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Mundo está mais feliz hoje do que há 25 anos, diz estudo

Um estudo realizado em 52 países apontou que nos últimos 25 anos, o mundo se tornou um lugar mais feliz. O levantamento, realizado pelos centros de pesquisa World Values Survey e European Values Study, entrevistou cerca de 1.400 pessoas em cada um dos países analisados e comparou os resultados com os obtidos em 1981.

As entrevistas, realizadas entre 2006 e 2007, mostraram que do total de países envolvidos na enquete, 45 registraram aumento em seus índices de felicidade. Entre eles, o Brasil.

O estudo, divulgado na publicação especializada Journal of Personality e Social Psychology, foi reproduzido pela revista científica New Scientist.

Segundo os dados, o segredo para a felicidade para a maioria dos entrevistados seria uma combinação entre prosperidade econômica, democracia, liberdade individual e uma sociedade tolerante.

Entre os que mais melhoraram seus índices de felicidade estão a Ucrânia, Moldávia e Eslovênia. Na outra ponta da lista estão Hungria, Índia e Austrália.

América Latina

Na América Latina, a maioria dos entrevistados no México, Argentina e Brasil disse se sentir feliz. De acordo com Roberto Foa, um dos pesquisadores da Universidade de Washington envolvidos no estudo, os países da América Latina em geral “aparecem no topo do ranking de felicidade”.

“Apesar de não serem os mais ricos, esses países dão grande importância aos valores de família e têm grande orgulho da nação”, disse o pesquisador.

“As tradições de família nas sociedades latino-americanas servirão para que as pessoas se satisfaçam com o que têm ao mesmo tempo em que a situação econômica e política de seus países avançou”.

Dinheiro e felicidade

Segundo a revista, os resultados desafiam estudos anteriores de que os níveis de felicidade não aumentam com a melhoria dos indicadores econômicos – o que já levou a conclusões por muitos de que “dinheiro não compra felicidade.”

Tais pesquisas, no entanto, concentravam-se em países que já eram ricos, enquanto o último estudo analisou também países pobres e em desenvolvimento.

Eles concluíram que crescimento econômico é um dos responsáveis pela felicidade de habitantes de países cuja renda per capita é inferior a US$ 12 mil.

Fonte: BBC Brasil

Arcebispo de Bagdá denuncia seqüestros de cristãos

O arcebispo latino de Bagdá, dom Jean Benjamin Sleiman, disse nesta sexta-feira que “os cristãos iraquianos se sentem profundamente vítimas de injustiças, porque nunca se envolveram no conflito interno do país”.

O prelado fez tal afirmação durante uma entrevista à fundação ‘Ajuda à Igreja que Sofre’. “Temos muitos problemas, sobretudo o aumento dos seqüestros”, acrescentou dom Sleiman, referindo-se ao clima de insegurança no país, condenando ainda o silêncio dos meios de comunicação. “Pedimos ao governo que faça mais atenção a esses problemas e não somente à situação política geral”, ressaltou.

Segundo a fundação ‘Ajuda à Igreja que Sofre’, dom Sleiman sublinhou que existem vários casos de pessoas seqüestradas. Para o prelado as pessoas são seqüestradas por causa de dinheiro e em alguns casos se trata de fundamentalismo religioso.

Fonte: Rádio Vaticano

Vaticano alerta para o crescimento da “cristianofobia”

A “cristianofobia” é um problema crescente no mundo e deve ser combatida com a mesma determinação que a islamofobia e o anti-semitismo, disse o Vaticano nesta sexta-feira.

O arcebispo Dominique Mamberti, ministro de Relações Exteriores do Vaticano, fez a declaração ao comentar os ataques contra cristãos que nesta semana mataram pelo menos 13 pessoas no leste da Índia, obrigando milhares a fugirem para acampamentos do governo.

Numa conferência no norte da Itália, ele disse que a liberdade religiosa é um componente vital das relações internacionais e da dignidade humana. “A fim de promover esta dignidade de forma integral, a chamada ‘cristianofobia’ deve ser combatida de forma tão decidida quanto a islamofobia e o anti-semitismo”, afirmou.

