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Proprietário de livraria cristã é preso novamente na China

O proprietário de uma livraria em Beijing (Pequim) foi preso novamente por publicar Bíblias e literatura cristã após ter sido liberado em janeiro devido a “evidências insuficientes”.

Shi Weihan, 37 anos, pai de dois filhos, foi preso no dia 19 de março. Visitas familiares não têm sido permitidas, de acordo com sua esposa Zhang Jing. A primeira prisão dele ocorreu de 28 de novembro de 2007 a 4 de janeiro de 2008 ( relembre o caso).

Sua esposa disse não ter recebido qualquer informação sobre a condição de seu marido e contou ter sido proibida de lhe levar qualquer comida ou troca de roupa desde que ele foi preso.

Zhang disse estar “muito preocupada” com a saúde de Shi Weihan porque ele tem diabetes.

Dono de uma livraria localizada perto da Vila Olímpica, Shi nunca havia tido qualquer problema com as autoridades até sua prisão em novembro passado, de acordo com um velho amigo.

Sua livraria operava legalmente, e vendia apenas livros com permissão do governo. Pela empresa, a Sociedade Comercial Santo Espírito, Shi imprimiu Bíblias e literatura cristã sem autorização para distribuir às igrejas domiciliares locais, de acordo com a “Asia Times Online”.

Em janeiro, Zhang disse à “Asia Times Online” que Shi estava preocupado por publicar os livros não autorizados, mas por causa da forte necessidade das igrejas ele sentiu que valia a pena correr o risco.

Carência de Bíblias

Pastores de igrejas domiciliares e das congregações oficialmente autorizadas pelo governo chinês, que fazem parte do Movimento das Três Autonomias (TSPM, sigla em inglês), noticiaram ao Compass uma carência de Bíblias e de outros materiais cristãos na capital, Beijing, e no nordeste, noroeste e sudeste do país.

Igrejas que se desenvolveram em áreas tribais têm também despertado para uma necessidade urgente de Bíblias de estudo e em outras linguagens.

Os cristãos ao redor da China relataram a deficiência de Bíblias e outras fontes de material cristão.

Publicadores na mira

Outro proprietário de livraria, Zhou Heng, foi preso na província Xinjiang no dia 3 de agosto de 2007 por receber um carregamento de Bíblias.

Sua Livraria Cristã Yayi foi oficialmente registrada. Zhou revelou na última semana que foi absolvido das acusações e solto em 19 de fevereiro ( leia mais).

Publicadores e distribuidores de literatura cristã estiveram entre os quatro alvos principais das autoridades chinesas em 2007, de acordo com uma reportagem recente da Associação de Ajuda à China (CAA, sigla em inglês).

Temores Olímpicos

A prisão de Shi parece fazer parte de uma sanção severa imposta sobre os grupos religiosos uma vez que o governo teme que possam suscitar vozes dissidentes durante os Jogos Olímpicos de agosto.

O Relatório de 2007 do Departamento de Estado norte-americano sobre liberdade religiosa constatou que autoridades chinesas interrogaram líderes de igrejas domésticas sobre a possibilidade de interrupção de suas atividades durante a Olimpíada.

Líderes das igrejas domésticas são considerados ilegais porque se opõem às políticas governamentais, mas estão a par das ocorrências que o Departamento de Estado noticiou – incluindo espancamento e mortes de religiosos e membros de movimentos espirituais na China detidos pela prática de suas crenças religiosas.

Fonte: Portas Abertas

Governo boliviano descarta Igreja Católica para mediar crise

O governo da Bolívia descartou nesta segunda-feira a Igreja Católica como mediadora em um diálogo com a oposição conservadora, que no domingo cantou vitória após um referendo que aprovou um estatuto de autonomia no Departamento de Santa Cruz.

A drástica determinação do governo de Evo Morales era prevista por analistas, após o cardeal Julio Terrazas, máxima autoridade da hierarquia católica e habitante de Santa Cruz, participar do polêmico referendo, considerado ilegal pelas autoridades nacionais.

