Segundo o sociólogo menonita e colunista do influente diário La Jornada, Carlos Martínez García, o despertar político dos evangélicos corresponde ao seu crescimento e considerável peso numérico na sociedade.

O que ocorreu com os evangélicos latino-americanos, que há uma década consideravam mundano tudo o que estava fora do âmbito religioso e que hoje lutam por intervir na política? Segundo o sociólogo menonita e colunista do influente diário La Jornada, Carlos Martínez García, esse despertar político corresponde ao seu crescimento e considerável peso numérico na sociedade.

Mas existem outras razões. Para Martínez, o que está aparecendo “são ambições pessoais que buscam os espaços partidaristas com maior possibilidades de obter prestígio e/ou benefícios materiais”. O sociólogo recorda que, em vários casos, os políticos estão dispostos a negociar apoios, acreditando, equivocadamente, que os líderes protestantes têm poder de influir no voto dos membros de suas igrejas.

“Agora vemos um ativismo político nas filas do protestantismo que, em alguns casos, alcança o mesmo zelo e vitalidade que demonstram em suas campanhas evangelísticas”, afirma Martínez. O pesquisador do Centro de Estudos do Protestantismo Mexicano agrega que no caso do México os três principais candidatos presidenciais, Andrés Manuel López Obrador, Felipe Calderón e Roberto Madrazo estenderam pontes à comunidade evangélica.

“Os políticos sabem que em certas regiões do país, o sul e sudeste, as igrejas evangélicas representam entre 15% e 20% da população”, anota o autor. Ele adverte que a postura atual dos evangélicos não é melhor do que a sua anterior ingenuidade política.

García afirma que diferentes cúpulas evangélicas não resistiram à tentação de “batizar” o seu respectivo candidato, tratando de justificar com linguagem religiosa, e até com as chamadas profecias, seu compromisso particular com algum dos aspirantes à presidência.

Martínez qualifica essa atitude como um tipo de “chantagem pseudo bíblica”, e assegura que, assim como na classe político-eleitoral, “no interior das lideranças evangélicas há reacomodações e todo tipo de saltos”, como o caso de dirigentes evangélicos que vão mudando de um partido a outro.

“Diferente de outros países do nosso continente, nos quais as leis permitem partidos políticos confessionais, e, portanto, os evangélicos trataram de canalizar seu peso populacional nas urnas, no México as preferências dos sufrágios se dispersam nas várias opções existentes”, indica.

O pesquisador em temas religiosos assegura que há dirigentes evangélicos que se atrevem a oferecer o voto evangélico ao seu político favorito. “Tal oferecimento é mero voluntarismo imaginativo, muita vontade de que as coisas sejam como eles gostariam que fossem, mas carece de bases sólidas e quantificáveis”, precisa.

Outro dado relevante na análise do autor é que a porção majoritária e mais pobre dentro do protestantismo está conformada pelas igrejas pentecostais, e as pesquisas indicam que os desfavorecidos economicamente manifestam-se favoráveis ao candidato esquerdista Andrés Manuel López Obrador.

Fonte: ALC

Comentários