Os incidentes na Índia, nos quais mais de 12 igrejas foram incendiadas, foram uma reação popular contra o assassinato de um líder hindu local. Grupos hindus acusam padres católicos de “comprarem” a conversão de hindus de castas inferiores. Os cristãos dizem que os hindus se convertem por iniciativa própria, para escapar ao complexo sistema de castas.

O papa Bento 16 condenou a violência contra cristãos no Estado de Orissa, mas lamentou também o assassinato do líder hindu.

A chancelaria italiana disse que vai convocar o embaixador da Índia para exigir uma “ação incisiva” que evite novos ataques aos cristãos.

Mamberti disse que 21 missionários católicos foram mortos no mundo em 2007, e lamentou que a população cristã do Iraque tenha diminuído de mais de 1 milhão antes da invasão norte-americana no Iraque para cerca de 500 mil.

Em julho, o papa pediu ao primeiro-ministro do Iraque, Nuri Al Maliki, maior proteção para a minoria cristã do país.

Em fevereiro, o arcebispo de Mosul (ligado aos caldeus, maior denominação cristã do Iraque) foi sequestrado e achado morto duas semanas depois.

Fonte: Reuters

Igreja inclinada na Holanda quer o título da famosa Torre de Pisa

A torre inclinada de uma igreja holandesa, localizada na cidade de Bedum, pretende para si o título da famosa Torre de Pisa, na Itália.

A construção data do século XII e reivindica o título de “a mais inclinada da Europa”, há séculos reconhecido à torre da localidade italiana de Pisa, que já foi objeto de numerosos congressos e debates.

Jacob van Dijk, um matemático aposentado, disse que as medições efetuadas na torre da Igreja de Walfridus, na cidade holandesa de Bedum, revelaram que a construção é “mais inclinada que a famosa obra arquitetônica italiana”. Na verdade, a Torre de Pisa perdeu parte de sua inclinação em conseqüência de uma obra de restauração por que passou.

Com seus 55,8m de altura, a Torre de Pisa possui uma inclinação de cerca de 4cm, enquanto a torre da Igreja de Walfridus, que mede 35,7m, tem uma inclinação de 2,61cm. “Se ambas as torres tivessem a mesma altura, a edificação de Bedum derrotaria a Torre de Pisa, porque teria 6cm de inclinação” _ argumenta Jacob van Dick.

Fonte: Rádio Vaticano

Tribunal de Justiça do RS autoriza aborto de feto anencéfalo

O Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul autorizou, nessa quinta-feira, a interrupção da gravidez de um feto clinicamente diagnosticado como anencéfalo. A autora da ação, de 39 anos, mora em Porto Alegre e foi à Justiça quando estava na 28º semana de gestação.

O juiz que analisou o processo de interrupção da gravidez indeferiu o pedido, em primeira instância, alegando impossibilidade jurídica. A gestante recorreu ao Tribunal de Justiça sob a alegação de que não havia, em seu caso, vida a ser protegida judicialmente.

Nessa quinta-feira, todos os desembargadores da 3ª Turma do TJ votaram a favor do fim da gravidez. Segundo o relator do recurso, Desembargador José Antonio Hirt Preiss, os anencéfalos não sobrevivem fora do útero, excepcionalmente atingem de dois a três dias. O desembargador Newton Brasil de Leão e a desembargadora Elba Aparecida Nicolli Bastos também compartilham da opinião de Preiss.

A notícia chega em um momento que Superior Tribunal de Justiça (STF) discute o tema. Nesta semana, alguns médicos foram ouvidos no STF e evitaram falar em aborto, que segundo eles, só ocorreria se o feto tivesse vida. Para eles, a “antecipação do parto” é necessária nestes casos, uma vez que um feto anencéfalo pode causar danos a saúde física e psicológica da gestante.

Do outro lado, os integrantes da igreja católica, como o ministro Carlos Alberto Direito, colocaram em dúvida a fidelidade dos exames que indicam anencefália. Conforme Direito, a medicina não dá diagnósticos absolutos.