“Se pronunciou politicamente o mais alto membro da Igreja Católica, pelo caminho de apoio explícito à ilegalidade, e por isso descartou toda a possibilidade de se converter em facilitadora ou mediadora”, disse em entrevista coletiva o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.

O governo esperava que a cúpula católica facilitasse o diálogo, “mas que foi esta instituição que por vontade própria deu um passo ao lado”, acrescentou.

O ministro reiterou a posição do governo de minimizar a importância do triunfo eleitoral do movimento autonomista da região mais rica do país e insistiu que para o governo eram mais importantes os cerca de 50 por cento de votantes que se abstiveram ou votaram não.

Além de Santa Cruz, outros três Departamentos bolivianos buscam pôr em vigência as suas autonomias antes das mudanças constitucionais promovidas por Morales.

A nova carta magna, segundo o projeto aprovado em dezembro por uma assembléia governistas, limitaria o poder das regiões sobre a política de distribuição de terras, o que é particularmente sensível para Santa Cruz, onde se concentra a maior parte dos latifúndios do país.

Fonte: Reuters

Casal de evangélicos é executado em Salvador

O casal de evangélicos Ana Lúcia Reis, 41 anos, e José Costa Conceição, 62, foi assassinado com vários tiros na cabeça, na madrugada de ontem, em Valéria. A polícia suspeita que o autor do duplo homicídio é Luciano dos Santos, com quem Ana Lúcia teve um relacionamento tido como conturbado há cerca de dois anos.

O crime foi praticado na Rua Petronília Dércia, quando ambos retornavam de uma vigília em uma igreja evangélica do bairro. O assassinato causou comoção e surpresa entre os moradores, que consideravam Ana Lúcia e Conceição pessoas sem inimigos e sem qualquer vínculo com a criminalidade. Uma das vizinhas, que disse se chamar Fernanda, afirmou que ambos “eram pessoas pacatas, que não se envolviam com a vida de ninguém e passavam a maior parte do dia nas igrejas do bairro”.

Uma equipe do Serviço de Investigação (SI) da 8a Delegacia (Centro Industrial de Aratu) descobriu que Ana Lúcia teve um relacionamento anterior com Luciano dos Santos. Pesquisando nos arquivos policiais o nome de ambos, chegou-se a uma queixa crime de Ana Lúcia, em 2006, na Delegacia de Tóxico e Entorpecentes (DTE) contra Luciano, acusando-o de agressões físicas.

Na ocasião, o sargento Cristóvão de Jesus, da 44a Companhia Independente de Polícia Militar (PM), dirigiu-se com uma guarnição à casa do casal, em um beco situado atrás do Hospital Salvador, na Federação, e encontrou no interior um prato com cocaína e sacos para empacotar drogas. Santos havia fugido antes da chegada dos policiais.

Os agentes também suspeitam que o mesmo homem tenha tido participação no assassinato do filho de Ana Lúcia, em 2006. O atual companheiro da vítima era aposentado, enquanto ela era dona de casa. A hipótese de crime de execução é corroborada pelo fato de que o casal estava de posse de R$750, que não foram roubados pelo assassino. Até o fechamento desta edição, a polícia não havia encontrado o suspeito pelo duplo homicídio.

Fonte: Aqui Salvador

Vida é um bem sagrado que não permite manipulação e comercialização, diz IECLB

As igrejas devem somar sua voz, junto às da sociedade civil, no processo de fortalecimento da bioética e enfatizar que a dignidade da vida humana não é propriedade nem conquista, mas dádiva de Deus.

A admoestação consta no pronunciamento “O cuidado pela vida”, emitido no final de abril pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). O documento foi proposto pelo grupo assessor de Teologia e Confessionalidade, submetido aos pastores sinodais e aprovado pela presidência da igreja.

