O líder da seita “Jesus a Verdade que Marca” Cícero Vicente de Araújo, conhecido como “Pastor Araújo” pode ser preso a qualquer momento. O delegado seccional de Caxambu (MG), Luiz Fernando Alves vai pedir sua prisão preventiva com base na conclusão de nove inquéritos policiais.

Em oito desses inquéritos policiais, Araújo responde pelo crime de estelionato. O Rio Preto News conseguiu a seguinte declaração de um promotor de Justiça: “por trás disso (da seita) há outras coisas que não posso revelar”. Ele está investigando uma suspeita de lavagem de dinheiro realizado pelo líder da seita e outros dirigentes.

Fundado em 1998, em São Paulo, a comunidade é acusada de manter dezenas de pessoas em regime de trabalho escravo em várias fazendas localizadas em cidade mineiras. Em Mindurí, o movimento gerou revolta de moradores, depois que comprou diversos estabelecimentos comerciais, empregando apenas pessoas ligadas comunidade.

Nas fazendas, famílias inteiras trabalham sem receber salários, segundo denúncias levadas ao Ministério Público do Trabalho. Numa fiscalização realizada no ano passado, várias irregularidades trabalhistas foram confirmadas. Os dirigenetes foram orientados a registrar os funcionários e oferecer condições de trabalho dignas.

Segundo o promotor de Justiça de Andrelândia, Julio César Crivellari, as questões trabalhistas teriam sido regularizadas. Ele disse, no entanto que, outros problemas também foram encontrados na seita. Mas, mesmo com tantas denúncias, o representante do Ministério Público declara que “quanto aos maus tratos denunciados, nada ficou comprovado”.

Em entrevista ontem, Crivellari explicou que: “por trás disso há outras coisas que não posso revelar”, afirmou. Ele se referia às atividades ilegais do grupo. Sobre a forma de vida dos fiéis, que, em geral vivem isolados em fazendas do movimento religioso, o promotor afirmou: “é como se eles quisessem criar uma comunidade, um estilo de vida”.

Outra revelação do promotor Júlio César Crivellari, que confirma as denúncias, também revolta duas famílias de Rio Preto que tem pessoas ligadas à seita, é que: “os homens ficam isolados das mulheres”. Mesmo casais são separados, já que o “pastor Araújo” prega que a relação sexual só pode ocorrer para procriação.

CD misterioso

Segundo a agente policial Lísia Veiga da Rocha, a polícia conseguiu apreender esta semana, um CD com imagens e áudio que serão transcritos por peritos do Instituto de Criminalística: “nesta semana, vamos assistir ao CD para sabermos quais são os trechos de interesse policial”.

Lísia confirmou ao Rio Preto News, que diante de tudo o que foi apurado nos nove inquéritos policiais, “o delegado vai pedir mesmo a prisão preventiva do pastor Araújo”.

Segundo a policial, Araújo aparenta ser pessoa calma: “ele é educado, muito fino mesmo. Esteve aqui na delegacia, porém se negou a fazer qualquer declaração. Ele disse que só se manifesta em juízo”, disse Lísia.

Drama em família

Pelo menos duas pessoas de Rio Preto aguardam pela prisão de Cícero Vicente Araújo e seus auxiliares. Valdete Ferreira da Silva julga ter “perdido” nove membros de sua família.

Ela lamenta a ausência da filha Valéria Cristina de Souza, 38 anos, o genro Luiz Roberto Lourenço de Almeida, 48 anos, as netas Kátia Marques Poliani, 26 anos e Driele Karina de Souza Pereira, 24 anos, além de outro genro, Edmilson da Silva. Os netos José Lucas, 8 anos, Luana e Matheus, também foram levados pelo líderes da seita para uma fazenda de Caxambu (MG).

Dona Valdete disse ontem que, depois que os familiares foram embora com o “pastor Araújo”, em outubro do ano passado, “nunca mais os vi e nem falei”. Ela quer viajar para Minas Gerais com o objetivo de procurar pela família.

Outra que está em depressão por causa da seita criada por Araújo, é a empresária Leonor dos Santos Castelli. Ela diz que sua filha Priscila, 27 anos e seu neto de 8 anos, também seguiram as pessoas da seita e nunca mais fizeram contato, “eu não sei porque fizeram isso”, disse.

Fonte: Rio Preto News

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