Pela primeira vez em 400 anos, um alto representante do Vaticano vai rezar no domingo 15 de fevereiro em uma basílica de Roma uma missa em memória do astrônomo Galileu Galilei, condenado pela Inquisição e reabilitado pela Igreja 350 anos após sua morte.
Trata-se do arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, que vai presidir o culto na basílica de Santa Maria degli Angeli, da capital italiana, segundo uma nota da Federação Mundial de Cientistas (WFS, na sigla em inglês), divulgada ontem pelo Vaticano.
Segundo a WFS, vários cientistas vão assistir à missa, entre eles um grupo de pesquisadores chineses, que doarão uma estátua em bronze de Galileu feita por um artista chinês.
Por causa do Ano da Astronomia, comemorado pelas Nações Unidas lembrando os 400 anos dos primeiros descobrimentos astronômicos, o Vaticano vai ressaltar a figura de Galileu (Pisa 1564-Florença 1647).
Entre outras, destaca um Congresso Internacional sobre a figura do cientista que será realizada em Florença (centro norte da Itália) de 26 a 30 de maio próximo.
O Vaticano considera que após a reabilitação de Galileu Galilei por João Paulo II em 1992 os tempos “estão maduros” para uma nova revisão de sua figura, “a quem a Igreja deseja honrar”, segundo disse recentemente o arcebispo Ravasi.
Segundo Ravasi, este ano da Astronomia representa para a Santa Sé uma grande ocasião de aprofundamento e diálogo sobre a astronomia e a figura do astrônomo toscano.
“Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então pouco conhecido, ampliando os confins de nosso conhecimento e obrigando a reler o livro da natureza sob um novo olhar. A Igreja deseja honrar a figura de Galileu, genial inovador e filho da Igreja”, ressaltou Ravasi.
Por ocasião destas comemorações, o Vaticano reeditará as atas do processo de Galileu Galilei para lembrar que o papa Urbano VIII nunca assinou a condenação da Inquisição do cientista italiano, segundo disse recentemente Ravasi.
Galileu Galilei foi condenado pela Inquisição por ter aderido à teoria de Copérnico, que sustentava que era o Sol, e não a Terra, o centro do Universo, ao contrário do que se pensava em sua época.
No dia 31 de outubro de 1992, aos 350 anos de sua morte, João Paulo II o reabilitou solenemente e criticou os erros dos teólogos da época que deram fé a tal condenação, sem desqualificar expressamente o tribunal que o sentenciou.
Fonte: EFE