Fonte: Portal O Tempo

Ministério da Justiça e CNBB discutem segurança pública

O Ministério da Justiça e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promovem hoje (29), no Hotel San Marco, em Brasília, o seminário Segurança Pública, Justiça e Cidadania. O encontro é preparatório à Campanha da Fraternidade de 2009, que terá como tema “Fraternidade e Segurança Pública”.

O assunto será debatido entre representantes de pastorais, do poder jurídico, de organizações profissionais, de conselhos de classe, como o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe).

Falarão na abertura o assessor de Assuntos Federativos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), Vicente Trevas, e o presidente da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (que ocorrerá em 2009), Alberto Kopittke.

Fonte: Agência Brasil

Candidato diz ser reencarnação de Getúlio Vargas

Denilson Alves (PDT), 42 anos, militar da reserva que concorre pela primeira vez a uma vaga na Câmara Municipal se diz a reencarnação do ex-presidente Getúlio Vargas. “É preciso muita coragem para me expor à sociedade brasileira”, diz o candidato.

Denilson acredita que vai mobilizar multidões a ponto de obter uma votação histórica como os feitos de Vargas, criador do salário mínimo, que se suicidou com um tiro no coração em 1954.

“Preciso apenas de espaço na mídia para conquistar o reconhecimento do povo. Com a minha força de vontade e poder espiritual vou conseguir puxar votos suficientes para tornar Paulo Ramos o próximo prefeito do Rio.”

No horário gratuito da TV, porém, Denilson optou por não fazer referência à ligação espiritual que diz ter com o ex-presidente, que ficou conhecido como o “Pai dos Pobres”. Sua aposta é na chamada teoria do reconhecimento.

“Se eu fiz o bem a você no passado, tenho certeza que você terá uma boa impressão de mim no presente”, explica o também estudante de serviço social e adepto ao racionalismo cristão, doutrina filosófica espiritualista na qual as pessoas são consideradas partículas que serão desenvolvidas e aperfeiçoadas durante as encarnações.

O candidato explica que o espírito que reencarna é aquele que não cumpriu toda a sua missão em vidas anteriores – caso dos suicidas, segundo sua doutrina:

“Vou dar continuidade à revolução de Getúlio com investimento na educação.

A revelação da ligação cármica, em 2005, é um capítulo à parte. De repente, teve visões de que caminhava por uma rua de terra batida quando viu um corpo fardado no chão com um tiro no peito.

“Quando olhei o rosto, era Getúlio Vargas, na lembrança da fatídica manhã de 24 de agosto de 1954. Aí, me vi dentro do Palácio do Catete, meu coração disparou, senti tanta dor no peito, não suportei e acordei”, conta. “Fui a São Borja (cidade natal de Vargas) e reconheci a rua do sonho.”

Fonte: Terra

EL PAÍS: Entre o mercado e o púlpito – igrejas evangélicas crescem em território católico

Centenas de igrejas evangélicas desembarcam na Espanha com os imigrantes. A porcentagem de protestantes na América do Sul é de cerca de 10% e, na América Latina já alcança 20% da população. Algumas organizações fazem negócios às custas da fé.

María Antonia Sánchez-Vallejo
Em Madri

Na América Latina se rompeu o monopólio da fé. O pluralismo e a concorrência dominam o cenário religioso; o proselitismo assume as leis do mercado – e as técnicas de comunicação multimídia – e parte de uma paróquia tradicional ou nominalmente católica passa para as igrejas evangélicas. Falar em transferência maciça não é exagerado: calcula-se que entre 10% e 20% da população sul-americana sejam protestantes, de 20% a 30% na América Central e mais de 31% na Guatemala. Exemplos do fenômeno do fundamentalismo cristão, as novas igrejas latinas arrastam massas populares e começam a exportar pastores. Também para a Espanha: os imigrantes reproduzem suas comunidades religiosas ou as criam novamente, o que os ajuda a salvar-se do isolamento da imigração. Surgem “como cogumelos” – nas palavras de um pastor protestante – igrejas livres, autônomas, informais, o que também representa um risco de penetração de seitas ou grupos de filiação duvidosa.

