Os cristãos estão desde 2019 vivendo como exilados na Tailândia. (Foto: Reprodução/ChinaAid)
Os cristãos estão desde 2019 vivendo como exilados na Tailândia. (Foto: Reprodução/ChinaAid)

Na última quinta-feira (30), foi confirmado que a Imigração Tailandesa deteve 63 chineses membros da Igreja Mayflower. Os cristãos exilados aguardam um posicionamento do governo americano, e caso não haja interferência, serão enviados de volta à China, onde enfrentarão retaliação, abuso e prisão por falarem sobre a perseguição aos crentes no país.

Não é a primeira vez que a Santa Igreja Reformada de Shenzhen enfrenta perseguições, interrogatórios e prisões nas mãos do Partido Comunista Chinês (PCC). Na tentativa de escapar da opressão e praticar sua fé livremente, muitos cristãos se referem a eles como a Igreja Mayflower.

O pastor Pan Yongguang liderou seus membros para a Ilha de Jeju, Coreia do Sul, no final de 2019. Depois de esgotar suas opções legais no local, eles chegaram à Tailândia para solicitar o status de refugiados da ONU. Porém, permanecem lá desde agosto de 2022 sob a ameaça iminente de sequestro e repatriação internacional.

Se os pretendentes de asilo forem forçados a retornar à China, eles enfrentarão ameaças à sua segurança e serão acusados ​​de crimes infundados por capricho do PCC. Assim como podem sofrer punição por falsa confissão de qualquer crime.

Bob Fu, fundador e presidente da organização cristã ChinaAid, reitera a urgência da situação:

“Todos os membros da Igreja Mayflower foram detidos na Tailândia esta manhã. Na frente de dois americanos de Tyler, no Texas, mais de 20 policiais da Imigração Tailandesa invadiram o hotel onde os membros da Mayflower estavam hospedados”.

“O tempo é essencial. Antes que o governo chinês exija a repatriação, a comunidade internacional pode ajudar a evitar que essa tragédia aconteça”, informou ele.

De acordo com a AP News, os exilados que foram detidos na Tailândia pagaram multas por ultrapassar a validade dos vistos. Eles permanecem incertos sobre seu status legal em meio a temores de serem deportados contra sua vontade para seu país de origem.

Deana Brown, CEO da Freedom Seekers International, com sede no Texas, uma organização que busca resgatar “os cristãos mais severamente perseguidos em países hostis e restritivos”, disse que quando o grupo procurou renovar seus vistos, eles foram informados de que havia uma nova exigência de que qualquer cidadão chinês que renovasse um visto na Tailândia deveria se apresentar primeiro à Embaixada da China.

Portanto, os vistos já haviam se expirado há vários meses.

“Sabíamos que assim que eles entrassem na Embaixada da China eles iam embora, nós não os veríamos novamente. Eles estão se escondendo”, disse ela.

Deana tem acompanhado o caso dos fiéis, ela e outra americana, uma enfermeira, foram detidas pela polícia porque estavam com os membros da igreja.

Segundo a AP News, Deana informou que um tribunal na cidade de Pattaya, para onde o grupo foi levado, os libertou para retornarem ao local em que estavam hospedados.

Ela contou que planejava ir a uma delegacia local para recuperar seus passaportes, que foram apreendidos quando foram detidos.

No entanto, um inspetor da Polícia de Imigração disse que o grupo seria levado a Bangkok — capital da Tailândia — para ser processado por violação da lei de imigração, o que ele afirmou ser um procedimento normal.

Em seguida, o grupo foi colocado em dois ônibus que os levaram ao escritório de imigração da polícia local e depois seguiram para Bangkok.

O coronel Tawee Kutthalaeng, chefe da delegacia de polícia de Nong Prue, na área de Pattaya, disse que 32 membros adultos do grupo foram acusados ​​de ultrapassar a validade de seus vistos.

A Embaixada dos EUA disse que não tinha comentários imediatos sobre o caso, pois a seção de imprensa da Embaixada da China em Bangcoc não respondeu ao telefone e e-mail.

Ao chegarem à Tailândia em 2022, os membros da igreja relataram que foram perseguidos, assediados e ameaçados, mesmo enquanto estavam na Coreia do Sul. Eles afirmaram que parentes na China foram convocados, interrogados e intimidados.

Na época, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que o assunto “não era uma questão diplomática” e se recusou a comentar mais.

Na China, os cristãos só têm permissão legal para adorar em igrejas afiliadas a grupos religiosos controlados pelo Partido Comunista, que exige apoio ao seu governo e seus objetivos políticos.

Mas por décadas as autoridades toleraram amplamente “igrejas domésticas” independentes e não registradas.

Entretanto, nos últimos anos, as igrejas domésticas estão sob forte pressão, e muitas delas foram fechadas.

Em 2015, a Tailândia enviou 109 membros da minoria muçulmana uigure de volta à China contra sua vontade, mesmo sabendo que enfrentariam perseguição oficial e possível tortura.

A agência de refugiados da ONU declarou que a ação foi “uma violação flagrante do direito internacional”, e afirmou que os Estados Unidos também condenaram as deportações.

A China é uma das 15 nações que a Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA recomendou em seu relatório anual no ano passado a ser designada como “países de preocupação particular” para a repressão de grupos religiosos.

Fonte: Guia-me com informações de ChinaAid

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