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Vaticano defende reforma agrária como solução para crise

O Vaticano aponta a reforma agrária e o favorecimento das populações rurais como a solução para a crise alimentar, noticiou nesta quinta-feira a agência católica Ecclesia.

A posição foi manifestada pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, por ocasião da cúpula sobre segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.

“A questão da reforma agrária nos países em vias de desenvolvimento não pode ser negligenciada, para que se confira a propriedade da terra aos cidadãos e se favoreça assim o uso de milhares de hectares de terra cultivável”, diz uma nota divulgada pela Ecclesia.

O Vaticano afirma que a escalada dos preços dos bens alimentares “poderia se transformar numa oportunidade de crescimento para os países mais pobres do mundo”, desde que as nações mais ricas se empenhem no seu “desenvolvimento agrícola”.

O Conselho Pontifício Justiça e Paz disse ainda estar também preocupado com a eventual redução da área de cultivo diante da produção de biocombustíveis.

“Não se pode pensar em diminuir a quantidade de produtos agrícolas destinados ao mercado de alimentos, ou às reservas de emergência, a favor de outros fins que, mesmo se pertinentes, não satisfazem um direito fundamental como o da alimentação”, diz a nota.

O Vaticano lamenta ainda a especulação financeira sobre as matérias-primas, pedindo a “regulação” de preços.

Fonte: Lusa

PF investiga sumiço de peças históricas de mosteiro no Rio

A Polícia Federal está investigando o sumiço de cinco peças históricas do Mosteiro de São Bento, no centro do Rio. A mais valiosa é uma imagem em madeira do século 19, representando a Esperança. As demais peças são dois cálices e dois discos de prata usados para colocar a hóstia durante a missa.

De acordo com o superintendente regional do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Carlos Fernando Andrade, o roubo provavelmente aconteceu entre 2006 e 2007, durante uma reforma no mosteiro, mas só agora foi notado.

Os furtos em museus e igrejas têm sido freqüentes no Rio de Janeiro, que já viu desaparecer mais de 500 peças de seu patrimônio histórico nos últimos anos, basicamente pela falta de segurança nesses locais. Muitos desses materiais são vendidos em lojas de antiguidades e outra parte segue para o mercado internacional de arte, na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e mesmo no Mercosul.

Segundo Andrade, é necessário cuidado antes de se comprar uma peça histórica, para não acabar se envolvendo com produto de roubo. “O comprador tem que procurar saber a origem da peça e verificar junto ao Iphan se não é roubada”. No site do Iphan há uma lista, com fotos, dos bens roubados. Denúncias podem ser feitas para o endereço eletrônico [email protected].

Fonte: Folha Online

Tribunal turco anula permissão para uso do véu

O Tribunal Constitucional anulou as emendas à Constituição da Turquia que concediam liberdade às estudantes para assistir às aulas da universidade cobertas com o véu islâmico.

Os magistrados informaram esta resolução, após cinco horas de deliberações, em comunicado divulgado por todas as televisões do país.

O Parlamento turco aprovou, em fevereiro, uma emenda a dois artigos da Constituição para “garantir a liberdade de educação” a todos os cidadãos e impedir que as estudantes com véu fossem impedidas de ter acesso à universidade.

Fonte: EFE

Extinção de tributo tiraria 6,4 milhões de brasileiros da pobreza, diz Ipea

O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, apresentou nesta quinta ao Senado, durante audiência que discute tributação, um levantamento que aponta que a eliminação da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) resultaria em um ganho de renda para as camadas mais pobres.

Com isso, ao menos 6,4 milhões de brasileiros deixariam a linha de pobreza, segundo levantamento obtido com exclusividade pela Folha Online.

A pesquisa mostra que uma transferência dos tributos chamados indiretos –embutidos nos bens de consumo– para a cobrança direta –como o Imposto de Renda– reduziria a pobreza.

“O combate a desigualdade passa pela Justiça tributária. É uma experiência internacional. Todos os países que reduziram a pobreza ajustaram sua tributação”, afirma o economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea.

De acordo com o estudo, 32,5% dos brasileiros estão abaixo da linha da pobreza e têm renda de até meio salário mínimo per capita por mês –R$ 207,50.

Sem a cobrança da Cofins, embutida em bens de consumo, a porcentagem desse grupo cairia para 29%, o que resultaria em 6,4 milhões de brasileiros superando a linha da pobreza.