A vida é um bem sagrado, que tem uma profundidade insondável. Bem por isso, ela não pode ser transformada em coisa ou objeto que possa ser manipulado, vendido ou comprado. Uma certa “lógica comercial transformou os seres vivos e o próprio ser humano em objeto, cujo valor é regulado pela oferta e pela procura do mercado”, apontam os luteranos.

O documento afirma que o prazer de viver é “o imperativo categórico” da sociedade de consumo e o sofrimento é considerado uma condição inaceitável. “É precisamente esta idéia de que podemos comprar felicidade ao comprar bens de consumo que é profundamente predatória, destruidora do meio ambiente”, alerta.

Ao trazer fatos para pensar, os luteranos destacam que existe hoje a possibilidade de reprodução da vida em laboratório, sendo possível, agora, fecundar o óvulo sem a presença do homem. Pais lançam mão da reprodução assistida. “A noção de procriação é substituída pela prática da re-produção, como sendo um processo industrial”, arrola o posicionamento.

Empresas transformam-se em proprietárias de linhagens genéticas de pessoas, animais e plantas, através da biopirataria, e cientistas alertam que novas doenças estão sendo definidas ou exageradas por especialistas, muitas vezes financiadas pelos próprios laboratórios. “A ganância é uma força poderosa que move a indústria farmacológica”, avaliam os luteranos.

Embora reconhecendo que a ciência promoveu avanços para a humanidade, e que muitas conquistas científicas devem-se aos conhecimentos acumulados pela biologia e pela medicina, o documento chama a atenção e adverte que a possibilidade de manipulação genética, vinculada à exploração comercial de seres vivos, sinaliza para uma relação perversa entre ciência, comércio e criação.

“É necessário, portanto, despertar a consciência de que aquilo que funciona tecnologicamente e é útil para o mercado não é necessariamente justificável sob a perspectiva da ética cristã”, assinalam os luteranos. Eles destacam que os avanços científicos não se constituem em um problema meramente técnico, mas antes de tudo ético.

Sob a ótica evangélica, a vida não é propriedade, como quer o mercado, nem objeto, como pode a ciência supor, mas é dádiva de Deus. E esse deve ser o ponto de partida para o agir responsável. Assim, a igreja tem uma responsabilidade pastoral de acompanhar pessoas que tiveram sua dignidade violada.

As igrejas precisam, pois, informar-se constantemente acerca dos avanços científicos, para que possam promover reflexão teológica a esse respeito e se posicionar, na esfera pública, quanto a propostas de ordenamento legal da pesquisa e dos avanços científicos.

O alcance das ações das igrejas pode ser limitado, mas ainda assim significativo, admite o documento da IECLB, que aponta a bioética como um instrumento em prol da vida.

A bioética, diz o texto, não se preocupa somente com as questões médicas, mas com a sobrevivência do planeta e com o futuro da humanidade. Aborda, bem por isso, temas como a fome, a discriminação racial, o combate à violência e o combate à destruição do planeta.

Bioética é o estudo transdisciplinar entre biologia, medicina e filosofia – dessa última, especialmente as disciplina da ética, da moral e da metafísica. O termo foi construído a partir das palavras gregas bios (vida) e ethos (relativo à ética). Suas diretrizes filosóficas surgiram após a tragédia do holocausto, na II Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da ciência, criaram um código para limitar os estudos relacionados.

Fonte: ALC

Documento condena uso de célula-tronco embrionária

Um documento que aponta aspectos contrários à realização de pesquisas com células retiradas de embriões humanos congelados foi apresentado nesta segunda-feira à imprensa em Brasília (DF).

Quinze pessoas, entre professores, juristas, parlamentares e representantes de movimentos em favor da vida, assinaram a chamada Declaração de Brasília.

De acordo com o documento, experimentos desse tipo desenvolvidos nos últimos dez anos em países da Europa e nos Estados Unidos não avançaram no sentido da cura de doenças, já que, quando aplicadas em camundongos, as células embrionárias causaram rejeição ou tumores e por causa do risco nunca foram testadas em humanos.

