Os abusos sexuais cometidos contra crianças por sacedotes irlandeses, acobertados pela hierarquia da Igreja, na época, são “atos particularmente odiosos”, disse nesta segunda-feira o número dois do Vaticano, Tarcisio Bertone, durante recepção a bispos irlandeses, antes de sua audiência com o Papa ainda hoje.

Segundo o cardeal brasileiro Claudio Hummes, prefeito da congregação para o clero, os padres pedófilos devem ser castigados, inclusive pela justiça comum.

Bento XVI convocou os bispos da Irlanda para esta segunda e terça-feira, com o objetivo de tentar restabelecer a confiança dos fiéis desse país.

No dia 11 de dezembro passado, em audiência com o cardeal Sean Brady, primaz da Igreja da Irlanda, o Papa Bento XVI havia qualificado os abusos de “crimes abomináveis”.

O escândalo provocou a renúncia de quatro bispos.

O Papa havia também anunciado que, chegado o momento, publicaria uma carta pastoral sobre o assunto e essa poderá ser divulgada ao término do encontro com os bispos irlandeses.

“Suas comunidades estão vivendo uma dura prova, uma vez que alguns clérigos estão envolvidos em atos particularmente odiosos”, disse o cardeal Beltrone nesta segunda-feira durante homilia da missa celebrada no Vaticano junto com o episcopado irlandês.

“Infelizmente, em várias ocasiões, certos membros da Igreja católica violaram os direitos das crianças”, comentou o Papa, antes do encontro. “Um comportamento que a Igreja lamenta e continuará lamentando e condenando”, acrescentou.

Bento XVI, que reiterou na semana passada a oposição da Igreja Católica às leis a favor dos homossexuais, assegurou em seu discurso que “a família, fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher, é a maior ajuda que se pode oferecer às crianças”.

Vários escândalos com sacerdotes pedófilos apareceram nos últimos anos em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, onde em 2002 foi descoberto que entre 4 e 5 mil sacerdotes abusaram sexualmente de 14 mil crianças e adolescentes durante décadas.

O Papa deve entregar aos bispos irlandeses uma Carta Pastoral, parecida com a que foi entregue para a Igreja norte-americana em 2002, após o grave escândalo de abusos sexuais no país.

Nela, indicará “claramente as medidas que serão tomadas” devido à grave situação, segundo adianta a imprensa italiana.

Um informe elaborado por uma comissão presidida pela juíza Yvonne Murphy concluiu em novembro, após três anos de investigações, que os responsáveis pela arquidiocese de Dublin protegeram os autores dos abusos e não os denunciaram à polícia por mais três décadas.

Fonte: AFP

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