O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 53, foi executado por fuzilamento às 15h30 deste sábado (17), horário de Brasília, na Indonésia.

A tia do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, condenado à pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia, Maria de Lourdes Archer Pinto, 61, disse que agora “só Deus” pode evitar a execução do sobrinho neste final de semana. Parente mais próxima dele, ela já está no país e deve vê-lo antes do fuzilamento.

“Quero que ele tenha certeza de que eu fiz tudo aquilo que pude e lutei para que não houvesse esse desfecho tão trágico”, afirmou. “Eu ainda tinha esperança de que a coisa pudesse mudar. Agora, só Deus”, disse Maria de Lourdes à Folha após o presidente da Indonésia, Joko Widodo, negar pedido de clemência da presidente Dilma Rousseff (PT).

“Tenho um lado pragmático que mostra que a Indonésia tem uma Constituição. Mas no meu raciocínio o presidente poderia ter expulsado o Marco. O presidente não é Deus para tirar a vida de alguém. O Marco pode ter errado, cumpriu 11 anos preso e não merece pagar com a vida. Ele [Widodo] se acha um Deus”, afirmou a tia dele.

O brasileiro foi condenado a morte em 2004, após tentar, um ano antes, entrar no país com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos de uma asa-delta. Se confirmada, será a primeira vez que um brasileiro será executado no exterior.

A morte se dá por fuzilamento e está marcada para as primeiras horas de domingo (18), pelo fuso de Jacarta –que está nove horas adiantada em relação a Brasília. A tia de Marco levará doce de leite para ele antes da execução. “Faria um apelo de joelhos, implorando para reverter essa situação” diz.

[b]Brasileiro fuzilado[/b]

A confirmação foi dada por Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral do país asiático. A execução ocorreu à 0h30 de domingo (18) pelo horário da Indonésia, dentro do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km da capital Jacarta.

A morte foi confirmada oficialmente à 0h45 no horário local (às 15h45 em Brasília).

Marco foi o primeiro cidadão brasileiro na história executado por pena de morte em tempos de paz.

Ele havia sido preso em 2003 e condenado em 2004 por tráfico de drogas. Além dele, outras cinco pessoas seriam executadas. Na véspera da morte, o brasileiro recebeu a visita da tia, Maria de Lourdes Archer Pinto, 61, e de dois funcionários da embaixada brasileira em Jacarta. A tia havia levado doce de leite e mel para o sobrinho.

Ela chorava muito desde o início da manhã, diante do fuzilamento iminente. “O Marco não merece isso.” Marco também chorou na despedida da tia e a “beijou muito”, disse Maria de Lourdes.

[img align=left width=500]http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/150179.jpeg[/img]

[b]PAPA[/b]

Diante da recusa do presidente da Indonésia, a gestão Dilma apresentou um dossiê à representação da Santa Sé no Brasil para pedir ao papa Francisco que interceda pelo cancelamento da execução.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, no entanto, já afirmou ser “improvável” que algo consiga evitar a morte de Marco, exceto “um milagre”.

Além do brasileiro, outros cinco condenados (sendo quatro estrangeiros) devem ser executados no domingo.

Dilma conseguiu falar com Widodo por telefone por volta das 8h. Além de Moreira, ela pediu clemência ainda para Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, também condenado à morte por tráfico de drogas e cuja execução está programada para fevereiro deste ano.

Segundo nota do Planalto, a presidente ressaltou, durante a ligação, “ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros”. Disse ainda “respeitar a soberania da Indonésia”, mas que, “como chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões humanitárias”.

O presidente Widodo disse que não poderia mudar a sentença porque todos os trâmites jurídicos foram seguidos.

[b]RELAÇÕES[/b]

A demora de mais de uma semana para que Widodo aceitasse falar com Dilma e a recusa da clemência jogam uma “sombra” nas relações entre os países, segundo avaliação do governo brasileiro.

O comércio do Brasil com a Indonésia representou só 0,1% da balança comercial brasileira no ano passado.

Mas, apesar de não fazer parte do rol de principais parceiros do Brasil, ambos têm um acordo de parceria estratégica firmado em 2008.

O Brasil exportou em 2014 para lá US$ 225,1 milhões e importou US$ 229,1 milhões, fechando a balança comercial com deficit. O Itamaraty diz que, desde 2006 a Vale explora e beneficia níquel na Indonésia, um dos maiores investimentos brasileiros na Ásia.

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

Comentários