Segundo a doutora em Microbiologia Lenise Aparecida Martins Garcia, professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), grandes empresas querem cobaias no Terceiro Mundo para dar andamento a pesquisas com seres humanos não autorizadas no resto do planeta pelo risco que oferecem.

“Existe o receio de que empresas que já investiram muito dinheiro em célula-tronco embrionária estejam interessadas em pacientes de outros países em que a legislação não seja tão restritiva em termos de proteção ao paciente e que haja uma pressão nesse sentido para que o assunto seja aprovado no Brasil”, afirmou.

Lenise foi uma das três pesquisadoras convidadas em abril do ano passado pelo Ministério Público Federal (MPF) para apresentar fundamentos científicos contrários ao uso das células embrionárias em audiência pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o assunto.

Cabe ao STF julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, na qual ele questiona o artigo 5º Lei de Biossegurança, que autoriza pesquisas com células-tronco embrionárias no País.

Além da professora da UnB, outras duas pesquisadoras que participaram da audiência pública no STF assinam a Declaração de Brasília: Cláudia Maria de Castro Batista, pós-doutorada em Neurociências e professora-adjunta da UFRJ, e Alice Teixeira Ferreira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Bioética da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo elas, a inciativa do documento surgiu a partir de vários encontros do grupo em Brasília nos últimos 12 meses.

Fonte: Agência Brasil

Operadora de TV de RR Soares bloqueia sinal do “Cine Privê” da Band

A NossaTV, nova operadora de TV por assinatura criada pelo missionário R.R.Soares (Igreja Internacional da Graça) no final do ano passado, acaba de chegar a todos os Estados.

Soares investiu cerca de R$ 10 milhões no projeto e seu objetivo é vender pacotes de TV que não contenham sexo, violência e nem erotismo. Já há cerca de 35 mil assinantes. A Nossa TV é transmitida via satélite. Os pacotes atuais custam de R$ 45 a R$ 60.

O único canal aberto distribuído pela operadora é a Band. Para manter sua “linha editorial”, Soares bloqueia o sinal do “Cine Privê”, com filmes “soft pornô”, todas as madrugadas de domingo. A Band autoriza o bloqueio.

Segundo o superintendente da operadora, Geraldo Carlos dos Santos, 49, a NossaTV surgiu da dificuldade que o missionário tinha de obter espaço em qualquer outra operadora. Decidiu então montar a própria.

Santos acredita que o crescimento da emissora será exponencial a partir de agora. Diz isso baseado em uma estimativa de que há pelo menos 32 milhões de evangélicos no país.

Fonte: UOL

PONTO DE VISTA: Mão no arado

“Para alguns, ouvir falar sobre missões não é nada agradável. Mas, antes de desistir de continuar lendo, faça uma pergunta a você mesmo: qual tem sido minha contribuição para que a Palavra de Deus seja propagada?” Leia a íntegra do nococomentário do jornalista Ângelo Manassés, [url=http://www.folhagospel.com/htdocs/modules/soapbox/]aqui[/url]

Angelo Manassés é jornalista, editor da Coluna Graça e Paz do DIARIO DE PERNAMBUCO e apresentador do Programa Graça e Paz na Rádio MARANATA 103,9 FM.

Contatos: [email protected]

Papa discute relações com o Islã com líder anglicano

O papa Bento 16 e o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, discutiram relações entre o cristianismo e o islamismo nesta segunda-feira, em seu primeiro encontro desde que o líder anglicano causou furor com seus comentários sobre a lei Sharia na Grã-Bretanha.

O Vaticano disse que o papa recebeu Rowan Williams em uma audiência privada mas não deu detalhes.

Um porta-voz anglicano afirmou que os dois conversaram em privacidade por 20 minutos e discutiram sobre relações entre cristãos e muçulmanos, diálogos entre crenças e sobre as impressões do papa sobre sua visita aos Estados Unidos no mês passado.

