro, a congregação decidiu transferir os cultos para uma cidade próxima enquanto durar seu processo contra a FPI.
Fonte: Portas Abertas