Os cristãos palestinos boicotarão, em Belém, a celebração do Natal da Igreja Ortodoxa Grega, em protesto contra a decisão do patriarcado de vender e arrendar terras a israelenses nos territórios palestinos ocupados.

Com isso, a festa cristã desta vez não contará com o tradicional desfile de escoteiros e com as centenas de fiéis que, a cada 6 de janeiro, recebem o patriarca Teófilo III na fronteira com Israel.

O desfile de carros oficiais que receberá Teófilo será o menor possível, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, não participará da festa. Esta é a primeira vez em que um presidente palestino em liberdade se ausenta da celebração – antes, Yasser Arafat já havia sido impedido de comparecer por estar sitiado em Ramallah.

Em vez do almoço da comunidade ortodoxa que precede á Missa do Galo – os ortodoxos celebram o Natal em 7 de janeiro – haverá encontros separados, um com representantes da igreja e outro com autoridades palestinas.

“Faremos uma manifestação para exigir que Teófilo cumpra a lei, que deixe de entregar terra aos israelenses e que recupere os terrenos vendidos por patriarcas anteriores”, disse Elias Said, secretário-geral do Conselho de Organizações Ortodoxas da Palestina.

O órgão denunciou recentemente acessão, por 99 anos, de 7 hectares pertencentes ao patriarcado nos arredores de Belém para uma construtora israelense. Os palestinos acreditam que a terra arrendada será usada para ampliar uma colônia de judeus na Cisjordânia.

Em um duro comunicado, os representantes da comunidade palestina ortodoxa acusam o patriarcado de” judaizar” os territórios palestinos em troca de “trinta moedas de prata”.

O patriarcado diz que usar as terras, que Israel considera parte de Jerusalém, para construção é a única forma de evitar que sejam desapropriadas, e alega que só estão sendo arrendadas para que possam voltar ao controle cristão algum dia.

Fonte: Estadão

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