Ele descreveu a visita, o segundo encontro oficial entre o papa e o líder espiritual dos 77 milhões de anglicanos no mundo, como “acalorada e amigável”.

Em março, o cardeal Jean-Louis Tauran, principal responsável do Vaticano para as relações com o Islã, criticou Williams chamando-o de equivocado e “ingênuo” por ter sugerido que seria inevitável que alguns aspectos da Sharia, a lei islâmica, fossem adotados na Grã-Bretanha.

Os comentários de Williams, feitos em um discurso em fevereiro, causaram confusão na Inglaterra e no mundo e se tornaram parte de um debate sobre como integrar os 1,8 milhão de muçulmanos da Grã-Bretanha.

Relações entre as igrejas Católica e Anglicana foram prejudicadas na última década por divergências sobre padres mulheres e bispos homossexuais na igreja Anglicana, o que ambos os líderes reconheceram como obstáculos para a união.

Fonte: Reuters

Polêmica: estudos afirmam que Bíblia abriga duas versões contraditórias da criação do mundo

Estudos históricos e lingüísticos do texto sagrado mostrariam que os dois primeiros capítulos da Bíblia retratam não uma criação do mundo, mas duas. O ser humano surge de duas maneiras diferentes, uma logo depois da outra, e até o deus responsável pela criação não tem o mesmo nome nos dois relatos.

Leia abaixo a continuação da matéria veiculada no site G1:

Essa natureza contraditória e fascinante do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está sendo revelada por uma série de estudos históricos e lingüísticos do texto sagrado. A arqueologia, por sua vez, mostra a relação dessas histórias com as de outros povos do Oriente Médio — às vezes tão parecidas com o Gênesis que ajudam a recriar a “pré-história” das Escrituras.

“A hipótese básica é que os textos bíblicos foram reunidos de várias fontes diferentes, de períodos diferentes, ao longo de nove séculos”, explica Suzana Chwarts, professora de estudos da Bíblia hebraica na USP. “Essa é a chamada hipótese documentária, discutida aos gritos em qualquer congresso internacional desde o século 19 até hoje”, brinca Chwarts, referindo-se às polêmicas que rondam a idéia.

Controvérsias à parte, a hipótese documentária costuma ver dois textos-base principais para as narrativas da criação, conhecidos pelas letrinhas P (primeiro relato) e J (o segundo). As diferenças entre a dupla são numerosas, como se pode conferir no infográfico abaixo.

De P a J

O relato de P é o único a detalhar a criação de todos os corpos celestes e seres vivos em seis dias. Nele, o homem e a mulher são criados ao mesmo tempo, e a divindade usa apenas palavras para fazer isso. Já o relato de J inverte a ordem de alguns elementos e, na verdade, enfoca apenas a criação dos seres humanos (trata-se da famosa história do homem feito de barro e da mulher modelada a partir de sua costela).

De quebra, os personagens que comandam a ação parecem não ser os mesmos. O primeiro recebe o nome hebraico Elohim (originalmente uma forma do plural, como “deuses”, mas usada para designar uma única divindade), normalmente traduzido simplesmente como “Deus”. O segundo é apresentado como Yahweh Elohim (dependendo da versão da Bíblia, chamado de “Senhor Deus” ou “Javé Deus” em português). Os indícios nesse e em outros textos bíblicos sugerem que os dois nomes refletem a influência de antigos deuses pagãos sobre a concepção de Deus dos antigos israelitas, autores e editores da obra.

As idéias sobre a origem dos relatos são variadas. Recolhendo pistas no texto hebraico completo da Bíblia, há quem aposte que J é o material mais antigo da dupla, tendo sido composto por volta do ano 700 a.C. Por outro lado, fala-se numa data mais recente para P, talvez a fase que se seguiu ao exílio dos habitantes do reino de Judá (a parte sul do antigo Israel) na Babilônia — ou seja, pouco antes do ano 500 a.C.