O Vaticano considera uma “sangria que não pode ser parada” a deserção dos católicos – no caso de que o fossem anteriormente – para as fileiras protestantes e a atribui a um “proselitismo agressivo” – os termos entre aspas são declarações do papa Bento 16 -, mas os evangélicos aproveitam a distância secular, na sua opinião, entre o clero e os fiéis católicos para ganhar terreno. São protagonistas desse fenômeno as igrejas pentecostais, que salientam a ação direta do Espírito Santo e seus dons – a cura, a profecia ou o dom das línguas -, o que na prática se substancia em cerimônias participativas, inclinadas ao êxtase coletivo. Pentecostais são os pregadores que, na América Latina e na Espanha, dominam as ondas ou as antenas de várias rádios e televisões locais. Pastoreiam comunidades formadas majoritariamente por fiéis de baixo nível social e, no caso dos imigrantes, de seres que regulam sua nova vida através da experiência religiosa. Mas por trás de algumas siglas ou nomes há interesses equívocos, quando não negócios – às vezes autênticas multinacionais – em nome da fé.

O que representa essa proliferação de novos movimentos religiosos na América Latina? E na Espanha, representa algum desafio? Há algum filtro, modos de garantir a idoneidade das novas igrejas? “Na Espanha há cerca de 2.600 igrejas evangélicas, e 2.100 estão registradas em nossa federação. O resto não se inscreve porque é muito recente, ou porque estão em processo de constituição ou porque não querem”, afirma Mariano Blázquez, secretário-executivo da Federação de Entidades Religiosas Evangélicas da Espanha (Ferede), interlocutora diante do governo espanhol. À lista de igrejas oficiais somam-se centenas de igrejas espontâneas, às vezes efêmeras. “(No âmbito protestante) os grupos não precisam da aprovação de um bispo ou de uma hierarquia para funcionar. Qualquer um pode criar uma igreja, e essa é exatamente nossa grande fraqueza. Não podemos evitar excessos ao amparo da liberdade. O único que podemos fazer na Ferede é explicar qual é a realidade espanhola e acompanhá-los no processo de constituição. Os únicos limites são a legislação espanhola e o Evangelho”, conclui Blázquez, que confirma um desembarque “difícil de controlar”. Blázquez e os demais especialistas consultados franzem a testa quando se levanta o argumento das seitas. “Prefiro falar de atividades delituosas ou que possam afetar a personalidade. ‘Seita’ não tem uma conotação jurídica, mas por trás de algumas igrejas há atividades que podem ser perseguidas. É isso que é preciso denunciar, trate-se de uma igreja ou de um clube de futebol”, afirma.

O representante da Ferede se refere concretamente à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), também denominada Pare de Sofrer em muitos países latino-americanos e investigada no Brasil e na República Dominicana por fraude fiscal, malversação de fundos e suposta lavagem de dinheiro do narcotráfico, cujo exemplo El País pôs na mesa discutir o problema das seitas. A alusão não é gratuita. Com outro nome – Comunidade Cristã do Espírito Santo -, a IURD está inscrita desde 1993 no Registro de Entidades Religiosas do Ministério da Justiça da Espanha. Mas não está na Ferede, embora Blázquez lembre que não é obrigatório.

A que se deve a rejeição de seus pares? “Ao mercantilismo, à perversão do Evangelho. Vendem a água do rio Jordão e cruzes bentas, tudo isso é alheio a nós. Mas foram eles que retiraram o pedido de registro. É claro que de nossa parte havia certa disposição a uma avaliação desfavorável, pois algumas de suas práticas são discordantes.”

Por exemplo, o recurso à superfé, o evangelho da prosperidade, que se baseia em doações voluntárias como prova de fé. Por essa via a IURD arrecada bilhões de dólares por ano, segundo fontes fidedignas. Basta dar um clique na página da web da Comunidade Cristã do Espírito Santo para saltar para outra em que aparece um convite para realizar doações, seguida de um número de conta. Não se trata do dízimo – a contribuição de 10% do salário para a manutenção da igreja, uma forma de autofinanciamento nas igrejas protestantes. Vai muito além.

