Uma advogada diz ter sido discriminada e que sofrido assédio moral pela chefe, por ser adepta da umbanda, religião de matriz africana, na empresa de telefonia em que trabalhava, em Salvador. Ela diz que foi demitida após entrar em depressão e processou a empresa após gravar áudios com a suspeita. Esse é um dos 36 casos de intolerância religiosa registrados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) desde janeiro de 2017.
A mulher não quis se identificar, mas contou que por um ano e meio foi discriminada no trabalho. As agressões, segundo ela, começaram desde que uma chefe assumiu o cargo e só terminaram quando ela foi demitida.
“Umas vezes eu pedia para… sexta-feira, a gente tem a possibilidade de usar banco de horas para sair uma hora mais cedo. Ai, ela me perguntava: ‘Você vai bater tambor?’. E aí eu percebi que tinha um caráter preconceituoso nisso”, destacou, em entrevista à TV Bahia.
A funcionária é umbandista há cinco anos e diz que, quando percebeu que a religião era o motivo do assédio, decidiu gravar áudios de conversas com a chefe para embasar a denúncia. Em uma das conversas, a advogada diz: “Jure pela sua mãe que você não falou que macumba não dura para sempre, que você estava se aliando a uma pessoa errada. Jure!”. A chefe responde: “Eu falei. Eu juro que isso aconteceu!”.
Com o tempo, segundo a advogada, veio a depressão, e ela desenvolveu a Síndrome de Burnout, relacionada ao esgotamento psicológico. Ela disse que quando estava em meio ao tratamento para tentar se recuperar, acabou sendo demitida da empresa e, então, decidiu mover o processo.
A empresa que é alvo da denúncia da funcionária é a Vivo. Por meio de nota, a assessoria disse que a empresa não comenta processos em andamento. A assessoria destacou, ainda, que a empresa segue uma política de respeito a todas as religiões.
[b]Casos[/b]
Em 2016, o Ministério Público registrou 65 casos de intolerância religiosa. Em 2017, desde o início do ano, já são 36 casos. “Esse tipo de atitude vai desde uma ofensa verbal até mesmo tentativa de homicídio. Há casos graves de tentativas de homicídios, de lesão corporal, de invasão de domicílio, tudo motivado pelo ódio religioso”, destaca a promotora do MP.
[b]Fonte: G1[/b]