Chwarts, no entanto, diz que a principal diferença entre a dupla talvez não seja a data, mas a visão de mundo. P teria sido escrito pela casta sacerdotal israelita, a julgar pelo seu ritmo altamente ritualizado e organizado. “Ele é arquitetonicamente estruturado e ordenado, hierárquico. É totalmente antimitológico: tudo é criado pela palavra, inclusive os astros celestes, que são divindades em todas as outras culturas do Oriente Médio antigo, viram meras criações de Deus”, afirma ela. Já o segundo relato “não traz uma reflexão filosófica, mas reflete a visão popular de um camponês na terra de Israel. Esse é um deus mais paternal: quando cria o homem, o verbo usado é yatsar, ou seja, modelar a partir de uma substância”, explica.

Polêmica

O curioso é que elementos que lembram tanto a primeira quanto a segunda história da criação aparecem em textos desencavados por arqueólogos no Oriente Médio. “A imagem de deuses fazendo uma série de pequenos humanos com argila, como se fossem oleiros, também é muito comum”, lembra Christine Hayes, professora de estudos judaicos da Universidade Yale (EUA). O mais famoso desses textos mitológicos é o “Enuma Elish”, achado no atual Iraque e escrito em acadiano, uma língua aparentada ao hebraico. Tal como o primeiro capítulo do Gênesis, o “Enuma Elish” também descreve um mundo primordial coberto pelas águas, que é organizado por um deus — no caso, Marduk, que estabelece o firmamento celeste, a terra firme e os astros.

Como explicar as semelhanças? Para Osvaldo Luiz Ribeiro, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) cuja tese versará justamente sobre a primeira narrativa da criação, não é preciso pensar numa influência direta do “Enuma Elish” (que pode ter sido escrito por volta de 2.000 a.C.) sobre a Bíblia. “Esses relatos dependem mais da plataforma cultural comum do mundo semita [grupo que incluía tanto israelitas quanto os falantes do acadiano]” — ou seja, teriam apenas uma origem remota comum.

Já Christine Hayes vê as semelhanças, na verdade, como uma crítica polêmica dos israelitas aos seus vizinhos pagãos. Ao adorar um deus único e soberano sobre a natureza, eles teriam usado elementos parecidos para contar uma história totalmente diferente. O deus Marduk, por exemplo, precisou lutar contra uma feroz deusa aquática, chamada Tiamat — uma espécie de representante das águas primordiais –, para criar o mundo. Já o Deus da primeira narrativa da criação simplesmente manda as águas se mexerem — e elas se mexem sem resistência, argumenta Hayes.

“O ouvinte antigo imediatamente ia ficar de orelhas em pé. Ia ficar pensando: cadê a batalha? Cadê o sangue? Achei que conhecia essa história”, diz a pesquisadora. Chwarts e Hayes também lembram o forte tom de otimismo das histórias da criação bíblica, em especial na primeira narrativa (a segunda é mais comedida nesse aspecto). Ao contrário das histórias similares entre outros povos antigos, os autores e editores bíblicos estariam rejeitando a idéia de que o mal faria parte da estrutura do mundo desde o começo. Não é à toa que, depois de cada obra, afirma-se que Deus viu que aquilo “era bom” ou “era muito bom”. “Você sente aquele tremendo influxo de otimismo: o mundo é bom! Os seres humanos são importantes, têm propósito e dignidade”, diz Hayes.

Terroso

A análise moderna do texto hebraico revela outras surpresas em relação a Adão, o suposto ancestral isolado de todos os seres humanos. “Para começar, Adão não é um nome próprio”, diz Hayes. A primeira narrativa diz que Deus criou o ‘adam — com artigo definido, como se fosse uma categoria de seres, e não um indivíduo. “Já se traduziu ‘adam como o terroso [ou seja, o feito de terra]”, conta Osvaldo Ribeiro. De quebra, nesse relato diz-se explicitamente que o ‘adam, homem e mulher juntos, são criados ao mesmo tempo e ambos seriam “imagem e semelhança” de Deus.