Nesta faixa dos mais pobres estão incluídos os considerados abaixo da linha da miséria, com rendimento mensal de um quarto de salário mínimo per capita (R$ 103,75). Neste caso, a participação cairia de 12,8% para 10,3%.

A explicação para a diferença entre o peso dos impostos está na forma de cobrança.

A base da arrecadação no Brasil é mais forte na chamada tributação indireta, ou seja, embutida em alimentos ou bens de consumo. Como o brasileiro mais pobre gasta a maior parte de sua renda nesses itens, paga mais impostos proporcionalmente. Portanto, a extinção da Cofins tornaria o consumo mais barato.

O levantamento do Ipea avança da discussão sobre a necessidade da reforma tributária como forma de combater as desigualdades. O primeiro estudo do instituto, apresentado no mês passado, mostrou que os 10% mais pobres pagam 44,5% mais impostos, proporcionalmente, do que os 10% mais ricos e que 75% da riqueza do país está concentrada com os 10% mais ricos.

“Estamos oferecendo elementos de uma hipótese que permitiria ao Brasil avançar no combate a pobreza e na redução da desigualdade, criando um novo padrão de tributação”, afirma Pochmann.

De acordo com o levantamento, a compensação com a perda de receita provocada pelo fim da Cofins se daria com uma mudança na cobrança do IR pessoa física, que passaria das atuais duas faixas tributadas (15% e 27,5%) para 12, podendo chegar a 60%, além de um imposto extra sobre grandes patrimônios, de 1% ao ano.

Segundo a Receita Federal, a Cofins somou arrecadação de R$ 104,563 bilhões em 2007 –a preço de dezembro, deflacionado pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)–, e representou 17% da receita tributária federal.

De acordo com Pochmann, a Cofins é o segundo maior tributo indireto, perdendo apenas para o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Para ele, além de mudanças na tributação, também é preciso discutir a distribuição de renda. “A política tributária atua como um instrumento importante, mas o Ipea apenas aponta alternativas, as propostas têm de ser feitas pelo Executivo e pelo Legislativo.”

O levantamento do Ipea também mostra que o fim da Cofins teria efeito na redução da desigualdade até três vezes maior do o Bolsa-Família. Com a eliminação o Brasil passaria dos atuais 0,56 para 0,53 no Índice de Gini, indicador de desigualdade de renda (quanto mais perto de 1, mais desigual o país). O Bolsa-Família produziu redução de 0,01.

Fonte: Folha Online

Israel quer declarar Jerusalém “capital do povo judeu”

A Knesset (Parlamento israelense) aprovou em votação preliminar um projeto de lei que define Jerusalém como “a capital de Israel e do povo judeu”, apesar de na parte oriental da cidade viverem mais de 200 mil palestinos.

O projeto foi aprovado preliminarmente por 58 votos a favor e 12 contra, o que significa que continuará seu trâmite nos mecanismos legislativos para ser emendado à Lei Básica, que até agora a classificava unicamente como “capital de Israel”.

A lei foi proposta pelo deputado Zevulun Orlev, do partido religioso Mafdal, que procura com isto reforçar o caráter judaico da cidade que israelenses e palestinos disputam há mais de meio século.

Israel declarou Jerusalém sua capital em 1949, mas apenas a parte ocidental, de maioria judaica.

Em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, a parte leste, onde vivem 200 mil palestinos, foi ocupada juntamente com o resto da Cisjordânia, e em 1981 a Knesset declarou Jerusalém como capital “eterna e indivisível” de Israel por meio da Lei Básica.

Orlev quer emendar esta lei de forma que qualquer decisão no futuro sobre o status da cidade envolva o judaísmo que não está em Israel.

Historicamente, a partilha de Jerusalém é um dos principais empecilhos ao processo de paz entre israelenses e palestinos, e seu estatuto está no centro das negociações iniciadas há sete meses entre o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

Os palestinos exigem a parte oriental como capital de seu futuro Estado independente.

Da mesma forma que os palestinos, a comunidade internacional não reconhece Jerusalém como capital de Israel e, por isto, todas as representações diplomáticas no Estado judeu se encontram em Tel Aviv.

Fonte: EFE

Suicídios cresceram no Japão em 2007, diz relatório

Um número menor de bebês nasceu e um número maior de pessoas se suicidou no Japão em 2007, mostrou um relatório do governo. Os dados aparecem no momento em que o país enfrenta uma taxa de natalidade bastante baixa.