Mas a IURD, com a qual El País tentou entrar em contato sem resultado, não é a única “igreja” questionada. Também o são agrupamentos como Juventude Com Uma Missão (JCUM), a qual o Brasil acusa de manipular indígenas da Amazônia e que também está presente em uma dezena de cidades espanholas, assim como registrada na Ferede e na Justiça; o instituto Lingüístico de Verão, controversa associação americana de difusão da Bíblia arraigada em comunidades indígenas do Peru, México Colômbia ou Brasil, ou finalmente o grupo missionário americano Novas Tribos, que foi expulso da Venezuela em 2005 por ser, segundo Hugo Chávez, “agentes de penetração imperialista”.

Exemplos como este último ano poderiam propiciar outra leitura: a perseguição por parte de regimes de esquerda ou populistas a organizações que disputam os favores das massas. Algo como um expurgo do populismo contra o povo.

Do povo procede a onda mais recente de fiéis e pastores que chega à Espanha. “Os recém-chegados têm um perfil discreto, vêm do Equador, de Honduras,” explica Blázquez. “Nada a ver com a imigração maciça de profissionais de 15 anos atrás, coincidindo com a primeira crise grave da Argentina. Alguns já eram evangélicos, outros se converteram aqui”, acrescenta o representante da Ferede.

Antonio González, doutor em filosofia e teologia, ex-colaborador do jesuíta Ignacio Ellacuría e bom conhecedor da realidade centro-americana – viveu sete anos na Guatemala e em El Salvador -, está de acordo: “Os pentecostais costumam ser de classe baixa ou mesmo de ambientes de extrema pobreza”. O pentecostalismo se arraiga entre os mais desarraigados, embora também haja pentecostais de classe média e alta e inclusive políticos, como o direitista guatemalteco Efraín Ríos Montt.

“A proletarização nas grandes cidades provoca a necessidade de recriar uma nova identidade, e as igrejas evangélicas oferecem a oportunidade de forjar essa identidade alternativa”, conclui. Para a maioria dos imigrantes, carentes de referências, o fato religioso é portanto uma tábua de salvação. “São muitos os latino-americanos que não eram protestantes antes de vir e que se tornam evangélicos precisamente na Espanha, pois é aqui que experimentam a proletarização e a anomia. Também não faltam crentes que, muito fervorosos em seus países de origem, na Espanha perdem seu fervor, talvez devido à prosperidade econômica ou pelo desejo de ser aceitos”, continua González. “As igrejas evangélicas representam para muitos deles uma maneira de se integrar, mas também se corre o risco contrário, o da criação de igrejas étnicas, isoladas. Em nossa igreja, por exemplo, há oito latino-americanos”, afirma Pedro Tarquis, porta-voz da Aliança Evangélica Espanhola. “Nosso maior seguro, o maior controle, é a convivência, e o ideal seria a interculturalidade, mesmo que sejam os filhos dos que chegam agora que realmente se integrarão.

“Há costumes diferentes, é verdade, mas pelo menos temos um idioma comum, coisa que não ocorre com os emigrantes da Europa do Leste ou da Ásia”, acrescenta Tarquis, que vê nessa incorporação seiva nova para as igrejas: “Assim como a realidade católica nos EUA se sustenta pela presença de imigrantes latinos, aqui na Espanha poderia se afirmar o mesmo do movimento evangélico”. Não há cifras do número de imigrantes latino-americanos na Espanha que professam a religião evangélica, e os do subcontinente são aproximados, como vimos. Mas ninguém duvida do potencial evangelizador da América Latina.

Pela primeira vez a América do Sul não é uma terra de missão, mas um viveiro de pastores e fiéis. “As igrejas evangélicas cresceram e seus líderes são autóctones, não é verdade que sejam produto da penetração americana, não mais. A região do mundo que tem mais missionários é a América Latina, e os manda inclusive para a América do Norte”, explica Mariano Blázquez.

