A declaração de apoio do ex-governador do Rio, o evangélico Anthony Garotinho e de sua mulher, a governadora e também evangélica, Rosinha Matheus, a Geraldo Alckmin no segundo turno da eleição provocou deserções e críticas ao tucano.
Desde que o casal Garotinho anunciou seu apoio, na terça-feira (3), várias lideranças de partidos manifestaram seu descontentamento ou anunciaram rompimento com a candidatura Alckmin. Nesse caso estão a candidata ao governo do Rio pelo PPS, Denise Frossard, e o prefeito da capital carioca, César Maia (PFL).
Frossard anunciou nesta quarta-feira (4) rompimento com a candidatura tucana e disse que faria campanha pelo voto nulo no segundo turno. “O Alckmin não gosta do Rio, definitivamente. Constatei isso ontem (terça-feira). Retiro o meu apoio a ele, que agora não está mais autorizado a usar a minha imagem”, afirmou.
Também nesta quarta, o prefeito Cesar Maia declarou que seu partido, coligado com o PSDB em nível nacional, vai recomendar o voto ao candidato tuicano, mas não vai participar da campanha no Rio. ”Não dá para andar junto com o Garotinho no Rio. Fazer isso é tomar vaia”, disse.
Segundo o prefeito do Rio, o tucano cometeu um grave erro ao posar para fotos com Garotinho e a mulher dele, a governadora do Rio Rosinha. Para Maia, a imagem tira votos do tucano e ainda invalida o discurso da ética. “Só pode dar curto-circuito”, afirmou.
Maia disse que não foi consultado sobre a visita de Garotinho a Alckmin na terça-feira e disse que foi pego de surpresa. Ele afirmou que Alckmin teve um bom desempenho no interior, e não precisa de Garotinho. “Quando o político vai na direção que não é a do seu eleitor, vai sozinho”, disse o prefeito, fazendo referência à boa votação de Alckmin na capital e em Niterói, município do Rio de Janeiro, onde Garotinho, segundo ele, é impopular.
Outro insatisfeito foi o senador eleito por Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ele disse que se estivesse no lugar do candidato tucano à Presidência da República, não aceitaria o apoio do ex-governador do Rio de Janeiro.
“Essa história de que todo apoio é bem-vindo não é verdade”, disse Jarbas, ao justificar que Garotinho teve um comportamento inadequado dentro do PMDB. “Fomos frontalmente contrários à candidatura dele” referindo-se à pré-candidatura de Garotinho dentro do partido, visando à disputa presidencial deste ano. “Eu já via como um desastre (naquela época) Garotinho indo para o segundo turno de uma eleição presidencial”, acrescentou.
O governador reeleito de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB) também viu com reserva o apoio do casal Garotinho à candidatura de Alckmin. Para ele, o apoio do ex-governador Anthony Garotinho é bom, mas desde que não haja perda de apoio de outras lideranças do Rio de Janeiro.
Ottomar Pinto comentou a retirada do apoio da candidata ao governo do Rio de Janeiro Denise Frossard (PPS), e disse que a estratégia tucana para o segundo turno deve levar em conta a “aritmética”.
“Eu não diria que (o apoio de Garotinho a Alckmin) é um apoio tranqüilo, mas é sempre um apoio”, afirmou. “Sempre acrescenta algo desde que não tire muito. Porque aí, se o (prefeito do Rio) Cesar Maia sair, se a Denise Frossard sair, uma questão dessas é meramente de aritmética. É claro que Frossard mais Cesar Maia é maior do que Garotinho.”
Se, segundo Ottomar, Garotinho é ” um político controvertido”, o governador diz que não é o caso de se renegar o apoio do político fluminense. “Garotinho estava lá, se oferecendo. Ninguém pode deixar de aceitar”, afirmou.
“Depois, política não só se faz com anjos, arcanjos, querubins e serafins. Faz com todo mundo.” Ottomar Pinto negou, contudo, que estivesse se referindo a Garotinho como “demônio”. “Ao contrário, ele é evangélico. É um homem de Deus.”
Fonte: G1