O número de bebês nascidos em 2007 caiu em 2.929 em comparação com o ano anterior, para 1.089.745, afirmou o Ministério da Saúde.

Segundo o ministério, isto confirma a tendência de que os casais estão optando por vidas mais livres e de que as mulheres estão encontrando dificuldade para trabalhar e criar os filhos ao mesmo tempo.

O documento do governo mostrou que o número de pessoas que cometeram suicídio subiu em 856, para um total de 30.777. O Japão apresenta a segunda maior taxa de suicídio entre os principais países industrializados do mundo, ficando atrás apenas da Rússia.

A quantidade de pessoas que se matam aumentou muito depois do estouro da bolha econômica, na década de 1980, responsável por deixar muitos japoneses endividados.

O governo prometeu diminuir o número de suicídios em 20% até 2016, através de medidas como instrumentos para detectar pessoas deprimidas e a promoção da saúde mental.

No entanto, os suicídios com sulfato de hidrogênio, que pode ser feito a partir de detergente comum, transformam-se em um crescente problema para o Japão.

Dezenas de casos foram registrados na imprensa neste ano, e sites na Internet descrevem diferentes formas de obter o gás. Não há nenhum tabu religioso contra o suicídio no Japão, e até o século 19 a prática era uma forma de punição ou de expiação por algum erro cometido.

Fonte: Reuters

Palestinos criticam Obama por declaração sobre Jerusalém

Dirigentes palestinos reagiram com indignação e desapontamento na quarta-feira à declaração do candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, de que Jerusalém deveria ser a capital indivisa de Israel.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeitou a promessa feita recentemente pelo democrata a líderes judeus dos EUA e repetiu sua exigência de que um Estado palestino tenha Jerusalém Oriental, a parte árabe da cidade, como sua capital.

“A declaração dele deve ser totalmente rejeitada”, afirmou Abbas a repórteres, dentro do centro administrativo da Cisjordânia, em Ramallah.

“O mundo todo sabe que Jerusalém Oriental, a Jerusalém sagrada, foi ocupada em 1967, e o mundo não aceitará um Estado palestino sem ter Jerusalém como a capital desse Estado palestino”, afirmou o dirigente.

Saeb Erekat, assessor de Abbas, disse que os negociadores palestinos envolvidos no processo de negociação de paz patrocinado pelos EUA continuariam a insistir sobre a necessidade de Jerusalém Oriental ser a capital dos palestinos.

Segundo Erekat, Obama “fechou as portas à paz”.

O democrata, que acaba de garantir a vaga de seu partido nas eleições presidenciais de novembro, disse em um discurso proferido em Washington: “Jerusalém continuará a ser a capital de Israel e ela precisa continuar a ser uma cidade indivisa”.

Os EUA e outras potências internacionais não consideram Jerusalém a capital de Israel — a embaixada norte-americana, por exemplo, fica em Tel Aviv — e não reconhecem a anexação de Jerusalém Oriental ocorrida depois da Guerra dos Seis Dias (1967).

O presidente dos EUA, George W. Bush, em final de mandato, vem incentivando a realização de negociações de paz entre Israel e os palestinos na esperança de que um acordo sobre a criação de um Estado palestino seja selado antes de ele deixar seu cargo, em janeiro.

Uma das questões mais polêmicas a ser resolvida nesse processo diz respeito ao futuro de Jerusalém.

DESAPONTADO

Erekat, um dos negociadores de paz, disse que o governo de Abbas estava desapontado com o apoio dado por Obama às pretensões dos israelenses: “Nós estamos muito desapontados. Ele não conseguiu compreender que, se Jerusalém não for a capital de um Estado palestino, não haverá paz com Israel”.

Bush, cujo partido, o Republicano, escolheu John McCain para concorrer à Presidência norte-americana, também deixou desapontados muitos palestinos ao visitar Israel, no mês passado.

Em declarações contundentes, o líder norte-americano garantiu ao Estado judaico o apoio permanente dos EUA — apesar de não ter corroborado a exigência do governo israelense de manter o controle sobre toda Jerusalém.

Na Faixa de Gaza, território controlado há dois anos pelo grupo islâmico Hamas, adversário de Abbas, as declarações de Obama também foram condenadas.