“Estima-se que há mais de 9 mil missionários latino-americanos, enviados e sustentados pela América Latina, trabalhando em culturas diferentes da sua. Cerca de 4 mil o fazem na Ásia, África e Europa do Leste”, relata Samuel Escobar, de origem peruana, catedrático emérito de Missionologia no Seminário Teológico Batista da Pensilvânia (EUA). “A religiosidade evangélica latino-americana é um fenômeno crescente e vigoroso”, acrescenta. “É difícil estimar com precisão quantos protestantes há no continente, mas, por exemplo, no Peru, segundo o censo de outubro de 2007, a população protestante maior de 12 anos duplicou desde 1993 e hoje chega a 12,5%. No Chile se aproximaria de 20%.”

E como é a vivência religiosa dos evangélicos? Exatamente isso, uma experiência pessoal, comunitária, vital, que traspassa os limites do culto para se enraizar no emocional e no cotidiano. Basta dar uma volta pelos bairros populares das grandes cidades para constatar a mobilização: são muitas as convocações de rua, de folheto na mão, para cultos e reuniões “de fraternidade” que pescam, sobretudo no calado dos jovens. Também proliferam os cartazes pregados em portais, bocas de metrô ou faróis com apelações ao “chamado do Evangelho”. Os convocantes podem se chamar, por exemplo, Livres x Cristo, nome que aparece em um folheto apanhado ao acaso em um bairro de Madri com alta porcentagem de imigração latina. “Renovação juvenil”, anuncia o papel; “música com uma mensagem de mudanças para sua vida.” Remetente: Compañerismo La Puerta. A entrada ao ato, com músicas e obras de teatro, é grátis.

“A atração das igrejas pentecostais é a de uma fé pessoal, compreensível, fortemente vivencial, diante da experiência mais anódina, autoritária, fria, que costumam ter muitos latino-americanos na Igreja Católica. Inclusive quando o sacerdote procede de meios muito populares sua formação o distancia de suas origens mais que os pastores pentecostais, que permanecem mais próximos de suas raízes. E normalmente a Igreja Católica, quando se interessa pelos pobres, não pode deixar de adotar uma atitude paternalista devido à forte diferença de classes que há entre seus líderes e seus fiéis”, salienta Antonio González, conhecedor do contexto católico, tentando explicar as razões do sucesso do protestantismo na América Latina.

“Uma estudiosa pentecostal americana afirma que os latino-americanos quando se tornam pentecostais deixam de ser psicologicamente pobres, embora na verdade continuem sendo”, conclui González, professor de teologia no Seminário Evangélico Unido de El Escorial (Madri) e responsável por estudos e publicações da Fundação Zubiri.

Inclusive quando algumas dessas igrejas são às vezes “mais conservadoras que as européias”, lembra Blázquez, em geral inoculam no crente “um estilo de vida mais disciplinado – sem álcool, etc. -, o sentimento de ajuda mútua, um apoio decidido a suas iniciativas vitais, a assumir riscos econômicos, etc.”, conta González. “As populações que adotam o protestantismo são populações que prosperam, porque aprendem a ler, a respeitar suas mulheres e adotam uma ética de trabalho que os faz progredir”, comenta Tarquis.

Assim que, radicalmente livres, refratárias ao poder, pois na estrutura evangélica não existe hierarquia – não há bispos que nomeiem nem cúria que proíba – e à margem das denominações tradicionais – batistas, presbiterianos, metodistas -, as novas igrejas latino-americanas são protagonistas de um fenômeno sociológico incipiente na Espanha. Sem controle, mas também sem pausa. Entre o culto conservador e a mensagem apocalíptica próxima do milenarismo, 99% das novas igrejas que brotam em nossos bairros também desempenham um trabalho social: proporcionam coesão, amparo, apoio econômico ou uma mão estendida na hora de cuidar das crianças. Umas poucas, porém, quase não conseguem mascarar traços suspeitos, da liderança onipotente ao som incessante da caixa registradora.

