O recente ataque que deixou 39 mortos na boate Reina, na Turquia, elevou o sinal de alerta às vésperas de uma das maiores procissões católicas do mundo.

Chamada de Translação, a procissão vai reunir nesta segunda (9) em Manila centenas de milhares de fieis (1,5 milhão no ano passado, segundo a polícia).

Descalços, para reproduzir o sofrimento de Cristo, eles seguem por 7 km uma réplica da estátua do Nazareno Negro, trazida do México a Manila em 1606 pelos colonizadores espanhóis e considerada milagrosa.

O trajeto costuma durar o dia inteiro.

A festa comemora a data em que a imagem foi transferida à igreja de Quiapo, onde está abrigada.

Do tamanho de um homem, a imagem do Cristo mulato, com um dos joelhos no chão, a coroa de espinhos e a cruz às costas foi esculpida em madeira escura e sobreviveu a dois incêndios, dois terremotos, enchentes provocadas por vários tufões e bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial.

Exército e polícia se preocupam com a concentração num momento em que católicos do país têm sido alvo de ataques de grupos islâmicos.

Na véspera de natal, 16 pessoas ficaram feridas em explosão numa igreja no sul do país, região em que se concentram grupos rebeldes.

O fato de que o atentado na boate Reina foi justificado como punição à celebração de cristãos intensificou as precauções.

As forças policiais filipinas temem também a retaliação do grupo rebelde Ansar Al-Khalifah, que se diz filiado ao Estado Islâmico.

Na manhã desta quinta (5), o governo matou Mohammed Jaafar Maguid, líder do grupo, e prendeu outros três militantes.

As Forças Armadas anunciaram o bloqueio de sinais de celular e a proibição de drones durante a procissão.

Nas 48 horas entre a manhã de domingo (8) e a de terça (10), só militares e policiais uniformizados terão permissão para portar armas.

Toda a rota da procissão e os arredores da igreja de Quiapo, que guarda a imagem, será considerada zona de exclusão aérea.

Além de reforço policial, que deve passar de 5.700 homens, a cidade vai deslocar 1.200 profissionais de saúde para atendimento de emergência.

Durante a procissão, os fiéis se atropelam para tocar a estátua, o que provoca acidentes e até mortes.

Os que não conseguem se aproximar o suficiente jogam pedaços de pano sobre a imagem e depois tentam recuperá-lo.

O calor tropical de Manila também eleva o número de desmaios.

Desde o começo do mês até o dia 10, são esperados 18 milhões de católicos na igreja de Quiapo. As filas para tocar a imagem duram até sete horas, segundo a paróquia, e a presença às missas aumentou 30% neste ano.

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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