Um porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri, disse: “Os comentários de Obama confirmam que não haverá mudança na política do governo norte-americano em relação ao conflito árabe-israelense”.

“Para o Hamas, os dois candidatos à Presidência (dos EUA), Obama e McCain, são iguais porque as políticas deles relativas ao conflito árabe-israelense não diferem entre si e revelam-se hostis a nós.”

Fonte: AFP

Mara Maravilha vai conversar com Silvio Santos e pode voltar a TV

A cantora evangélica Mara Maravilha pode voltar à TV depois de três anos sem apresentar um programa. Ela está sendo sondada por Silvio Santos , com quem deve se encontrar assim que retornar de uma viagem a Israel no próximo dia 11.

A apresentadora embarcou para Jerusalém na última segunda-feira, 2, em companhia de Assíria Lemos (ex-mulher de Pelé ) e Sula Miranda com boa parte das negociações adiantadas com o SBT.

Procurada pelo equipe do EGO, a assessoria da cantora evangélica confirma que desde dezembro passado Silvio Santos e Mara vêm conversando sobre o retorno da ex-apresentadora infantil à emissora da Anhanguera, em São Paulo.

“Mara tem participado de alguns programas com o Silvio Santos desde dezembro e nos intervalos eles conversam sobre uma futura atração dedicada à família”, conta um representante de Mara.

Segundo a fonte, a idéia é que Mara comande uma atração nas tardes de domingo. E, caso Gugu Liberato venha a assinar com a Record – o que está em especulação -, Mara passaria a ocupar seu lugar.

“Ficarei muito feliz de voltar para a TV, principalmente no SBT, onde comecei minha carreira”, disse Mara por meio de sua assessoria.

Além do dominical, Mara Maravilha negocia com Silvio Santos um programa infantil baseado nos bonecos “Turma da Maravilha”. Neste, a cantora apenas atuaria como produtora.

A última aventura de Mara na TV foi com o programa “A Noite é Nossa” da Record.

Fonte: EGO

Presidente do centro de umbanda atacado por evangélicos diz que perdoa os agressores

Dois dias após o ataque de quatro jovens evangélicos a um templo de umbanda e kardecismo no Catete , o peso da intolerância religiosa ainda paira no ar. O presidente do centro Cruz de Oxalá, Clemente Abtibol Neto, ainda procura compreender a atitude extrema daqueles jovens, que, segundo ele, ainda têm uma vida inteira pela frente para aprender a praticar a caridade ensinada por Jesus Cristo.

– Assim como Jesus sofreu todo tipo de violência, nós também estamos sujeitos a agressões por causa das diferenças entre as formas de crer. Não tenho nada contra os jovens que agrediram nossa casa de oração. Eu só repito as palavras de Cristo na cruz: ‘Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem’ – disse seu Clemente, com a voz mansa, como um pai que perdoa uma travessura de um filho

Mas, ao lembrar-se da barbárie, seu Clemente, de 84 anos, volta a se emocionar. Ele conta que estava num local de Convivência da Terceira Idade da Aeronáutica quando recebeu a visita do filho e da nora, com o jornal nas mãos.

– Chorei de tristeza e descontentamento, não pela agressão em si, mas pela violência gratuita contra um povo que só prega a caridade. A imagem que eles (os jovens) destruíram era uma relíquia, trazida pelo fundador do centro há anos – lembra seu Clemente, presidente da entidade há mais de 30 anos.

O líder espiritual estranha o ataque dos jovens evangélicos, já que a religião prega, acima de tudo, o amor ao próximo, como ele mesmo afirmou.

– O que mais machuca é que, em vez de distribuírem carinho e amor ao próximo, o primeiro mandamento divino, alguns evangélicos maculam a própria fé, espalhando a violência e a falta de respeito ao próximo.

Abalada com o ocorrido, a filha dele, Regina Coeli Abtibol, de 30 anos, disse que jamais pensaria que alguém pudesse entrar num templo religioso para destruir e agredir os freqüentadores.

– Primeiro eu fiquei com o coração partido. A gente tem uma linha de perdoar e de levar a caridade a qualquer pessoa, mas quando soube do que aconteceu, fiquei magoada e triste de saber que um caso desses tenha acontecido em pleno século 21. É um retrocesso – lamenta.

Ela acredita ainda que os jovens teriam usado a igreja para justificar o ato de vandalismo.

