A Igreja Anglicana da Inglaterra votou neste sábado pelo ordenamento de mulheres como bispas, um grande passo na liberalização de uma religião que enfrenta divisões na questão do homossexualismo. No entanto, ainda pode levar anos para a primeira nomeação de uma bispa.
A Igreja inglesa tem ordenado mulheres para conduzir a eucaristia há uma década, assim como os padres da Igreja Católica, sendo que entre cada seis pessoas ordenadas uma é do sexo feminino. No entanto, a igreja mantinha a proibição para que as mulheres ascendam ao cargo de bispa.
No seu sínodo (assembléia regular paroquial) na cidade de York, no Norte do país, três “casas” do laicato, padres e bispos votaram majoritariamente a favor de um pedido que declara a ordenação de mulheres para o bispado compatível com os ensinamentos da Igreja.
“Isso significa que é consonante com a fé”, disse um porta-voz do sínodo. Entretanto, apesar de a votação resolver uma questão teológica, a Igreja deve ainda reformar as suas regras, um processo que exige dois terços da votação total e que pode levar anos.
A junta eclesiástica considerou como “teologicamente aceitável” o conceito de mulher bispo, após um debate de duas horas e meia aberto pelo arcebispo de York, John Sentamu, informaram fontes religiosas.
Um total de 288 membros do sínodo apoiou o pedido de Sentamu de acolher a proposta de aceitação das mulheres ao episcopado, por “estar de acordo com a fé da Igreja”.
Entre os bispos, 31 votaram pela proposta, frente a nove que se disseram contrários; entre o baixo clero, 134 apoiaram a medida, frente a 42 que a rejeitaram; entre os laicos, 123 a aceitaram, contra 68 membros que a rejeitaram.
Sentamu havia pedido ao sínodo, reunido na Universidade de York, que aceitasse as propostas, e “explorasse” a história deste assunto controverso. “Devo render tributo às mulheres anglicanas, que foram submetidas a todo tipo de prova durante quase 90 anos. Mantiveram a fé e foram leais à Igreja da Inglaterra”, disse o arcebispo de York, que admitiu que a proposta não seria aceita pela Igreja Católica.
O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, primaz da Igreja da Inglaterra, pedirá ao sínodo que apóie a formação de um grupo que trabalhe na redação de uma proposta sobre os passos a seguir para suprimir os obstáculos à ordenação de mulheres bispos.
Segundo os analistas, o debate deste sábado pode ser o começo da aceitação de mulheres bispos, possivelmente para o ano 2012.
Anglicanos de Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia já têm bispas. As igrejas anglicanas em países em desenvolvimento não permitem que as mulheres conduzam a eucaristia.
A Igreja da Inglaterra ordenou mulheres pela primeira vez no sacerdócio em 1994.
Fonte: Reuters e Folha Online