Em 2000, 18,1% da população dizia seguir a algum tipo de religião pentecostal e hoje este número é de 8,6%.

Em 2000, 73,8% dos paraenses se diziam católicos e, agora, este número é de 63,7%. Uma diferença de 10,1%, quando a média nacional foi de 9%. Os dados são do estudo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado ontem, e que faz parte do Censo Demográfico 2010.

Segundo a pesquisa, o Pará também ficou acima da média em relação ao crescimento da população evangélica no Estado. Em 2000, 18,1% da população dizia seguir a algum tipo de religião pentecostal e hoje este número é de 8,6%. “Se particularizarmos para a Região Metropolitana de Belém, veremos que a população católica nessa área caiu de 70,4% para 60,4% e a evangélica subiu de 19,3% para 30,1%”, informou o analista de informação do IBGE no Pará, Marco Aurélio.

O técnico chamou atenção também para o crescimento do número de Espíritas, que, no Brasil, cresceu 0,7%. “Dois por cento da população brasileira segue o espiritismo”, atentou. No Pará, a população espírita corresponde a 0,5% da total do Estado. O número de pessoas que afirmam não seguir nenhuma religião subiu de 5,8% para 7% da população estadual.

Mesmo com dados significativos sobre o catolicismo, o estudo teve o caráter de apresentar o aumento da diversidade religiosa que existe no Brasil, sobretudo a expressão evangélica de origem pentecostal – que foi parte do objeto de estudo na pesquisa.

NAÇÃO

No Brasil, nos últimos 10 anos, a população de evangélicos pentecostais também aumentou. Ao mesmo tempo, diminuiu o número de católicos no país.

A pesquisa apontou que o Brasil, apesar de ser um país laico, ainda possui uma população majoritariamente católica, com 64,6% seguidores da religião. No entanto, a quantidade de evangélicos tem crescido e hoje eles representam 22,2% da população nacional. Os espíritas e as pessoas que não seguem nenhuma religião também apresentaram um crescimento significativo.

Em 2000, o número de brasileiros que se diziam católicos era de 140 milhões e hoje não atinge os 124 milhões. Já o número de evangélicos subiu de 26,2 para 42,3 milhões.

Ainda não se tem uma definição exata a que se deve essa oscilação entre os números. Sabe-se apenas que estes evangélicos são adeptos das igrejas pentecostais como Assembleia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, Deus é amor, Maranata, Nova e Universal.

IGREJAS

Para o pastor Cesar Pereira, da Assembleia de Deus, um dos motivos para o aumento da população evangélica pode ser a política missionária que a igreja segue. “São vários fatores que contribuem, inclusive de pessoas que buscam conhecimento através da nossa igreja”, relatou.

O padre Sebastião Fialho, que também é reitor da Igreja das Mercês, disse que não vai contestar os números do IBGE, mas considera importante levar em consideração o perfil de cada fiel, independente de sua religião. “O estudo do IBGE não está em questão, até porque foi feito por técnicos e profissionais formados. A Igreja Católica não perdeu tantos adeptos, o caso é que nem todas as pessoas que frequentam a nossa igreja estão engajadas em alguma pastoral”, atentou.

Ele não vê uma redução tão grande no número de fiéis. “Uma prova disso está na quantidade de pessoas que vão à missa no domingo ou em dias santos. As paróquias ficam lotadas”, ressaltou.

Outro motivo levantado pelos dois representantes religiosos se refere ao tipo de ritual desenvolvido em cada igreja. “O catolicismo não prega a prosperidade imediata e as pessoas são motivadas por isso, por questões sociais. Querem emprego porque estão sem trabalho, a cura de uma doença ou comprar uma casa. Para nós, a fé se fundamenta em Cristo, e não no imediatismo”, considera Fialho.

Sobre esta questão, o pastor Cesar reconhece que boa parte dos que entram para a sua igreja são pessoas que estão em dificuldades emocionais e até sociais. “Muitos vêm por problemas financeiros ou por causa de uma enfermidade. Mas, na busca por Deus, a palavra é acessível a qualquer ser humano. Vivemos um novo tempo onde as pessoas têm mais liberdade para adquirir conhecimento”, comentou.

Foi justamente a busca por uma nova forma de evangelizar que motivou o autônomo Elielson Cardoso, 50 anos, a sair da igreja católica e ingressar na igreja batista. Isto aconteceu no início do ano. “Toda a minha família é de formação católica, mas eu não me enquadrava mais na forma que o catolicismo prega o Evangelho e, agora, consigo viver a palavra de Deus de outra maneira”, comentou.

Questionado sobre como vai ser o primeiro Círio de Nazaré em outra igreja, Elielson acredita que a parte cultural da festa religiosa – de reunir a família para almoçar – deve permanecer. O padre Sebastião diz que isso denota o perfil da pessoa que acaba frequentando, de certa forma, duas igrejas, mas que se diz apenas de uma.

[b]Fonte: Diário do Pará[/b]

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