– Acho que eles (os agressores) já estavam com vontade de arrumar confusão, a religião foi uma mera desculpa para justificar a violência – disparou Regina, que cresceu no centro de umbanda.

Não é a primeira vez que fanáticos religiosos atacam freqüentadores do templo Cruz de Oxalá, na Rua Bento Lisboa 146, no Catete, invadido e depredado, na noite de segunda-feira, por quatro membros da igreja neopentecostal Geração Jesus Cristo. Segundo um dos diretores do centro Celso Quadros, em quase todos os dias de funcionamento da entidade, grupos de religiosos agridem e ofendem as pessoas que estão na rua aguardando para entrar.

Fonte: O Globo

Associação Ateísta critica Igreja Católica por “peregrinação contra ateísmo na Europa”

O presidente da recém-constituída Associação Ateísta Portuguesa (AAP) lamentou, em carta enviada ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o fato de a Igreja Católica ter realizado, em Fátima, uma “peregrinação contra o ateísmo na Europa”.

Na carta enviada na terça-feira, a que a Lusa teve acesso, dirigida ao “Dr. Jorge Ortiga”, presidente da CEP, Carlos Esperança refere que “no dia 13 de Maio, o senhor cardeal Saraiva Martins, pesquisador de milagres e criador de beatos e santos, presidiu em Fátima à ‘peregrinação contra o ateísmo na Europa'”.

“Sem aumento de orações ou sacrifícios”, ironiza Carlos Esperança, “podia ter incluído mais quatro continentes mas, Excelência, por que motivo a peregrinação foi ‘contra o ateísmo’ e não a favor da fé? É o espírito belicista dos cruzados que ainda corrói a mente do vetusto cardeal da Cúria?”

A carta, segundo afirma Esperança, visou saudar a eleição do novo presidente da CEP e “expor-lhe alguns pontos de vista susceptíveis de corrigir tomadas de posição com que, talvez por desconhecimento, alguns bispos têm atacado o ateísmo e os ateus, embora lhes respeite o direito de expressão constitucionalmente consagrado”.

A AAP, afirma, “revê-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa, defende a liberdade, sem privilégios para qualquer religião, bem como o direito à crença, não-crença ou, mesmo, à anticrença e exige a neutralidade do Estado em matéria confessional”.

A AAP assegura que “defenderá qualquer religião que, eventualmente, venha a ser perseguida por religiões concorrentes ou por algum Estado ateu que venha a surgir, tão perverso como os confessionais”, uma vez que “o Estado deve ser neutro”.

Carlos Esperança sublinha as diferenças de pontos de vista – “dividem-nos profundas divergências de caráter filosófico e uma visão antagônica da Criação, pensando os ateus que foram os homens que criaram Deus e a ICAR [Igreja Católica Apostólica Romana] que foi o contrário” – mas, afirma, “nada justifica que não possamos ter uma relação urbana entre adversários que, jamais, devem ser inimigos”.

O presidente da AAP insurge-se contra o fato de, recentemente, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, ter considerado o ateísmo “o maior drama da humanidade”, contestando: “Para nós, ateus, homens e mulheres que vivemos bem sem Deus, os grandes dramas são a fome, as doenças, as guerras, o terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e os cataclismos naturais. Nunca veríamos nas religiões ou numa corrente filosófica ‘o maior drama da humanidade’, e sabemos como as primeiras os provocaram e ainda provocam.”

Por fim, Carlos Esperança declara: “Nós, ateus, somos a favor da liberdade, da democracia, do livre-pensamento e da ciência, contra o obscurantismo, a mentira, o medo e o pensamento único. Somos contra a xenofobia, o racismo, o anti-semitismo e qualquer forma de violência ou de discriminação por questões de raça, religião, nacionalidade ou sexo.”

E convida: “Se V. Ex.ª partilhar algum ou alguns dos nossos pressupostos éticos ou filosóficos pode contar com a nossa solidariedade.”

A AAP foi oficialmente constituída na sexta-feira, 30 de Maio, em Lisboa, por cerca de meia centena de pessoas, tendo Carlos Esperança afirmado, na ocasião, que a associação “surgiu da necessidade da defesa da laicidade do Estado e de todas as correntes religiosas”.

“O direito de não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer, deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos”, afirma o Manifesto Ateísta, divulgado na ocasião.

Fonte: Lusa

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