“É que, no mundo antigo, não se concebe um deus sozinho. Todo deus tem sua fêmea — não dá para imaginar um deus celibatário”, explica Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP.

Política pós-exílio

Silva diz que a relação entre ‘adam e ‘adamah, ou “terra” em hebraico, tem a ver com a idéia de terra enquanto lavoura, terreno para plantar. Nesse caso, as narrativas do Gênesis estariam de olho na necessidade de voltar a cultivar a terra da Palestina depois que o povo de Judá voltou do exílio na Babilônia.

Ribeiro, da PUC-RJ, aposta justamente nessa interpretação social e política para explicar a primeira narrativa da criação. “Essas narrativas tinham uma função específica no antigo mundo semítico, e essa função aparentemente não tinha a ver com a nossa visão delas como relatos da origem de tudo o que existe”, afirma. O “Enuma Elish”, por exemplo, era recitado na construção de templos e cidades — como uma parte ritual da ação criadora que estava sendo executada.

Ora, ao voltar do exílio, os ancestrais dos judeus, capitaneados pelos sacerdotes, viram-se diante da tarefa de reconstruir o Templo de Jerusalém — e o relato da criação seria justamente uma versão ritual desse processo. Ribeiro afirma que há um paralelo claro entre a situação de caos e de desolação antes da ação divina e a terra de Israel devastada pela guerra. “Por exemplo, quando uma cidade é destruída na Bíblia, há a invasão das águas”, diz. Isso explicaria também porque, estranhamente para nós, Deus não cria as coisas do nada, mas reorganiza elementos que já estão presentes — como alguém que traz de novo a lei e a ordem para uma região.

“Eu sinceramente nem sei se os povos semitas antigos tinham essa noção da criação do Universo inteiro a partir do princípio. Para eles, a criação significava provavelmente a criação de sua própria cultura, de sua própria civilização. O que ficava fora dos muros da cidade ou dos campos cultivados perto dela era considerado o caos”, afirma Ribeiro.

Contradições preservadas
Diante da história complicada e tortuosa do texto, a pergunta é inevitável: por que os editores antigos resolveram preservar as contradições, em vez de apagá-las?

“Porque ambas eram respeitadas em seus círculos, ambas eram fontes com autoridade, e os redatores bíblicos utilizaram o sistema de edição ‘cortar/colar’, e nunca ‘deletar’. Para o pensamento semita antigo, não há contradição alguma em dois relatos diferentes estarem no mesmo livro. Aliás, a idéia é que a palavra de Deus é múltipla e e se expressa de múltiplas formas, assim como sua verdade”, arremata Suzana Chwarts.

Fonte: G1

Obama se recupera após romper com reverendo, diz pesquisa

O aspirante democrata à Presidência Barack Obama recupera popularidade após romper publicamente com o pastor de sua igreja, o reverendo Jeremiah Wright, segundo uma pesquisa feita pública neste domingo, 4.

A pesquisa, publicada pelo jornal The New York Times e pela rede de televisão CBS, aponta que Obama recebe o apoio de 50% dos eleitores democratas, contra 38% de sua rival nas primárias, Hillary Clinton.

Na quarta-feira passada, em plena controvérsia sobre o pastor, a mesma pesquisa indicava que a vantagem de Obama era de apenas oito pontos.

A pesquisa mostra que se as eleições presidenciais do dia 4 de novembro fossem hoje e Obama enfrentasse o candidato republicano, John McCain, o derrotaria por 51% a 40%. Na semana passada, a enquete mostrava ambos os políticos empatados.

O reverendo Jeremiah Wright repetiu na segunda-feira em um comparecimento em Washington acusações de que o Governo dos Estados Unidos divulgou com pleno conhecimento o vírus da aids entre a população negra.

As declarações de Wright representaram uma queda de Obama nas pesquisas de popularidade.

Fonte: Estadão

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