Quinze filhos de famílias polígamas falaram publicamente pela primeira vez neste sábado sobre o seu estilo de vida, num encontro em Utah, nos EUA. Elas pediram mais compreensão.

“Sou o 14o filho de uma grande família e tenho diversas mães”, disse Mary, de 18 anos. “Todas as minhas mães me amam”.

Usando apenas os seus primeiros nomes para protegerem suas famílias, 15 jovens com idades de 10 a 20 anos falaram em uma reunião a favor da poligamia no centro de SaltLake City, da qual participaram de 200 a 300 pessoas.

“Não vim aqui hoje pedir permissão para viver de acordo com o que acredito. Não tenho que fazer isso. Vim aqui para defender um princípio”, disse Tyler, de 19 anos. Os organizadores do encontro realizado hoje afirmam que famílias plurais historicamente evitaram chamar a atenção sobre si mesmas, por medo de serem levadas à Justiça e de serem ridicularizadas. A poligamia é ilegal em todos os Estados Unidos, mas pesquisadores estimam que haja mais de 30 mil polígamos praticantes no Estado de Utah.

“Houve tanta publicidade negativa sobre o estilo de vida polígamo que sentimos que estava na hora de apresentar o outro lado da história”, disse Anne Wilde, porta-voz do grupo de defesa da poligamia Principal Voices.

“Não acho que sirva para todos, mas também acho que deve ser uma escolha livre e o que gostaríamos de ver é direitos civis iguais, de forma que as pessoas não percam seus empregos ou sejam banidas por qualquer razão”.

Sarah, de dez anos, disse para a multidão barulhenta que ela faz o seu dever de casa mais rápido porque tem a ajuda de “muitos irmãos e irmãs”. Jessica, de 17 anos, disse que suas dezenas de irm ãos são seus melhores amigos. “Não sofremos lavagem cerebral e não somos mal tratados, negligenciados, mal nutridos, analfabetos, defeituosos ou disfuncionais”, disse ela.

Katherine, de 16, disse que espera se tornar um dia advogada para “lutar pelos direitos dos outros”. Depois da reunião, a mãe de Katherine, Rachel, disse em entrevista que quando ela foi criada na poligamia existia muito menos abertura.

“É muito histórico. Estou muito orgulhosa porque a geração mais jovem está se apresentando e dizendo o que acredita”, disse Rachel, que tem três “esposas-irmãs”. “Acho que o que a próxima geração está dizendo é ‘não vou mais me esconder, não quero viver com medo, como viveram meus pais”.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com sede em Utah, parou com a prática da poligamia em 1890, como condição para que o território se tornasse um Estado. Agora a igreja excomunga quem praticar a poligamia, mas vários grupos dissidentes ainda a praticam.

Fonte: Reuters

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