“As possibilidades de manipulação são limitadas. É verdade que na América Latina o pastor protestante pode adquirir os traços do velho caudilho, mas ao mesmo tempo tem de ganhar autoridade continuamente, não é sacerdote no sentido de pessoa sagrada”, aponta Antonio González. Embora o protestantismo consagre a liberdade e a autonomia, não há nenhuma maneira de exercer certo controle, ou pelo menos uma supervisão de suas atividades e seus fins? Para González, a melhor salvaguarda diante de irregularidades é o “princípio bíblico: o pastor pode ser julgado à luz da Bíblia”, embora também reconheça que os abusos mais freqüentes têm sido “do tipo econômico”.

Pedro Tarquis propôs em sua época submeter a auditorias a atuação das igrejas da Aliança Evangélica Espanhola, “sobretudo as que já têm um volume de fiéis considerável”. Não fizeram caso: sua iniciativa foi vista como uma veleidade de Torquemada, “como uma tentativa de impor uma hierarquia”. Em consonância com Tarquis, Samuel Escobar, que passa por ser a autoridade máxima na matéria, não tem dúvidas sobre o método a seguir para abortar irregularidades. “É preciso um consenso social em relação aos limites da liberdade de que gozamos. Agora mesmo nos EUA o senador republicano por Iowa Chuck Grassley conduz uma investigação sobre as manipulações financeiras de seis corporações religiosas que cresceram de maneira notável e mantêm atividade comercial vigorosa. Quatro delas se negaram a responder à investigação”, conta Escobar. Igrejas livres? Igrejas “abusivas”, na definição do teólogo evangélico americano Pat Zukeran? Ou multinacionais da fé?

Já vai longe a época em que se via a penetração evangélica como um instrumento da CIA – outra teoria que ainda persiste a considera um contrapeso intencional à Teologia da Libertação -, parece que as igrejas, evangélicas ou não, se rendem aos métodos e às vezes aos fins do mercado. Do outro lado do charco e sem ir tão longe, como lembra o teólogo Escobar: “Como seu próprio jornal informa, o deputado socialista José Camarasa está tentando nos esclarecer os relatórios financeiros relativos à visita do papa a Valência em 2006”. Por alusões evangélicas, quem não tiver culpa…

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte: El País

Cristãos e muçulmanos encerram conflito por terras

Representantes cristãos e muçulmanos selaram o fim de um conflito sobre a propriedade de terras junto ao mosteiro de Abu Fana, no sul do Egito, que havia abalado a convivência entre ambas as comunidades.

Segundo o diário independente “Al-Masri al-Yom”, dirigentes cristãos e muçulmanos realizaram no domingo (24) uma cerimônia de reconciliação, depois que em 31 de maio, cerca de 60 muçulmanos invadiram o convento de Abu Fana, matando um muçulmano e ferindo sete monges.

Ambas as partes chegaram a um acordo para permitir a construção de um muro ao redor do mosteiro, que foi o motivo da disputa.

O ato, que contou com a execução de canções religiosas muçulmanas e cristãs, teve a presença de parlamentares, empresários e dirigentes cristãos, que anunciaram o “início de uma nova era”.

Na cerimônia, os representantes de ambas as comunidades puseram ainda a primeira pedra do muro ao redor do mosteiro. Louve a Deus por esse momento de reconciliação.

Fonte: Portas Abertas

Pastores presos podem enfrentar acusação de traição

O regime ditatorial da Eritréia tem planos de prestar formalmente acusação contra vários pastores protestantes presos nos últimos quatro anos. Na pequena nação africana dominada por aquilo que é considerado, por muitos, um dos mais brutais e paranóicos governos do mundo em relação à liberdade religiosa e de expressão, a pena por traição é a morte.

Os parentes e os membros das igrejas dos pastores presos estão “muito ansiosos” por causa dessas notícias não confirmadas, disse uma fonte à agência de notícias Compass.

Três dos mais importantes pastores protestantes – os líderes da Igreja do Evangelho Pleno, Haile Naizghi e o Dr. Kifle Gebremeskel; e Tesfatsion Hagos, da Igreja Evangélica Rema, estão presos há quatro anos, e incomunicáveis.

De acordo com uma reportagem investigativa publicada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, os três pastores “desapareceram no sistema carcerário de Eritréia desde sua prisão em maio de 2004”.

A reportagem , publicada em maio, apontou o conselheiro especial da Presidência e ministro governamental Naizghi Kiflu como “o homem, dentro do governo, encarregado de aniquilar com as igrejas”.

Em maio de 2002, Kiflu negou reconhecimento a 36 igrejas e grupos religiosos sob o pretexto de que “eles supostamente encorajam a insurreição e sustentam reder de desertores”, dizia o relatório.

As leis erítreas proíbem que um cidadão permaneça mais do que 30 dias preso sem que uma queixa seja oferecida. Apesar disso, o governo se recusa a oferecer queixa contra os pastores ou mesmo dar um motivo por prendê-los e a outra centena de membros de igrejas.

Sabe-se que, pelo menos outros 15 pastores, padres e diáconos estão entre os mais de 2.000 cristãos presos em penitenciárias, delegacias de policia e quartéis em toda Eritréia devido a suas crenças e práticas religiosas. Eles têm sido repetidamente espancados e torturados, e por vezes trancados em contêineres de metal ou em celas subterrâneas para que neguem a fé.

Prisões no Dia da Independência

Em maio, a policia invadiu uma casa e prendeu 25 cristãos que estavam reunidos no Dia da Independência para orarem pela nação.

Fontes confirmaram que 20 homens e cinco mulheres foram presos enquanto se reuniam em uma casa em Adi-Kuala, no sábado, dia 24 de maio. As 25 pessoas fazem parte do grupo Medhane, movimento de renovação espiritual da Igreja Ortodoxa Eritréia.

Os prisioneiros estão na delegacia de policia de Adi-Kuala, cidade próxima a fronteira com a Etiópia. Mas as fontes locais continuam temerosas de que as autoridades estejam planejando transferi-los ao o Wi, um centro de treinamento militar conhecido pelo tratamento brutal que dispensa aos seus prisioneiros religiosos.

Prisioneiros livres

Ao mesmo tempo, a agência Compass confirmou a libertação de dois grupos de cristãos que estavam presos há três meses. Dez membros da Igreja do Deus Vivo, denominação dissidente da Igreja Ortodoxa Eritréia, foram libertados depois de ficarem três meses presos na delegacia de policia de Mendefera.

Segundo relatos, outras 15 pessoas, membros da Igreja Kale Hiwot, que estavam presas na delegacia de policia de Keren, também foram libertadas.

Todos os cristãos libertados foram obrigados a pagar uma fiança de aproximadamente de R$ 8 mil por pessoa. Ao libertá-los as autoridades os preveniu de que não se envolvessem mais em nenhuma atividade de cunho cristão no futuro. Alguns deles foram forçados a deixar propriedades como garantia pela fiança.

Em maio de 2002, o governo do presidente Isaias Afwerki, de inclinação marxista, tornou ilegal qualquer igreja protestante independente, ordenou que os templos fossem fechados e criminalizou os cultos domésticos.

Em maio de 2005, o embaixador da Eritréia nos Estados Unidos argumentou no programa de rádio Voz da América argumentou que os protestantes independentes eram cristãos “equivalentes à al-Qaeda” e ofereciam uma ameaça terrorista para a nação.

Em princípio, a ação do governo visava apenas as congregações pentecostais e carismáticas, que crescem rapidamente no país. Entretanto, o governo também tem interferido nos assuntos internos da Igreja Ortodoxa e levado líderes eclesiásticos e leigos para a prisão, forçando a igreja a substituir seu corpo de patriarcas anciãos por um apontado pelo governo.

Desde maio de 2002, apenas as igrejas Ortodoxa, Católica e Luterana são classificadas pelo governo da Eritréia como denominações cristãs “históricas” e têm permissão para funcionar legalmente. Aproximadamente metade da população do país é muçulmana.

Fonte: Portas Abertas

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